Caro Sr. João FernandesSecretaria de Estado do Turismo - SETUR/RN - Chefe de Gabinete
Agradeçemos pela pronta resposta, usual atenção e pelas providências que a SETUR poderá tomar para evitar esse lamentável equívoco que é a implantação do Emissário Submarino da Barreira do Inferno (sugiro a imediata renomeação deste Emissário, para não prejudicar ainda mais - e de forma direta - a já combalida e desrespeitada praia de Ponta Negra!).
Contem com a AMEPONTANEGRA e com o empenho pessoal de seu atual Presidente, no caso eu, que, na condição de Geólogo, com Mestrado em Geologia de Reservatórios (especializado em aqüíferos) e especialização em Dinâmica Costeira do Nordeste do Brasil, não posso ser considerado um leigo (tenho em meu currículo 7 trabalhos publicados, que versam sobre a dinâmica costeira da Lagoa Guaraíras, da Ponta do Tubarão, dos recifes costeiros do litoral Leste do RN, das dunas de Paracuru [CE]; além de vários outros sobre assuntos correlatos).
Queremos aproveitar a oportunidade para reafirmar que a AMEPONTANEGRA não é contra o Emissário Submarino. Só mantemos a convicção de que ele não pode ser construído, sem a garantia de que a Estação de Tratamento Terciário dos Esgotos seja incorporada ao Projeto; como aliás, até poucos meses atrás, a própria CAERN nos fez crer que faria! Mudou de idéia, porém se esqueceu de avisar a Sociedade, a quem ela presta contas - ou deveria!
O tratamento terciário visa eliminar os agentes patogênicos tais como: coliformes fecais, além de vírus e bactérias das mais variadas formas e graus de malignidade, etc.
A quantidade de coliformes fecais que o projeto atual do emissário da CAERN prevê serem laçados ao mar é - até onde pudemos nos informar - da ordem de 70.000 coliformes por 100 ml de efluentes!!! Isso é inconcebível e inaceitável!
Além do óbvio dano ambiental e risco a balneabilidade de todas as praias ao Norte da Barreira do Inferno, soma-se efeito mais danoso de todos: o impacto pscicológico.
Queremos aqui lembrar que Ipanema - até então musa inspiradora da Bossa Nova - nunca mais teve suas belezas cantadas em prosa e verso, após a inauguração do Emissário Submarino de Esgotos, isso em meados da década de 70.
Não custa lembrar que esse fato (os efeitos nocivos do Emissário) pode e certamente será tornado público a nível nacional, quiçá até internacional, para o deleite dos inimigos-de-plantão da cidade e pelos destinos turísticos que fazem concorrência a Natal.
Esse fato isolado (Emissário de coliformes fecais) tem potencial para condenar - de forma definitiva e indelével - a atividade turística de toda a cidade, senão de todo o RN.
A hoje bela e ainda limpa Natal, com sua economia lastreada no Turismo só tem a peder!
Não custa lembrar que em Recife ninguém mais toma banho de mar... Lá, dizem, há tubarões a espreita! Aqui, de forma não menos danosa, serão os coliformes fecais, esperando pelo nosso inocente banho de mar.
Outra ponderação que se faz oportuna é a seguinte. O esgoto, após passar pelos tratamentos primário, secundário e terciário, vira um efluente (água) limpo e seguro o suficiente para ser reutilizado, portanto é uma sandice descartá-lo no mar.
Nossa sugestão é que o mesmo - após tratamento - seja redirecionado para o continente, para ser utilizado, por exemplo: na irrigação de canteiros públicos ou privados ( Alphaville por exemplo ); na irrigação de terras do Vale do Pium, cujo tipo de plantas ( verduras, frutas, flores ornamentais, essências, etc ) seria objeto de estudo de viabilidade sócio-econômico-ambiental a ser contratado a experts da UFRN e EMBRAPA e, finalmente, destinação, via dutos, ao Distrito Industrial de Macaíba, onde poderia ser utilizado em vários processos desse segmento, tais como refrigeração de maquinário pesado, etc.
Água, quer seja pura ou reciclada para reuso, é o bem mais precioso do Planeta neste Século 21. Jogá-la no mar, após tratamento é uma atitude retrógrada, em desarmonia com os anseios e necessidades de uma sociedade moderna!
Só para lembrar: o mar tem sido considerado por nós - humanidade - a grande cloaca desse Planeta. Nele tudo é jogado e - miraculosamente - espera-se que tudo nele seja depurado; o que obviamente é uma falácia. Países e cidades que cometeram esse crime estão pagando um alto preço por ele.
Apenas para citar um exemplo atual e que guarda correlação direta com Natal, já que tem a sua economia lastreada no turismo: Acapulco, famoso balneário mexicano, passou por décadas de decadência e decrepitude, devido a poluição da linda baia que a confronta. De alguns anos para cá o Governo do México está implantando um projeto de despoluição dessa baia, a um custo de US$ 1 bilhão!!!. Eles tem tido sucesso nessa empreitada, mas U$ 1 bilhão me parece um volume de recursos que Natal nunca terá a sua disposição...; portanto melhor prevenir agora do que tentar remediar depois!
Nossas mais cordiais saudações a você e ao Sr. Secretário, Dr. Fernando Fernandes, acrescidas de nossos mais sinceros agradecimentos pelo apoio manifestado a essa causa que é de todos nós.
Eduardo Bagnoli
Presidente da Amepontanegra
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