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Em outubro de 2011 a especulação imobiliária estava sufocando os moradores de Ponta Negra. E agora? Mudou alguma coisa?

Diário de Natal - 23 de outubro de 2011

Há duas décadas o bairro e a Vila de Ponta Negra registram um crescimento imobiliário vertiginoso. Para a presidente do Conselho Comunitário de Ponta Negra, Cíntia Fernanda de Lima, esse fator preocupa porque a especulação imobiliária tem feito com que famílias de pescadores tradicionais do bairro sofram pressão constante para vender seus imóveis. "Temos que manter a tradição e manter os moradores aqui na Vila. Senão corremos o risco de perdermos nossas raízes culturais. Dizem que somos contra esses investimentos em grandes prédios, não é isso. É o custo que isso traria para a comunidade", afirmou.

O Conselho está discutindo com a comunidade formas de se regularizar a Área de Especial Interesse Social (AEIS), aprovada em 2007 e que nunca foi implementada. A mudança é feita com base em um estudo da UFRN onde se analisa diversos fatores e o impacto ambiental. Prevê, por exemplo, a limitação em 7 metros e meio de altura para a construção civil. "A AEIS está prevista no Plano Diretor de Natal, que será revisado em 2012. Por isso estamos retomando esse assunto agora com a comunidade".

Preocupar-se com a preservação do meio ambiente também inclui olhar para saneamento e coleta de lixo. Por sinal, outro problema relatado pelos moradores da Vila é o acúmulo de lixo nas ruas. O italiano Lucas Buralli, que mora há 6 anos no bairro, disse que escolheu o local para montar uma pousada e para realizar um trabalho voluntário, montar uma escolinha de surf. "Não recebemos qualquer apoio governamental, nem mesmo quando precisamos retirar o lixo das ruas. Aqui perto tem um local com muito lixo, e ligo para a Urbana e eles ficam adiando a retirada", informou. "Aqui é um bom lugar, mas tem seus problemas. Minha família, quando vem aqui, diz que eu sou louco por morar aqui".

Apesar de todos os problemas, pessoas como Buralli vivem ali felizes. Francleide dos Anjos, 19 anos, por exemplo, passa o dia vendendo camisetas na praia. Ela montou uma barraca e, por causa das vendas em baixa, dedica parte de seu dia a escrever poesias. "Escrevosobre o amor. São mensagens românticas", diz ela, contemplando o vai-e-vem das ondas da praia próxima ao Morro do Careca. A jovem diz que mesmo às vezes tendo que passar uma temporada com a família na Zona Norte, prefere viver na Vila, que divide com o irmão, surfista pré-adolescente. "Aqui é o meu lugar. Gosto da movimentação de pessoas aqui, dos turistas, da cultura e da praia".

Insegurança
Os moradores também sentem que a Vila de Ponta Negra carece de infraestrutura de segurança pública. "Aqui acontecem muitos assaltos, tráfico de drogas, acerto de contas. Vivemos com medo de sair à noite", afirma uma moradora que, por causa do assunto, preferiu não se identificar. O motorista de ônibus Eric Vandilson, que trabalha na linha 46 (Ponta Negra / Rocas, via Praça), revela que tem medo de circular no trecho à noite. "Minha linha não entra em algumas ruas consideradas mais perigosas, como o 54 e o 56, mas circular aqui após às 22h é correr um risco grande de assalto", diz.

A frequência dos roubos e assalto é maior quando se aproxima a temporada de festas, como Carnatal, final de ano e vésperas de São João. "Ainda assim, é bom trabalhar aqui durante o dia. A comunidade vive em paz, a vida transcorre normalmente. Fazemos amizades, conhecemos figuras inusitadas, enfim, há nove anos estou aqui e fiz um vínculo afetivo com o bairro". Durante seu expediente de 7 horas e 20 minutos, Eric passa pelo menos uma hora e vinte minutos diariamente no terminal da linha em que trabalha, nos arredores da Igreja de São Sebastião.

O coronel Wellington Alves, comandante de policiamento metropolitano, que abrange a área, disse que a Vila é de responsabilidade do 5º Batalhão da PM. O quantitativo é variável de acordo com o número de ocorrências. Por isso a PM operacionaliza o aumento de efetivo com suplemento da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam), e do Batalhão de Choque (BPChoque). "A maior parte das ocorrências é com relação a tráfico de drogas, que depende mais da polícia civil para investigar. O ostensivo fardado vem sendo cumprindo. Além do efetivo do 5º BPM, Rocam e BPChoque, também contamos com a Companhia Independente de Turismo, que atende na orla marítima e nas áreas de pousadas. Faltar policiais, não falta", garantiu.

Segundo o comandante, o que ocorre é alguma deficiência pontual, justificada pelo déficit de efetivo, o que também acontece em outros bairros de Natal. "Quando há denúncias de tráfico de drogas ou outro tipo de crime, o efetivo é aumentado, e inclusive pedimos à população para que colabore conosco. Ligando no 190, o número é democrático, sigiloso, e importante para fazer as denúncias".

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