TRIBUNA DO NORTE - 22/nov/2009
Repórter: Sílvia Ribeiro Dantas
Ligando os bairros mais centrais de Natal à praia de Ponta Negra, a avenida Engenheiro Roberto Freire é também uma grande vitrine de negócios. A cada mês pipocam novos empreendimentos comerciais ao longo da via. Entretanto, investir na área não é garantia de sucesso. De acordo com empresários, a região é bastante atrativa, mas fatores como o alto preço cobrado pelos aluguéis e a sazonalidade típica do turismo podem inviabilizar alguns negócios ou impedir que outros deslanchem.
Dois exemplos do que ocorre com muitos dos empreendimentos abertos ao longo da Engenheiro Roberto Freire são os shoppings Orla Sul e Seaway. Ambos se mantiveram por pouco tempo com lojas voltadas ao varejo e enquanto o primeiro foi comprado por uma universidade particular para ampliar suas instalações, o segundo passou a concentrar prestadores de serviços, como imobiliárias, construtoras e terminais bancários.
O Orla Sul encerrou suas atividades no início deste mês, após quase quatro anos de funcionamento. Com um investimento de R$ 35 milhões, o shopping foi inaugurado para abrigar mais de 80 lojas e três salas de cinemas. Dentre os motivos que provocaram o fechamento do estabelecimento, os principais apontados pelo antigo administrador, Eduardo Patriota, teriam sido o ingresso do Midway Mall no mercado natalense e a chegada de vários hipermercados à Roberto Freire.
Para conseguir não ter o mesmo destino, o Seaway optou por modificar seu público-alvo. Aberto em fevereiro de 2004, principalmente com lojas de varejo e alimentação, atualmente o estabelecimento concentra empresas prestadoras de serviço. “Começamos bem voltados para estrangeiros, mas com a crise financeira internacional, o shopping teve que se adaptar ao público que mora na área. Agora queremos fortalecer o novo perfil, além de reabrir a praça de alimentação”, afirma o administrador do estabelecimento, José Barreto.
Diversidade
Tomada por estabelecimentos comerciais, não é de espantar que ao longo do corredor formado por lojas, postos de gasolina, farmácia, shoppings, galerias e restaurantes as histórias sejam tão diversas quanto os setores atendidos em toda a extensão da avenida.
Bastante lembrado como um dos casos de longevidade na área, o Praia Shopping completou 13 anos em 2009.
De acordo com a gerente de marketing do centro comercial, Danielle Leal, o estabelecimento se consolidou após diversas mudanças, que possibilitaram a adequação ao público da zona sul de Natal.
Para Danielle, a vantagem da Roberto Freire é cortar bairros cujos moradores têm alto poder aquisitivo e investem na qualidade de vida. “A desvantagem é termos que nos preparar para a sazonalidade do turismo, com épocas de alta rentabilidade e outras em que os visitantes são poucos”, avalia.
Outro exemplo duradouro é um sex shop que funciona no Dunas Shopping. A proprietária, Clair Petry, conta que chegou do Paraná há oito anos e abriu a loja em seguida. “Aqui é bom porque vem tanto turista quanto quem mora em Natal, trabalhamos perto da praia, de frente para o parque das dunas e com fácil acesso ao calçadão”, enumera Clair.
Funcionando há apenas dois anos e já consolidada em Natal, a churrascaria Sal e Brasa foi aberta na via após a percepção de que o local é um corredor próximo aos principais hotéis da cidade. “Tanto para o turista quanto para quem mora em Natal, o acesso é facílimo”, explica o sócio-gerente do restaurante, Claudiomiro Dal Pian.
Em situação bem diferente está o Espacial Mall. Para quem trafega pela via, com apenas uma loja funcionando, o centro passa a impressão de não estar sendo procurado por lojistas. Entretanto, o administrador do empreendimento, Benedito Dutra, afirma ter apenas uma loja ainda disponível para locação.
