Margareth Grillo - repórter
As chuvas de março registradas em Natal, desde o início do mês, revelaram, mais uma vez, uma velha problemática: o entupimento das galerias, calhas, bocas de lobo e canais de águas pluviais, resultado do mau hábito de jogar lixo nas ruas. Em vários pontos da cidade, o lixo se acumula na entrada dos bueiros e impede a passagem de água, como nas avenidas Norton Chaves e Alexandrino de Alencar, entre tantos outros, causando alagamentos.
Na avenida Norton Chaves, as duas galerias de entrada para a Lagoa do Preá, no bairro de Nova Descoberta, estavam completamente entupidas na tarde da segunda-feira, 12. Na entrada do canal, se via muito plástico, coco, restos de galhos da poda de árvores e lixo. Na rua Leonardo Drumond, lateral à Lagoa do Preá quem passa não acredita que a limpeza tinha menos de 24 horas. Muito entulho, resíduos orgânicos, plástico, papel, restos de poda e metralha se acumulava ao longo da rua.
Quando chove, o lixo é carreado para uma das galerias de entrada para a lagoa. A cena não difere muito, de um ponto a outro. Na avenida Alexandrino de Alencar, já próximo da avenida Prudente de Morais, mais uma galeria entupida. Na entrada da caixa, estavam acomodados vários sacos de lixo e no interior, se via plástico, papel e areia. Parte do lixo termina escoando junto com a água até canais importantes como o do Barro Vermelho, na Alameda Marilene Dantas, e o canal do Baldo que atravessa a comunidade do Passo da Pátria.
Os dois canais são interligados e desaguam no rio Potengi, para onde todo o lixo é carreado. Na Alameda Marilene Dantas, havia até uma tampa de vaso sanitário no interior de um dos bueiros, na segunda-feira, 12. Para se ter ideia da gravidade do problema, por mês, a Companhia de Serviços Urbanos [Urbana] retira de galerias, bocas de lobo, canais e lagoas de drenagem perto de 72 toneladas de lixo. Os materiais recolhidos vão desde areia, metralha, plásticos, papel a resíduos orgânicos. O custo mensal da limpeza de todo o sistema de drenagem da cidade é de R$ 195,4 mil, com pessoal e equipamentos.
No caso do canal do Barro Vermelho, a Urbana fez limpeza da área na primeira semana de fevereiro (de 01 a 09). Mas, em dia de chuva, o que mais se vê é o transporte de lixo pelas águas. "Se o lixo está na rua", frisou o gerente de Operações da Urbana, Márcio Ataliba, "é natural que a força da água vá empurrá-lo para as galerias e para as lagoas".
Ataliba lembrou que "se cada cidadão colocar seu lixo no lugar devido, diminui em muito os problemas da rede de drenagem, que já é saturada". Segundo Ataliba, o trabalho da Urbana é contínuo, com 45 homens empenhados na limpeza de lagoas, galerias, calhas e canais. "Hoje, fazemos um trabalho preventivo grande, mas se as pessoas não ajudam, continuam jogando lixo na rua, fica difícil", arrematou.
A impermeabilização do solo e o fato de a rede de drenagem ser muito antiga agravam o problema. "Temos poucas áreas de infiltração e mais águas escoando pelas ruas e galerias, e o sistema não dá conta da vazão", frisou Ataliba. Ele citou como exemplo dessa saturação o cruzamento das avenidas Afonso Pena e rua Mossoró, em Petrópolis.
O secretário adjunto de Conservação da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Semopi), Francisco Pereira Júnior, disse que "a participação da população é essencial para evitar os transtornos típicos do período chuvoso". Júnior explicou que cabe à Semopi a recuperação física das caixas e tubos das galerias. Ao ser identificada a presença de lixo, a Semopi aciona a Urbana.
Segundo Júnior, nos últimos dias, o sistema de drenagem respondeu bem. Nenhuma lagoa transbordou entre a sexta-feira e o sábado passado, quando caiu o maior volume de chuva. No período de inverno, as ruas próximas à Lagoa do Preá, principalmente as ruas Nelson Mattos e Raimundo Brasil, chegam a alagar. Em alguns trechos, para ter acesso às casas, é necessário atravessar uma verdadeira lagoa. Para evitar que a água invada as casas, ao primeiro sinal de chuva, os moradores já se mobilizam para colocar barreiras na porta das casas.
Caern tem gasto mensal de R$ 200 mil
O lixo não desliza apenas em galerias de águas pluviais. Semanalmente, a Caern recolhe sacos plásticos, garrafas pet e latas, entre outros materiais que são lançados pela população na rede coletora de esgotos. Até retalhos de tecidos são encontrados nos dutos coletores da Caern. De julho a dezembro do ano passado, pelo menos, 60 caçambas de lixo, o equivalente a 360 metros cúbicos, foram retiradas da rede coletora.
