A implantação do Emissário Submarino da Barreira do Inferno, que pretende despejar no mar esgotos parcialmente tratados coletados na zona Sul de Natal, nos bairros de Nova Parnamirim e San Vale e algumas praias do litoral Sul, vem gerando polêmicas entre a população de Natal.
Solução considerada ultrapassada em países desenvolvidos, haja vista que muitos emissários ao redor do mundo apresentaram problemas ambientais ao longo dos anos e estão sendo substituídos por projetos que reutilizam a água, o projeto coloca em risco a balneabilidade das praias urbanas da capital potiguar.
O encontro, realizado na manhã desta segunda-feira (14/nov) no auditório da Fiern, foi promovido pela Caern e teve como palestrante o professor Dr. Paulo Rosman, que explicou para uma pequena platéia como - possivelmente - se dará a dispersão da pluma do efluente, ou seja, "como o caldo de coliformes" poderá se comportar após ser lançado no mar.
Mesmo com argumentos calcados em cálculos e simulações computadorizadas (suscetíveis a falhas caso os dados iniciais coletados estejam incompletos ou incorretos), as dúvidas persistem e explicações convincentes ainda não foram apresentadas de forma contextualizada - onde todos os detalhes da dinâmica costeira e características ambientais precisam e devem ser considerados antes de definições.
ANTES DO EMISSÁRIO PRECISAMOS DE:
1. Estudos completos de impacto ambiental, que considerem, inclusive, a experiência de pescadores da comunidade da Vila de Ponta Negra;
2. Maior transparência pública no processo, para ampliar o debate com a sociedade (Audiências Públicas agendadas com antecedência e grande divulgação na mídia);
3. Tratamento adequado do esgoto antes de ser lançado no mar;
4. Plano de gestão e monitoramento de todo o sistema que envolve o projeto do Emissário Submarino da Barreira do Inferno;
5. Apresentação de Projeto Executivo que defina quais as etapas e como deverá ser a execução do projeto;
6. Definir onde e como deverá ser aplicada a 'verba economizada', no intuito de garantir a real ampliação da rede de saneamento básico de Natal;
7. Planos de segurança, no caso de algum acidente ambiental;
8. Projeto de reversibilidade do sistema, que propicie a reutilização da água tratada para fins industriais e agrícolas;
9. Que, ao invés de contornar a Vila de Ponta Negra e rasgar a Área de Proteção Ambiental do Morro do Careca, o projeto do emissário submarino considere a opção de seguir paralelo à Rota do Sol, entre pelo portão principal da base Barreira do Inferno e desemboque na praia da Aeronáutica.
AUSÊNCIAS
Durante o encontro, foi questionada a ausência de entidades ambientais, representantes do ministério público, entre outras partes interessadas no assunto que acompanham o desenrolar dos fatos e vêm questionando a viabilidade do emissário, mas esqueceram de citar que o convite oficial foi encaminhado por e-mail no fim da manhã do dia 11/nov (sexta-feira) sem tempo hábil suficiente para uma articulação eficaz, uma vez que sabemos da dificuldade de mobilização social e a falta de interesse da população em participar de debates do gênero. Também não podemos esquecer que o mês de dezembro é período de festas e marca o início do clima de férias.
Diante disto, a intenção da Caern em desqualificar o movimento ambiental natalense, que não é contra o emissário e sim a favor de um projeto estruturado e seguro, esbarra na própria configuração e articulação do encontro.
Por fim, ficou definida que a próxima Audiência Pública não mais acontecerá no próximo dia 28 de dezembro - como chegou a ser cogitada pela Caern e Idema, num caso de clara falta de sintonia social observada a partir da data originalmente proposta. Prudentemente, a próxima reunião deverá acontecer em janeiro ou fevereiro - e que a data, o local e a hora sejam amplamente divulgadas nos meios de comunicação de grande circulação.
IMAGENS
A imagem acima foi extraída de pesquisas sobre Dinâmica Costeira no Litoral Potiguar, realizada pelo especialista Fernando Fortes, onde podemos perceber movimentos peculiares das correntes marinhas. Confira, nas duas imagens abaixo, o movimento das correntes marinhas em Ponta Negra:
A dispersão da pluma do efluente, nome que o esgoto recebe quando entra em contato com o mar, precisa ser redimensionada com base em estudos específicos sobre a dinâmica costeira observada em Natal - o litoral do RN, por estar em local estratégico onde 'o vento faz a curva', é caracterizado pela chamada "costa crenulada" (formações peculiares de baías e enseadas onde o comportamento marinho forma vórtices/espirais que podem trazer a pluma para perto do continente, fato que afeta diretamente a balneabilidade das praias).
Na imagem acima, temos o trajeto (em vermelho) previsto para o emissário submarino: a partir da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Rota do Sol, a tubulação contorna a Vila de Ponta Negra, corta o Morro do Careca e desemboca na praia de Alagamar (única praia selvagem do RN e grande reduto de pescadores).
Nesta última imagem, criada a partir das informações repassadas pelo professor Dr. Paulo Rosman durante o encontro promovido pela Caern, temos uma escala maior do litoral urbano de Natal com toda a simulação de funcionamento do emissário submarino: a partir da ETE, o esgoto segue com tratamento secundário até o emissário, que despejará cerca de 700 litros por segundo no mar a uma distância de 2,6 mil metros. A marca marrom representa a pluma, que se estenderá até a praia da Redinha.
