Edição de domingo, 24 de julho de 2011
Alex Costa // Especial para O Poti //alexcosta.rn@dabr.com.br
Um dos principais cartões-postais da cidade, a praia de Ponta Negra já viveu dias mais memoráveis. "Faltam eventos, falta infraestrutura, falta tudo". As palavras do comerciante e barraqueiro Francisco Canindé, 57, mais conhecido por Seu Chico, tendem a refletir a imagem da orla com pouco movimento. Há seis anos trabalhando no local, Seu Chico afirma que ano após ano vem observando uma queda no número de turistas, principalmente estrangeiros.
De fato, o incremento do número de visitantes em 2010 se deu pela procura 13,77% maior de turistas brasileiros - que somaram 1,52 milhão de visitantes, respondendo por 92,69% dos turistas que vieram à capital potiguar. Esse número já havia crescido 10,37% em 2009. Enquanto isso, o número de estrangeiros vem caindo rapidamente. Em 2009, efeito da crise econômica que assolou a Europa, Natal recebeu minguados 131.303 estrangeiros, uma queda de 24,12% em relação ao ano de 2008. No ano passado, esse número caiu para 120.591 visitantes (redução de 8,16%) chegando a uma participação de apenas 7,31% do total de turistas.
Mesmo sem números oficiais, comerciantes sentem a diminuição do número de turistas, reflexo da competição com outros destinos Foto:Fábio Cortez/DN/D.A Press
Segundo os comerciantes e vendedores, a ausência dos sotaques regionais e línguas gringas são notáveis este ano. "Compramos em menor volume, pois estamos vendendo em menor quantidade", afirmou o lojista da orla de Ponta Negra, Luiz Augusto, 37.
"A coisa está tão feia que nós só abrimos os guarda-sóis nos finais de semana ou em dias muito ensolarados. Os meses de junho e julho também não foram muito amigáveis para o turismo numa cidade conhecida pelo sol. Tem chovido muito e não tem muito mais o que fazer aqui, senão desfrutar da praia", argumentou Rosário Silva, 36, vendedora em um quiosque há 10 anos.
Os comerciantes reclamam em termos gerais da falta de banheiros e espaços bancários, além dos esgotos, que são os principais motivos de reclamação dos turistas. "Se chegam na barraca, perguntam onde tem tal coisa e eu digo que não tem, como as pessoas vão encarar essa carência?", questiona Rosário.
"É certo que se eles vêm aqui uma vez e vêem todo esse desmantelo, não vão querer voltar nunca mais", afirmou Seu Chico, citando os trechos da praia que sofrem com o esgoto a céu aberto, cujo mau cheiro espanta os clientes e repugnam os turistas. De acordo com o comerciante, a queda foi drástica em comparação com o mesmo período de 2009, e no ano passado os reflexos da falta de propaganda e de infraestrutura já começaram a demonstrar o início da queda e da baixa procura do destino.
Os bugueiros também notaram a queda na procura pelos passeios pelo litoral e pelas dunas. De acordo com Marcos Farias, nunca se ouviu falar de um ano tão ruim para o negócio. "Ainda conseguimos nos destacar porque sabemos vender o nosso peixe, e damos garantia do serviço que oferecemos", frisou. "Acontece que a malha viária da nossa cidade é muito pobre: buracos, lama em estradas que servem para guiar os turistas. Como mostrar a cidade e as suas belezas se ela não está bem cuidada?", completa.
Marcos disse ter ouvido comentários negativos dos turistas brasileiros que já levou em seu veículo e não titubeou em dizer: "A vergonha que a gente fica é muito grande, porque contradiz em muito os reclames feitos sobre a cidade. Falta melhorar muita coisa", afirmou o bugueiro.
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Após fechar o ano de 2010 com a marca de 1,65 milhão de turistas nacionais e estrangeiros e apresentar um crescimento de 11,81% em relação a 2009, Natal parece ter entrado em uma escala decrescente em relação ao número de visitantes. As estatísticas do primeiro semestre de 2011 ainda não são conhecidas, mas quem lida diariamente com a atividade tem sentido no bolso a diminuição significativa dos visitantes.
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