“Valores praticados são irreais”
A percepção dos comerciantes é confirmada pelo presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Waldemir Bezerra. Ele diz que pela via ser uma passagem obrigatória para os turistas que visitam a capital, é natural que seja bastante visada por empresários. “Podemos dizer que é a nossa avenida Paulista. Uma região muito valorizada para escritórios e estabelecimentos comerciais”, compara Bezerra.
O mesmo é revelado pelo diretor de uma imobiliária de Natal, Paulo Pinheiro. Ele é enfático ao dizer que estão sendo praticados valores irreais de aluguéis na Roberto Freire e explica que isso ocorre pelos donos dos imóveis terem a ideia de que a área é muito valorizada por concentrar turistas, sendo a melhor avenida de Natal para se abrir um negócio.
Pinheiro chama a atenção para o fato de os altos preços dos aluguéis não ficarem restritos aos imóveis comerciais e afetarem os bairros de Ponta Negra e Capim Macio como um todo. Porém, ele destaca que a tendência é que os valores sejam revistos em breve. “Ponta Negra hoje está voltando a ser um bairro de natalenses. Um apartamento que era vendido por R$ 180 mil, agora pode ser encontrado por R$ 130 mil. Só existem duas opções para aquela área: ou os proprietários baixam os preços dos aluguéis ou as lojas ao longo da avenida vão fechar”, ressalta Paulo Pinheiro.
Para o presidente do Sindicato de Empresas Imobiliárias do Rio Grande do Norte (Secovi), Renato Gomes, o fracasso de diversos empreendimentos na Engenheiro Roberto Freire não pode ser atribuído apenas ao alto valor pago pela locação do ponto, uma vez que o preço médio da região é equivalente ao cobrado em importantes vias de outras regiões da capital, como Hermes da Fonseca e Prudente de Morais. “Nas artérias principais da cidade, a situação é sempre a mesma e talvez o que esteja faltando para os empresários daquela área seja uma pesquisa de mercado antes de abrir os negócios”, opina Gomes.
Apostar na região exige cuidados
Antes de decidir apostar na avenida Engenheiro Roberto Freire, o empresário deve tomar alguns cuidados, alerta o gerente da unidade de orientação empresarial do Sebrae, Edwin Aldrin.
De acordo com Aldrin, é imprescindível levantar que tipos de empreendimentos já existem na região e se a sua ideia está alinhada com o público que circula pela área. Ele ressalta que a identificação do local onde o negócio será instalado é um dos últimos itens a serem levados em conta, durante o planejamento.
“Especificamente na Roberto Freire, temos que ver que o público tem bom poder aquisitivo e muitos turistas circulam por lá. Além de a área concentrar empresas grandes ou elitizadas”, diz.
Outras particularidades da avenida é estar em uma área nobre, o que exige alto investimento em relação ao terreno, impostos, custo operacional, segurança e ponto comercial. Além disso, a maioria das pessoas que transita pela via utiliza automóveis. “O que torna essencial a disponibilização de estacionamento, com fácil acesso. Por essas razões, tem que pensar muito bem e só investe lá quem tem bala na agulha”, completa.
Planejamento
O gerente de orientação empresarial lembra a importância de desenvolver um planejamento, baseado no público a ser atingido e investigando que tipo de serviços ou produtos os moradores da região gostariam de encontrar com mais facilidade. Edwin Aldrin enfatiza que mesmo aqueles empreendimentos voltados para o turismo devem estar preparados para atender também o público local, uma vez que o fluxo de visitantes varia ao longo do ano. “Acredito que muitos dos que não se mantém é por falta desse tipo de iniciativa prévia”, afirma.
Aldrin revela ainda acreditar que, atualmente, a área tenha maior carência no setor de serviços,
principalmente focado no público que mora no entorno e volta do trabalho no final do dia. "Aquela região, formada pelos bairros de Capim Macio, Cidade Jardim e Ponta Negra, ainda é muito residencial, mas a avenida continua carente de serviços essenciais, como borracharias e lavanderias”, avalia.
