O sistema de disposição oceânica de Salvador, mais conhecido como emissário submarino, vem gerando a insatisfação para os ambientalistas e os moradores da Boca do Rio. As diversas mobilizações realizadas por esta comunidade, fizeram com que o início da construção, prevista para 2008, fosse adiado e o projeto inicial revisado pelo atual governo.
Com base no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador (PDDU), o emissário possuirá 3648 metros de extensão e deverá atingir a profundidade de 45 metros. . A tubulação irá percorrer , subterraneamente, a Avenida Jorge Amado, em direção a Praia dos Artistas (Corsário); a extensão terrestre é de 1,5 Km e 3,6 Km submarino.
O sociólogo Agnaldo Neiva, membro do Comitê de Luta e Defesa da Praia dos Artistas, afirma que são vários os argumentos que fazem à população reprovar a obra. “não se admite mais, que esgotos produzidos a centenas de quilômetros, tenham que ser bombeados e trazidos para grandes estações centrais, para serem parcialmente tratados e jogados a quilômetro de distância do mar”.
O comitê argumenta que os dejetos jogados no esgoto, fazem disseminar produtos químicos que não serão devidamente tratados pela Estação de Condicionamento Prévio, que está sendo pensada para ser construída no Parque Metroplitano de Pituaçú. - É muito para a nossa cabeça, construir emissários desconsiderando o meio ambiente, desqualificando o que está preservado, dizendo que não tem valor ambiental”.
Segundo o sociólogo, essa tecnologia de lançar esgoto ao mar é ultrapssada no mundo inteiro, um outro problema apontado é que a construção desse projeto é desnecessária, já que existe o emissário do Rio Vermelho, que tem a capacidad até 2014. Acrescenta: ” A EMBASA vem enganando à todos para construir um empreendimento gigantesco e endividar toda a população da cidade durante 18 anos, que é o tempo previsto para a concessão”.
Além de ser um espaço de lazer, a Praia dos Artistas, na década de 60 e 70, haviam muitos luais, festa e manifestações culturais. Era o período da Ditadura Militar. Foi palco do primeiro top lessdo país e dos artistas da Tropicália, como Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Baby Consuelo, Capinam, dentre outros. Atualmente a praia se tornou um espaço de sociabilidade para as comunidades da Boca do Rio e adjacências.
Com base no PDDU, a tubulação do emissário também irá passar pelas dunas da praia, ocupando o local das barracas, até chegar ao mar. Os donos há mais de trinta anos, se sentem ameaçados. O funcionamento dessas barracas garante emprego, preservação ambiental e cultural para a comunidade. Aloísio Sky, proprietário da rústica barraca Maria Sem Vergonha , atua firmemente na luta contra o emissário, intervindo junto à comunidade nas ações mobilizadoras. ” A nossa história precisa ser preservada e respeiatada como patrimônio” - disse ele.
O engenheiro Luiz Roberto Moraes, professor do Departamento de Engenharia Sanitária da Universidade Federal da Bahia, defende que a questão não é ser apenas contr à construção de um novo emissário, o maior problema é a falta de transparência do projeto. Questiona, “Será que vivemos em um país com tantos recursos assim, a ponto de gastarmos com obras desnecessárias, quando temos problemas mais urgentes de saneamento na periferia de Salvador?
Segundo Francisco de Oliveira, supervisor ambiental da sede da EMBASA, na Boca do Rio, a obra trará vários benefícios para a população de Salvador: a ampliação da vida útil do sistema de esgoto da cidade, a melhora expressiva da qualidade das àguas dos mananciais e a melhoria das condições de vida e habitação.
Segundo Francisco, será desmatada 1,2 hectare de vegetação, em relação aos questionamentos da comunidade, ele garante que os barraqueiros serão indenizados e sobre os impactos ambientais, afirma “Antes do esgoto ser devolvido ao meio ambiente, será devidamente tratado para que o corpo receptor não venha a ser afetado”.
Embora, menos constante no roteiro dos baianos, a para contínua sendo um lugar aprazível, os frequentadores não são mais os artistas da década de 60, mas o espírito de militância permanece através da presença de líderes comunitários, órgãos ambientais e moradores, que contra o projeto, lutam para manter viva a história desse lugar.
4 comentários:
Afinal de contas... aquele esgoto vai continuar a céu aberto?
Amanda...aquele esgoto é o Rio das Pedras...o Nosso rio das Pedras, um rio que dá nome a comunidade, um rio que está vivo apesar do esgoto, ele tem que ser despoluído.
lembremos...com tratamento de esgoto se despolui os rios e não se precisa de emissário jogando esgoto sem tratamento no mar.
O aquecimento global reflete a incoerencia e a estupidez de nós humanos que nos preocupamos mais com nossa conta bancária que com o futuro dos nossos filhos e netos. Viva a estupidez humana!
Oi Soraia,
espero que essa turma atentem para o futuro (deles mesmos inclusive) a tempo!
abraços
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