Somente na Estação de São Conrado são retiradas duas caçambas de lixo, a cada mês. Em janeiro deste ano, a Caern concluiu a retirada de 137 metros cúbicos de areia de 2,6 quilômetros de tubulação de esgotos da rede em Igapó. A limpeza das estações elevatórias de esgotos chega a ser feita duas vezes por semana, sendo que a areia é coletada com o uso de caminhões combinados (hidrojato e a vácuo), devido à grande quantidade de resíduo.
Por ano, o gasto somente nas regiões Oeste, Leste e Sul, segundo a estatal potiguar de saneamento, é de R$ 2,4 milhões em serviços de manutenção do sistema coletor. É um gasto mensal de R$ 200 mil. Os principais serviços, segundo o gerente da Regional Natal Sul da Caern, Lamarcos Teixeira, são a troca de tubulação, substituição de tampas, conserto de ramais, desobstrução e de pavimentação.
Lamarcos disse que o problema passa por uma questão de educação. Estudos da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte, realizado nos últimos anos, apontou que 70% das ocorrências no sistema coletor de esgoto poderiam ser evitadas, porque são causados por mau uso da rede. "Não chega a ser problema generalizado", disse ele, "mas como o sistema é coletivo, por ações de algumas pessoas, todos ficam prejudicados".
Há pessoas, segundo ele, que chegam a quebrar a tampa das caixas e jogar em seu interior garrafas pet, sacolas plásticas e outros tipos de resíduos. Mas também há o mau uso. Nem todos tem o cuidado de fazer manutenção das caixas de gordura. Outros chegam a jogar cotonetes, absorventes e papel higiênico no sanitário.
Nos períodos chuvosos, em ponto de alagamentos, é comum ver pessoas abrirem os poços de visita da rede de esgotos para tentar drenar a água de chuva que não consegue escoar pelas galerias de drenagem. Isto aumenta a vazão dentro da rede de esgotos e a quantidade de resíduos sólidos, que entra no sistema. O lixo também entra nos dutos de esgoto por meio de ligações clandestinas oriundas da rede de drenagem.
Segundo Lamarcos, a Caern vem trabalhando em manutenções preventivas, com a retirada de areia e gordura dos dutos, para evitar extravasamento da rede. Ele disse que a Companhia tem técnicos ambientais aptos a fazer palestras gratuitas em comunidades. Quem tiver interesse pode ligar no telefone: 3232-4321.
As chuvas de março registradas em Natal, desde o início do mês, revelaram, mais uma vez, uma velha problemática: o entupimento das galerias, calhas, bocas de lobo e canais de águas pluviais, resultado do mau hábito de jogar lixo nas ruas. Em vários pontos da cidade, o lixo se acumula na entrada dos bueiros e impede a passagem de água, como nas avenidas Norton Chaves e Alexandrino de Alencar, entre tantos outros, causando alagamentos.
Júnior SantosPlástico, papelão e detritos se acumulam na grades de proteção do sistema de drenagem prejudicando o escoamento das águas
Na avenida Norton Chaves, as duas galerias de entrada para a Lagoa do Preá, no bairro de Nova Descoberta, estavam completamente entupidas na tarde da segunda-feira, 12. Na entrada do canal, se via muito plástico, coco, restos de galhos da poda de árvores e lixo. Na rua Leonardo Drumond, lateral à Lagoa do Preá quem passa não acredita que a limpeza tinha menos de 24 horas. Muito entulho, resíduos orgânicos, plástico, papel, restos de poda e metralha se acumulava ao longo da rua.
Quando chove, o lixo é carreado para uma das galerias de entrada para a lagoa. A cena não difere muito, de um ponto a outro. Na avenida Alexandrino de Alencar, já próximo da avenida Prudente de Morais, mais uma galeria entupida. Na entrada da caixa, estavam acomodados vários sacos de lixo e no interior, se via plástico, papel e areia. Parte do lixo termina escoando junto com a água até canais importantes como o do Barro Vermelho, na Alameda Marilene Dantas, e o canal do Baldo que atravessa a comunidade do Passo da Pátria.
Os dois canais são interligados e desaguam no rio Potengi, para onde todo o lixo é carreado. Na Alameda Marilene Dantas, havia até uma tampa de vaso sanitário no interior de um dos bueiros, na segunda-feira, 12. Para se ter ideia da gravidade do problema, por mês, a Companhia de Serviços Urbanos [Urbana] retira de galerias, bocas de lobo, canais e lagoas de drenagem perto de 72 toneladas de lixo. Os materiais recolhidos vão desde areia, metralha, plásticos, papel a resíduos orgânicos. O custo mensal da limpeza de todo o sistema de drenagem da cidade é de R$ 195,4 mil, com pessoal e equipamentos.