Dois exemplos do que ocorre com muitos dos empreendimentos abertos ao longo da Engenheiro Roberto Freire são os shoppings Orla Sul e Seaway. Ambos se mantiveram por pouco tempo com lojas voltadas ao varejo e enquanto o primeiro foi comprado por uma universidade particular para ampliar suas instalações, o segundo passou a concentrar prestadores de serviços, como imobiliárias, construtoras e terminais bancários.
O Orla Sul encerrou suas atividades no início deste mês, após quase quatro anos de funcionamento. Com um investimento de R$ 35 milhões, o shopping foi inaugurado para abrigar mais de 80 lojas e três salas de cinemas. Dentre os motivos que provocaram o fechamento do estabelecimento, os principais apontados pelo antigo administrador, Eduardo Patriota, teriam sido o ingresso do Midway Mall no mercado natalense e a chegada de vários hipermercados à Roberto Freire.
Para conseguir não ter o mesmo destino, o Seaway optou por modificar seu público-alvo. Aberto em fevereiro de 2004, principalmente com lojas de varejo e alimentação, atualmente o estabelecimento concentra empresas prestadoras de serviço. “Começamos bem voltados para estrangeiros, mas com a crise financeira internacional, o shopping teve que se adaptar ao público que mora na área. Agora queremos fortalecer o novo perfil, além de reabrir a praça de alimentação”, afirma o administrador do estabelecimento, José Barreto.
Diversidade
Tomada por estabelecimentos comerciais, não é de espantar que ao longo do corredor formado por lojas, postos de gasolina, farmácia, shoppings, galerias e restaurantes as histórias sejam tão diversas quanto os setores atendidos em toda a extensão da avenida.
Bastante lembrado como um dos casos de longevidade na área, o Praia Shopping completou 13 anos em 2009.
De acordo com a gerente de marketing do centro comercial, Danielle Leal, o estabelecimento se consolidou após diversas mudanças, que possibilitaram a adequação ao público da zona sul de Natal.
Para Danielle, a vantagem da Roberto Freire é cortar bairros cujos moradores têm alto poder aquisitivo e investem na qualidade de vida. “A desvantagem é termos que nos preparar para a sazonalidade do turismo, com épocas de alta rentabilidade e outras em que os visitantes são poucos”, avalia.
Outro exemplo duradouro é um sex shop que funciona no Dunas Shopping. A proprietária, Clair Petry, conta que chegou do Paraná há oito anos e abriu a loja em seguida. “Aqui é bom porque vem tanto turista quanto quem mora em Natal, trabalhamos perto da praia, de frente para o parque das dunas e com fácil acesso ao calçadão”, enumera Clair.
Funcionando há apenas dois anos e já consolidada em Natal, a churrascaria Sal e Brasa foi aberta na via após a percepção de que o local é um corredor próximo aos principais hotéis da cidade. “Tanto para o turista quanto para quem mora em Natal, o acesso é facílimo”, explica o sócio-gerente do restaurante, Claudiomiro Dal Pian.
Em situação bem diferente está o Espacial Mall. Para quem trafega pela via, com apenas uma loja funcionando, o centro passa a impressão de não estar sendo procurado por lojistas. Entretanto, o administrador do empreendimento, Benedito Dutra, afirma ter apenas uma loja ainda disponível para locação.
“Valores praticados são irreais”
A percepção dos comerciantes é confirmada pelo presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Waldemir Bezerra. Ele diz que pela via ser uma passagem obrigatória para os turistas que visitam a capital, é natural que seja bastante visada por empresários. “Podemos dizer que é a nossa avenida Paulista. Uma região muito valorizada para escritórios e estabelecimentos comerciais”, compara Bezerra.
O mesmo é revelado pelo diretor de uma imobiliária de Natal, Paulo Pinheiro. Ele é enfático ao dizer que estão sendo praticados valores irreais de aluguéis na Roberto Freire e explica que isso ocorre pelos donos dos imóveis terem a ideia de que a área é muito valorizada por concentrar turistas, sendo a melhor avenida de Natal para se abrir um negócio.
