Portal Copa 2014 - 20/ago/2010
por Rafael Massimino, de São Paulo
Tribunal de Contas da União vê potencial de elefantes brancos em Natal, Cuiabá, Brasília e Manaus
O Tribunal de Contas da União (TCU) alerta que ao menos quatro dos 12 estádios que serão construídos ou reformados para a Copa de 2014 podem se tornar elefantes brancos após o evento.
Relatório preparado em julho passado aponta que as arenas de Brasília (Mané Garrincha), Cuiabá (Verdão), Manaus (Arena Amazônia) e Natal (Estádio das Dunas), "locais com pouca tradição no futebol", dificilmente cobrirão os custos de manutenção depois da Copa.
As quatro obras serão bancadas com recursos estaduais. Somadas, chegam a R$ 1,94 bilhão. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) pode financiar até 75% desse valor, com juros abaixo do oferecido ao mercado, através da linha PróCopa Arenas, lançada em 2009.
"Em quatro cidades-sede observa-se que o risco da rentabilidade gerada pela arena não cobrir seus custos de manutenção é grande, tendo em vista o indicativo de que o faturamento seria insuficiente para propiciar adequado retorno ao investimento projetado, principalmente por serem locais com pouca tradição no futebol", diz trecho do documento.
Grupo de risco
Para identificar o risco da construção de elefantes brancos, o TCU dividiu as sedes em três grupos. No primeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio e São Paulo, com público pagante e valor de ingresso altos, estão fora do grupo de risco. Também o grupo intermediário, com Curitiba, Fortaleza, Recife e Salvador tem chance de recuperar o investimento.
Segundo o tribunal, somente o grupo três, formado por Brasília, Cuiabá, Manaus e Natal corre o risco de construir elefantes brancos. Estas cidades recebem uma média de 800 a quatro mil pagantes por jogo, com ingressos em torno de R$ 4 a R$ 13. Para a Copa, construirão estádios com mais de 40 mil assentos.
"Observa-se, portanto, que o risco associado à construção de 'elefantes-brancos' nas quatro cidades do
Grupo 3 pode ser considerado alto", diz o relatório.
Alternativas
O tribunal também ressalta que, apesar do baixo público pagante, os custos de construção por assento dos estádios de Brasília, Cuiabá e Manaus estão entre os seis maiores da Copa.
O caso mais grave é o de Brasília, de acordo com o TCU, já que a capital não possui clubes de expressão, número expressivo de torcedores nem títulos nacionais de relevo. Mesmo assim, construirá um estádio para 70 mil pessoas ao custo de R$ 696 milhões –superado apenas pela reforma do Maracanã (R$ 705 milhões).
O comitê do Distrito Federal defende a construção do estádio com o argumento de que será um equipamento multiuso, ideal para a captação de shows internacionais. Brasília também pleiteia a abertura da Copa.
Diversificação também é a palavra-chave das outras três sedes. As alternativas ao futebol vão desde o uso como centro de convenções e universidade, em Cuiabá, até como palco de eventos carnavalescos, em Manaus.
Solução mais concreta será adotada no Estádio das Dunas e no Verdão, que terão sistemas que permitirão a redução de 10% e 23% dos assentos, respectivamente, depois da Copa.
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