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Frequentadores lamentam quadro de abandono de Ponta Negra

Tribuna do Norte - 22 de abril de 2012

Uma mistura de nostalgia e desapontamento surge no rosto de Lígia Maria de Lima, 48 anos, dona do quiosque K-8, quando lembra da Ponta Negra da sua infância. Uma praia "mais democrática e família" povoam as lembranças da comerciante que há dez anos trabalha com a venda de alimento e bebidas na praia. "Vinha a família toda, passar o dia, era uma festa. Hoje é só trabalho e com dificuldade", desabafa. A falta de manutenção e limpeza do calçadão reflete no faturamento do quiosque. 
Rodrigo SenaCalçadão destruído e ainda sem recuperação aumenta quadro de abandono da famosa praia
Os problemas vão desde os acessos, que arrebentam  com a força do mar, a falta de banheiros, entulho até a falta de policiamento. Ao longo de 2,5 quilômetros não há um posto policial. A escuridão em alguns pontos facilitam a atuação de bandidos. A ronda policial é feita com frequencia, segundo os comerciantes, mas ineficiente para garantir a segurança. "Quase todo dia, tem gringo e morador aqui assaltados, à luz do dia", disse o vendedor Bruno Rogério de Lira.

De férias em Natal, casal paranaense Graciela Peovezan e Tiago Leseux, 30 anos, se decepcionaram com o estado da orla. "É uma cidade turística, que tem aqui seu principal cartão de visitas e o que se vê são bares mal servidos,falta de informação, lixo e mau cheiro de sobra", disse a turista.

Há um ano, desde que montou um bar "para nativo", o pernambucano Erasmo Trajano de Moraes diz conhecer o preço de ir contra a política da vizinhança. "Não aceito prostituição, gringo que vem para fazer isso, ambulante incomodando. Mas a região ganhou a pecha e é difícil trazer o natalense aqui", admite. Segundo ele, investimentos em publicidade também não surtem o efeito esperado. "O turismo é forte. Mas é preciso trazer o natalense, o potiguar para desfrutar a sua praia", observa.

A deficiência em infraestrutura tem deslocado o turista para outros pontos, conta o bugueiro e morador de Ponta Negra Igor Medeiros, 28 anos. "Muitos se decepcionam com o serviço, o calçadão, sujeira e preferem outras praias", disse. Igor continua a frequentar  a orla nas horas vagas por falta de opção. "O natalense que tem mais condições, foge mesmo daqui, dessa exploração", diz.

A falta de fiscalização permite  ambulantes formarem uma mini-feira livre que vende desde moda praia, CDs e DVDs piratas a artesanato e comidas típicas. A vendedora Ana Lucia Azevedo, de uma loja de moda feminina, reclama da concorrência desleal. "A praia está um vazio e ainda perdemos espaço para quem vende produto sem nota fiscal", afirma.

Ação

A Promotoria de Justiça instaurou inquérito civil, para investigar denúncias contra a Prefeitura de Natal, após matéria da TRIBUNA DO NORTE, publicada no último dia 12.O promotor João Batista Barbosa está aguardando as informações solicitadas acerca das obras realizadas no  calçadão de Ponta Negra, pela empresa Sicol. A empresa é acusada de abandonar entulho irregularmente no local. Com o movimento das marés, os resíduos foram espalhados pela praia, causando danos.

A Promotoria de Defesa do Meio Ambiente deu prazo de 5 dias para a Urbana realizar vistoria no local; como também, a Semsur e Semopi informarem sobre a fiscalização da obra. Uma audiência de conciliação será realizada na próxima terça-feira (24), na Promotoria de Justiça.  

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