No caso do canal do Barro Vermelho, a Urbana fez limpeza da área na primeira semana de fevereiro (de 01 a 09). Mas, em dia de chuva, o que mais se vê é o transporte de lixo pelas águas. "Se o lixo está na rua", frisou o gerente de Operações da Urbana, Márcio Ataliba, "é natural que a força da água vá empurrá-lo para as galerias e para as lagoas".
Ataliba lembrou que "se cada cidadão colocar seu lixo no lugar devido, diminui em muito os problemas da rede de drenagem, que já é saturada". Segundo Ataliba, o trabalho da Urbana é contínuo, com 45 homens empenhados na limpeza de lagoas, galerias, calhas e canais. "Hoje, fazemos um trabalho preventivo grande, mas se as pessoas não ajudam, continuam jogando lixo na rua, fica difícil", arrematou.
A impermeabilização do solo e o fato de a rede de drenagem ser muito antiga agravam o problema. "Temos poucas áreas de infiltração e mais águas escoando pelas ruas e galerias, e o sistema não dá conta da vazão", frisou Ataliba. Ele citou como exemplo dessa saturação o cruzamento das avenidas Afonso Pena e rua Mossoró, em Petrópolis.
O secretário adjunto de Conservação da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Semopi), Francisco Pereira Júnior, disse que "a participação da população é essencial para evitar os transtornos típicos do período chuvoso". Júnior explicou que cabe à Semopi a recuperação física das caixas e tubos das galerias. Ao ser identificada a presença de lixo, a Semopi aciona a Urbana.
Segundo Júnior, nos últimos dias, o sistema de drenagem respondeu bem. Nenhuma lagoa transbordou entre a sexta-feira e o sábado passado, quando caiu o maior volume de chuva. No período de inverno, as ruas próximas à Lagoa do Preá, principalmente as ruas Nelson Mattos e Raimundo Brasil, chegam a alagar. Em alguns trechos, para ter acesso às casas, é necessário atravessar uma verdadeira lagoa. Para evitar que a água invada as casas, ao primeiro sinal de chuva, os moradores já se mobilizam para colocar barreiras na porta das casas.
Caern tem gasto mensal de R$ 200 mil
O lixo não desliza apenas em galerias de águas pluviais. Semanalmente, a Caern recolhe sacos plásticos, garrafas pet e latas, entre outros materiais que são lançados pela população na rede coletora de esgotos. Até retalhos de tecidos são encontrados nos dutos coletores da Caern. De julho a dezembro do ano passado, pelo menos, 60 caçambas de lixo, o equivalente a 360 metros cúbicos, foram retiradas da rede coletora.
Somente na Estação de São Conrado são retiradas duas caçambas de lixo, a cada mês. Em janeiro deste ano, a Caern concluiu a retirada de 137 metros cúbicos de areia de 2,6 quilômetros de tubulação de esgotos da rede em Igapó. A limpeza das estações elevatórias de esgotos chega a ser feita duas vezes por semana, sendo que a areia é coletada com o uso de caminhões combinados (hidrojato e a vácuo), devido à grande quantidade de resíduo.
Por ano, o gasto somente nas regiões Oeste, Leste e Sul, segundo a estatal potiguar de saneamento, é de R$ 2,4 milhões em serviços de manutenção do sistema coletor. É um gasto mensal de R$ 200 mil. Os principais serviços, segundo o gerente da Regional Natal Sul da Caern, Lamarcos Teixeira, são a troca de tubulação, substituição de tampas, conserto de ramais, desobstrução e de pavimentação.
Lamarcos disse que o problema passa por uma questão de educação. Estudos da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte, realizado nos últimos anos, apontou que 70% das ocorrências no sistema coletor de esgoto poderiam ser evitadas, porque são causados por mau uso da rede. "Não chega a ser problema generalizado", disse ele, "mas como o sistema é coletivo, por ações de algumas pessoas, todos ficam prejudicados".
Há pessoas, segundo ele, que chegam a quebrar a tampa das caixas e jogar em seu interior garrafas pet, sacolas plásticas e outros tipos de resíduos. Mas também há o mau uso. Nem todos tem o cuidado de fazer manutenção das caixas de gordura. Outros chegam a jogar cotonetes, absorventes e papel higiênico no sanitário.
Nos períodos chuvosos, em ponto de alagamentos, é comum ver pessoas abrirem os poços de visita da rede de esgotos para tentar drenar a água de chuva que não consegue escoar pelas galerias de drenagem. Isto aumenta a vazão dentro da rede de esgotos e a quantidade de resíduos sólidos, que entra no sistema. O lixo também entra nos dutos de esgoto por meio de ligações clandestinas oriundas da rede de drenagem.
Segundo Lamarcos, a Caern vem trabalhando em manutenções preventivas, com a retirada de areia e gordura dos dutos, para evitar extravasamento da rede. Ele disse que a Companhia tem técnicos ambientais aptos a fazer palestras gratuitas em comunidades. Quem tiver interesse pode ligar no telefone: 3232-4321.
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