Interessante é atentarmos para o seguinte detalhe: durante o dia a diluição do efluente é eficaz devido a incidência dos raios solares, já durante a noite... melhor começarmos a orar/rezar/meditar todas as noites para não corrermos risco de acordarmos com as praias contaminadas.
Solução considerada ultrapassada em países desenvolvidos, haja vista que muitos emissários ao redor do mundo apresentaram problemas ambientais ao longo dos anos e estão sendo substituídos por projetos que reutilizam a água, o projeto coloca em risco a balneabilidade das praias urbanas da capital potiguar.
O encontro, realizado na manhã desta segunda-feira (14/nov) no auditório da Fiern, foi promovido pela Caern e teve como palestrante o professor Dr. Paulo Rosman, que explicou para uma pequena platéia como - possivelmente - se dará a dispersão da pluma do efluente, ou seja, "como o caldo de coliformes" poderá se comportar após ser lançado no mar.
Mesmo com argumentos calcados em cálculos e simulações computadorizadas (suscetíveis a falhas caso os dados iniciais coletados estejam incompletos ou incorretos), as dúvidas persistem e explicações convincentes ainda não foram apresentadas de forma contextualizada - onde todos os detalhes da dinâmica costeira e características ambientais precisam e devem ser considerados antes de definições.
ANTES DO EMISSÁRIO PRECISAMOS DE:
1. Estudos completos de impacto ambiental, que considerem, inclusive, a experiência de pescadores da comunidade da Vila de Ponta Negra;
2. Maior transparência pública no processo, para ampliar o debate com a sociedade (Audiências Públicas agendadas com antecedência e grande divulgação na mídia);
3. Tratamento adequado do esgoto antes de ser lançado no mar;
4. Plano de gestão e monitoramento de todo o sistema que envolve o projeto do Emissário Submarino da Barreira do Inferno;
5. Apresentação de Projeto Executivo que defina quais as etapas e como deverá ser a execução do projeto;
6. Definir onde e como deverá ser aplicada a 'verba economizada', no intuito de garantir a real ampliação da rede de saneamento básico de Natal;
7. Planos de segurança, no caso de algum acidente ambiental;
8. Projeto de reversibilidade do sistema, que propicie a reutilização da água tratada para fins industriais e agrícolas;
9. Que, ao invés de contornar a Vila de Ponta Negra e rasgar a Área de Proteção Ambiental do Morro do Careca, o projeto do emissário submarino considere a opção de seguir paralelo à Rota do Sol, entre pelo portão principal da base Barreira do Inferno e desemboque na praia da Aeronáutica.
AUSÊNCIAS
Durante o encontro, foi questionada a ausência de entidades ambientais, representantes do ministério público, entre outras partes interessadas no assunto que acompanham o desenrolar dos fatos e vêm questionando a viabilidade do emissário, mas esqueceram de citar que o convite oficial foi encaminhado por e-mail no fim da manhã do dia 11/nov (sexta-feira) sem tempo hábil suficiente para uma articulação eficaz, uma vez que sabemos da dificuldade de mobilização social e a falta de interesse da população em participar de debates do gênero. Também não podemos esquecer que o mês de dezembro é período de festas e marca o início do clima de férias.
Diante disto, a intenção da Caern em desqualificar o movimento ambiental natalense, que não é contra o emissário e sim a favor de um projeto estruturado e seguro, esbarra na própria configuração e articulação do encontro.
Por fim, ficou definida que a próxima Audiência Pública não mais acontecerá no próximo dia 28 de dezembro - como chegou a ser cogitada pela Caern e Idema, num caso de clara falta de sintonia social observada a partir da data originalmente proposta. Prudentemente, a próxima reunião deverá acontecer em janeiro ou fevereiro - e que a data, o local e a hora sejam amplamente divulgadas nos meios de comunicação de grande circulação.
IMAGENS
A imagem acima foi extraída de pesquisas sobre Dinâmica Costeira no Litoral Potiguar, realizada pelo especialista Fernando Fortes, onde podemos perceber movimentos peculiares das correntes marinhas. Confira, nas duas imagens abaixo, o movimento das correntes marinhas em Ponta Negra:
A dispersão da pluma do efluente, nome que o esgoto recebe quando entra em contato com o mar, precisa ser redimensionada com base em estudos específicos sobre a dinâmica costeira observada em Natal - o litoral do RN, por estar em local estratégico onde 'o vento faz a curva', é caracterizado pela chamada "costa crenulada" (formações peculiares de baías e enseadas onde o comportamento marinho forma vórtices/espirais que podem trazer a pluma para perto do continente, fato que afeta diretamente a balneabilidade das praias).
Na imagem acima, temos o trajeto (em vermelho) previsto para o emissário submarino: a partir da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Rota do Sol, a tubulação contorna a Vila de Ponta Negra, corta o Morro do Careca e desemboca na praia de Alagamar (única praia selvagem do RN e grande reduto de pescadores).
Nesta última imagem, criada a partir das informações repassadas pelo professor Dr. Paulo Rosman durante o encontro promovido pela Caern, temos uma escala maior do litoral urbano de Natal com toda a simulação de funcionamento do emissário submarino: a partir da ETE, o esgoto segue com tratamento secundário até o emissário, que despejará cerca de 700 litros por segundo no mar a uma distância de 2,6 mil metros. A marca marrom representa a pluma, que se estenderá até a praia da Redinha.
Interessante é atentarmos para o seguinte detalhe: durante o dia a diluição do efluente é eficaz devido a incidência dos raios solares, já durante a noite... melhor começarmos a orar/rezar/meditar todas as noites para não corrermos risco de acordarmos com as praias contaminadas.
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