Pinheiro chama a atenção para o fato de os altos preços dos aluguéis não ficarem restritos aos imóveis comerciais e afetarem os bairros de Ponta Negra e Capim Macio como um todo. Porém, ele destaca que a tendência é que os valores sejam revistos em breve. “Ponta Negra hoje está voltando a ser um bairro de natalenses. Um apartamento que era vendido por R$ 180 mil, agora pode ser encontrado por R$ 130 mil. Só existem duas opções para aquela área: ou os proprietários baixam os preços dos aluguéis ou as lojas ao longo da avenida vão fechar”, ressalta Paulo Pinheiro.
Para o presidente do Sindicato de Empresas Imobiliárias do Rio Grande do Norte (Secovi), Renato Gomes, o fracasso de diversos empreendimentos na Engenheiro Roberto Freire não pode ser atribuído apenas ao alto valor pago pela locação do ponto, uma vez que o preço médio da região é equivalente ao cobrado em importantes vias de outras regiões da capital, como Hermes da Fonseca e Prudente de Morais. “Nas artérias principais da cidade, a situação é sempre a mesma e talvez o que esteja faltando para os empresários daquela área seja uma pesquisa de mercado antes de abrir os negócios”, opina Gomes.
Apostar na região exige cuidados
Antes de decidir apostar na avenida Engenheiro Roberto Freire, o empresário deve tomar alguns cuidados, alerta o gerente da unidade de orientação empresarial do Sebrae, Edwin Aldrin.
De acordo com Aldrin, é imprescindível levantar que tipos de empreendimentos já existem na região e se a sua ideia está alinhada com o público que circula pela área. Ele ressalta que a identificação do local onde o negócio será instalado é um dos últimos itens a serem levados em conta, durante o planejamento.
“Especificamente na Roberto Freire, temos que ver que o público tem bom poder aquisitivo e muitos turistas circulam por lá. Além de a área concentrar empresas grandes ou elitizadas”, diz.
Outras particularidades da avenida é estar em uma área nobre, o que exige alto investimento em relação ao terreno, impostos, custo operacional, segurança e ponto comercial. Além disso, a maioria das pessoas que transita pela via utiliza automóveis. “O que torna essencial a disponibilização de estacionamento, com fácil acesso. Por essas razões, tem que pensar muito bem e só investe lá quem tem bala na agulha”, completa.
Planejamento
O gerente de orientação empresarial lembra a importância de desenvolver um planejamento, baseado no público a ser atingido e investigando que tipo de serviços ou produtos os moradores da região gostariam de encontrar com mais facilidade. Edwin Aldrin enfatiza que mesmo aqueles empreendimentos voltados para o turismo devem estar preparados para atender também o público local, uma vez que o fluxo de visitantes varia ao longo do ano. “Acredito que muitos dos que não se mantém é por falta desse tipo de iniciativa prévia”, afirma.
Aldrin revela ainda acreditar que, atualmente, a área tenha maior carência no setor de serviços,
principalmente focado no público que mora no entorno e volta do trabalho no final do dia. "Aquela região, formada pelos bairros de Capim Macio, Cidade Jardim e Ponta Negra, ainda é muito residencial, mas a avenida continua carente de serviços essenciais, como borracharias e lavanderias”, avalia.
1 comentários:
Não podemos é sobreviver ao caos do trânsito nesta via.
Mas algumas coisas podem ser feitas imediatamente, praticamente sem custo:
1. Retirar o estacionamento em frente ao Nordestao.
2. Deslocar a entrada do estacionamento do Nordestao para a via lateral.
3. Transformar em mão única a via lateral do Nordestao e lojas Insinuante. Quem sai para a Roberto Freire naquele ponto tumultua aquele ponto que é um verdadeiro no.
4. Fechar a saída do Favorito direto para a Roberto Freire.
5. Proibir estacionamento em qualquer ponto da via do lado do bairro Capim Macio.
6. Transformar em preferencial a rua por trás do Nordestao.
7. Colocar um semáforo apenas na via obstruída no lado oposto à farmácia Pague Menos.
8. Além de outras pequenas coisas que um bom engenheiro de tráfego em alguns minutos percebe.
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