Foto: Adriano Abreu
A maioria das praias urbanas de Natal está imprópria para banho, de acordo com o mais recente monitoramento da balneabilidade das praias da Grande Natal, dentro do Programa Água Azul, que é executado em parceria com instituições públicas do Estado que cuidam do meio ambiente e recursos hídricos. Pela capital potiguar ser um dos cinco principais destinos turísticos do país, a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH) se preocupa com a possibilidade de o problema afetar negativamente o setor, fazendo com que o fluxo de visitantes diminua, uma vez que a cidade é mostrada como um local de sol e belas praias.
Das 30 praias monitoradas pelo Programa Água Azul, oito estão com água imprópria para banhoSegundo dados do mais recente monitoramento da balneabilidade das praias da Grande Natal, das 30 praias onde é feito o controle no estado, oito estão impróprias, sendo todas na capital. Os locais nos quais as pessoas não devem tomar banho são Ponta Negra (acesso principal), Mãe Luíza, Miami, Areia Preta, Praia do Meio, Artistas, Forte e Redinha. No relatório anterior, a praia de Ponta Negra encontrava-se própria para o banho.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH) no RN, Enrico Fermi, a poluição nas praias natalenses ainda não tem se refletido na captação de turistas, uma vez que as pessoas só ficam cientes da questão quando já estão em Natal. Entretanto, ele diz que as pessoas que visitam Natal reclamam bastante ao se deparar com praias impróprias para o banho e ao voltar para as cidades de origem, elas divulgam o fato, o que pode fazer com que possíveis turistas deixem de vir para o Estado.
Para Fermi, essa questão deve ser resolvida o mais rápido possível e o saneamento tem que ser encarado como prioridade, assim como a infraestrutura. Ele cita o projeto do emissário submarino, que deverá levar o esgoto da Zona Sul de Natal até alto-mar, como uma possível solução, mas lamenta que o processo de sua implantação seja demorado, por precisar cumprir diversos trâmites. “O processo da democracia é trabalhoso, mas é imprescindível que seja encontrada uma solução rapidamente”, conclui.
Caern
De acordo com a Caern é realizada uma fiscalização das áreas litorâneas de Natal e não foram constatados vazamentos de esgotos que tenham gerado poluição nas praias da capital identificadas como impróprias. Os técnicos da Caern atribuem o comprometimento da balneabilidade ao uso indevido das galerias de água pluvial pelos usuários, que fazem ligações clandestinas de esgotos, gerando poluição nas praias.
Embora conhecidas as causas do problema, a Companhia aponta dificuldades para solucioná-lo. “A Caern não tem poder de polícia nem autorização para entrar nas residências e punir quem liga esgoto clandestinamente ou lança as águas servidas nas vias públicas”, explica o gerente da Regional Natal Sul da Caern, Lamarcos Teixeira. Segundo ele, a justificativa de que as pessoas fazem ligação clandestina pela falta de saneamento não procede. Isso porque em todas as praias onde foi detectado alto índice de poluição, a Caern possui sistema de esgotamento funcionando normalmente.
Uma iniciativa para evitar o transbordamento de esgotos no trecho da orla que fica perto de Mãe Luiza é a readequação da Estação Elevatória de Esgotos do Relógio do Sol, que coleta os esgotos do bairro. Mãe Luíza já teve 100% da rede de esgotos assentada, faltando apenas o final dos testes e início das operações da Estação de Tratamento de Esgotos do Baldo para interligar essa rede. Até lá, a Companhia pede que a população denuncie os casos de ligações clandestinas de esgotos, evitando que a balneabilidade daquele trecho fique comprometida.
Em Ponta Negra, rotina é a mesma
Uma das praias consideradas impróprias para o banho é Ponta Negra, cartão postal de Natal. Na manhã de ontem, apesar da placa posicionada no calçadão, bem próximo ao principal acesso à praia, indicar a situação da água, muitas pessoas entravam no mar, aparente sem se importar com a poluição no local.
Comerciantes e prestadores de serviço que atuam no local afirmam que poucas pessoas notam a sinalização a respeito da qualidade da água e os visitantes não costumam se queixar do problema. “Tem turista que reclama da sujeira na areia, mas da qualidade da água, nunca ouvi queixa. Acredito que a maioria nem perceba a sinalização”, conta o taxista Ivan Ângelo, que trabalha há 10 anos na praia.
Foi o caso da artista plástica de São Paulo, Zenaide Herlein, que demonstrou surpresa ao ser questionada se não a preocupava a água do local estar classificada como imprópria. “Se eu tivesse percebido a placa com a indicação, certamente não teria ficado na praia. Estou com duas crianças e uma delas está apresentando alergia, que pode até ter sido causada pela água”, lamenta.
Já Maria Núbia Souza estava atenta e optou por nem ficar na areia por muito tempo. A natalense, que hoje mora em Brasília, diz ser um absurdo as autoridades deixarem Ponta Negra ficar nesse estado. “O jeito é procurar outra opção de lazer, que não ofereça risco à saúde da minha família. Vou tomar banho de ducha, agora”, brinca, ao mesmo tempo em que demonstra indignação com o fato.
3 comentários:
Isso e uma vergonha p Estado hein!de 06 a 13 de agosto estarei em ponta negra, ja comprei a viagem nao tem mudar..em ponta negra tem algum lugar que pode tomar banho no mar?
Sempre tem um lugarzinho que ainda dá para entrar na água. A maior gravidade é a falta de ações preventivas.
NÃO CONSIGO ENTENDER TAMANHA IMORALIDADE, ONDE NÃO SE TOMA ATITUDES PARA UMA MELHORA ISSO É INADIMISIVEL.
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