Foto: Elpídio Júnior
Visando discutir sobre os impactos que os novos empreendimentos imobiliários podem causar na Grande Natal, a Câmara Municipal do Natal, atendendo a uma proposição do vereador Edivan Martins (PV), promoveu uma audiência pública na manhã desta segunda-feira (28), reunindo autoridades ligadas ao tema.
Ressaltando que não é contra os investimentos no estado e, em especial, na Grande Natal, Edivan Martins disse que a maior preocupação da população é saber quais os impactos que essas obras podem trazer para o meio ambiente e as conseqüências para os potiguares. O parlamentar acredita que as mudanças já podem ser facilmente observadas por quem percorre o litoral potiguar.
“Se pegarmos um carro e andarmos pelo litoral, veremos as mudanças na paisagem. Os empreendimentos, às vezes, tiram o visual verde dos coqueiros, por exemplo, o espaço do pescador, e isso pode prejudicar o passeio de quem busca desfrutar das belezas naturais do estado”, declarou.
Na mesma linha do pensamento do vereador está o que pensa o presidente do Sindicato dos Bugueiros do estado, Paulo Henrique Severo. Segundo o sindicalista, algumas mudanças na paisagem do estado já vêm tirando o sono dos bugueiros, que temem o desinteresse dos turistas em participar dos passeios caso a paisagem perca as características que fizeram o Rio Grande do Norte um dos pontos preferidos para o turismo ecológico.
“O atrativo paisagístico, bem como a qualidade da água do nosso litoral, devem ser preservados para que os turistas continuem buscando o estado para passar as suas férias”, declarou o Paulo Henrique.
Também participando da audiência pública, o professor Aristotelino Monteiro, da UFRN, fez uma explanação sobre os principais empreendimentos que podem ser construídos no estado. A principal crítica do ambientalista diz respeito aos critérios adotados para a concessão de licenciamento das obras.
Segundo Aristotelino, há grandes empreendimentos que em menos de um dia já estavam com o licenciamento da obra, sem que houvesse um estudo aprofundado sobre os impactos ambientais no local e se os aqüíferos correspondentes seriam capazes de suportar a nova demanda. Essa atitude dos órgãos reguladores, no entendimento do professor, não condiz com a justificativa de que os empreendimentos vêm para ajudar no desenvolvimento do estado.
“Falam em desenvolvimento, mas o desenvolvimento de quê e de quem? O estado não pode estar à venda, e esta natureza não é dos europeus, ela pertence aos potiguares”, disse Aristotelino.
O professor também demonstrou a preocupação com a água e os produtos químicos que serão utilizados nos campos de golfe que virão ao estado e vão fazer do Rio Grande do Norte o local com maior concentração per capta de campos de golfe do mundo.
“A grama que eles utilizam, bonita como é, não existe na natureza. Ela precisa de diversos produtos químicos para matar os insetos, e esses produtos vão se acumulando no solo, contaminando o lençol freático, o que é um crime. Isso sem falar na quantidade de água que deverá ser utilizada nos campos, o desperdício, e o destino que será dado aos esgotos”, pontuou o professor.
Mesmo explanando todos os problemas que os empreendimentos podem trazer ao estado, os participantes acabaram ficando sem respostas conclusivas sobre as medidas que serão tomadas. O motivo foi a ausência do Ministério Público, que não pôde mandar representantes para o debate devido a outros compromissos já agendados, e a ausência do Idema, que não enviou nenhum representante ao debate e não justificou falta.
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