Tribuna do Norte - 22 de Abril de 2012
Sara Vasconcelos
Repórter
Uma das praias mais conhecidas do Estado, Ponta Negra, sucumbe à infraestrutura deficiente e falta de investimentos. Na orla, que emoldura um dos mais conhecidos ícones da capital potiguar, o que se vê é lixo, crateras e água empoçada. O descaso do poder público só acentua o estado de abandono. As famílias natalenses foram as primeiras a deixar a areia e águas mornas, durante os fins de semana de sol. Na noite, perderam espaço para uma legião de turistas, sobretudo estrangeiros - e para a prostituição. Sem incremento de projetos do poder público, a beleza natural do Morro do Careca coroando o mar permanece como único atrativo.
O presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes e Bares e similares do Rio Grande do Norte e ex-secretário de turismo do Estado Ramzi Elali, chama atenção para um novo momento para a orla: “pensar Ponta Negra para o natalense”. A “devolução” passa pela reciclagem no produto entretenimento. “É preciso encarar a realidade e adaptar a estrutura de bares e restaurantes para a classe B e C. O empresariado ainda não atentou para isto”, afirma Ramzi Elali, em referência à oferta de estabelecimentos que priorize o público local e regional.
Sem mencionar estatísticas, por não haver estudo específico sobre o tema, o presidente do Sindicato admite que é alta a rotatividade e fechamento de estabelecimentos ao longo da orla de Ponta Negra. Um passeio pela avenida Erivan França comprova a situação. Bares vazios e lojas de toda sorte ocupam hoje o espaço onde antes existiam restaurantes e hotéis, que lotavam mesmo na baixa estação.
A insegurança e a prostituição também persistem e atrapalham as atividades comerciais que insistem em permanecer naquele endereço. Contudo, na avaliação de Ramzi Elali, o segundo em proporção bem menor que há alguns anos atrás. “Este já foi um problema bem mais crítico. Hoje a falta de policiamento é bem mais preocupante”, disse. Apesar disso, o empresário mantém o otimismo. “Ainda é possível retomarmos a época áurea de Ponta Negra”.
O presidente da Associação Potiguar Amigos da Natureza (Aspoan), Francisco Iglesias, ressalta que para reverter o quadro de “decadência instalada” não apenas na orla, como também na Vila requer um esforço conjunto de investimentos dos gestores e da mobilização da sociedade civil. O último investimento público realizado em 15 anos, lembra o presidente da Aspoan, Francisco Iglesias, foi a construção do calçadão. O equipamento apresenta uma série de crateras, ao longo de 500 metros dos 2,5 quilômetros de calçada, o que limita a mobilidade e coloca em risco quem transita pelo local. O mau cheiro e o entulho da construção civil espalhado pela praia acompanham o turista e o natalense durante boa parte do passeio pela via.
A ‘engorda’ da Orla, aumento da faixa de areia e alargamento do calçadão, projetos previstos no Prodetur Natal, na avaliação de George Gosson, empresário e vicepresidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira, poderia amenizar o problema causado pela força da maré. Entretanto, nunca saiu do papel. “A ausência do poder público é o principal problema de Ponta Negra”, afirma.
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