Obras na orla somam mais de R$2,3 milhões
Tribuna do Norte - 01 de Julho de 2011
Margareth Grilo
repórter
De Ponta Negra à Praia do Forte, partes do passeio público deram lugar, nos últimos anos, a crateras. Sucessivamente, elas foram surgindo. Uma após outras. Algumas maiores, que chegaram a 100 metros, como a que abriu na praia de Areia Preta, em fevereiro deste ano, outras menores, de 20 metros, como a que abriu na praia do Meio, na altura do Hotel Reis Magos, em janeiro do ano passado.
Emanuel AmaralDesde 2007, a orla entre Ponta Negra e Praia do Forte se transformou num canteiro de obras paliativas que nunca acabam
O fato é que o desmoronamento é algo recorrente na orla das praias urbanas de Natal. E enquanto o município não coloca a mão nos prometidos recursos do Prodetur, da ordem de R$ 77 milhões, para urbanização de toda a orla marítima de Natal, as obras paliativas já consumiram, de agosto de 2008 até agora, R$ 2.328.423,13.
O levantamento foi feito pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE com base em publicações de contratos no Diário Oficial do município, no período citado. As obras referem-se a reconstrução e contenção das estruturas de concreto, e de recuperação das calçadas, desgastadas pela ação do tempo e das chuvas. Algumas, chegaram a ser finalizadas; outras estão ainda estão em execução.
No momento, são três as obras em andamento: a reconstrução do paredão e calçadão das praias do Forte/Meio e de Areia Preta; e a de recuperação do calçadão de Ponta Negra, que também deve receber adequações de acessibilidade. No caso da obras das praias do Meio e do Forte, o contrato vem desde maio de 2010, quando a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur) contratou a construtora LL Arquitetura, por R$ 67,4 mil.
A empresa iniciou a execução da obra, mas no decorrer do serviço outras crateras mais profundas abriram e ela desistiu do contrato, alegando dificuldades técnicas. Em novembro do mesmo ano, a prefeitura fez um contrato emergencial e contratou a Vecom Construções. Mas a obra parou em dezembro por falta de dotação orçamentária e só foi retomada agora em junho. A ordem de reinício da obra saiu dia 16 e no dia 29 foi publicado um aditivo, elevando o valor em 49,88%.
Recuperar esses dois trechos da orla das praias do Meio (em frente ao hotel Reis Magos) e do Forte (próximo a Santos Reis) custarão aos cofres públicos mais de R$ 629 mil. Ontem, o secretário da Semsur, Cláudio Henrique Pessoa Porpino, e a chefe do setor de Operações, a engenheira civil, Jailene carvalho, explicaram que essa majoração deve-se a inclusão de novos itens.
Trechos que apresentaram erosão no decorrer do contrato e durante o período que a obra ficou parada (seis meses) foram acrescentados ao contrato e, por isso, o acréscimo de valores, explicou a engenheira. Ela informou que a empresa já recebeu R$ 238.172,96, da primeira medição 908/11/2010) e R$ 123.748,18, da segunda (06/12/2010). Dois dias, depois a obra parou.
Em alguns pontos dessa orla, a reconstrução das muretas de proteção e piso se dá pela terceira vez. "O calçadão tem cerca de 15 anos e é natural que, ao longo do tempo, com as fortes ressacas e a maresia, precise de reparos. Não temos como demolir tudo agora e fazer de uma só vez. Hoje nós fazemos a manutenção, que é o correto", disse a engenheira.
Segundo Cláudio Porpino até final de agosto a orla, da praia de Areaia Preta à do Forte, está recuperada, com nova iluminação. Sobre uma reestruturação geral do calçadão, de Ponta Negra à Redinha, incluindo a Ponta do Morcego, inclusive com todas as adequações de acessibilidade e banheiros, ele disse que só será possível com os recursos do Prodetur.
"Até a Copa, essa restruturação deve ser feita", afirmou. Em Areia Preta, a construtora Engecal já realizou 30% das obras de recuperação e reforço estrutural de contenção (do paredão). Orçada em R$ 498 mil, a obra tem previsão de conclusão para 18 de agosto. O reforço está sendo feito em 160 metros - 100 metros na área da cratera e em 230 metros para cada lado, por segurança. Iniciada em fevereiro, a obra já foi suspensa por cerca de 20 dias por causa das chuvas.
Obras de acessibilidade em Ponta Negra estão paradas
Em Ponta Negra, as obras de recuperação do calçadão e adequações de acessibilidade estão paradas há mais de um mês. O contrato foi iniciado em abril de 2009, há mais de dois anos, e até agora somente a reposição das pedras portuguesas foi concluída. Há pouco mais de 15 dias. Ao longo dessa orla foram construídas quatro rampas de acesso à praia, mas estão todas inacabadas.
Além disso, os corrimões e rampas de acesso ao calçadão não chegaram a ser concluídos, com a sinalização que devem ter. Em alguns trechos, as escadarias também estão inacabadas e as que foram concluídas estão quebradas. Segundo o secretário de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), João Bosco Afonso, cerca de 15% da obra foi realizada. A empresa Kizo Construções recebeu pouco mais de R$ 50 mil, em duas medições feitas. "Na terceira medição ela teve problemas de certidão e atrasou. Tem mais de um mês que regularizou a situação".
Bosco Afonso informou que a Semurb estuda cancelar o contrato e abrir nova licitação. A obra está orçada em R$ 483 mil. Este contrato, segundo o secretário anterior, Olegário Passos, já teve sete aditivos de tempo - sem mudanças de valores - por conta da falta de verbas. Ao longo da orla, pedestres reclamam das constantes quedas do calçadão e da morosidade dos serviços de recuperação da via.
"Desde janeiro que as escadarias e rampas estão quebradas ou inacabadas. Já caiu muita gente nesse buraco", afirmou Josimar Bernardo da Silva, 64 anos. Essa rampa inacabada fica próximo ao quiosque 11. O comerciante relatou que no dia anterior por pouco não houve acidente grave. "Um senhor estava caminhando e não vi o buraco. O pé dele entrou até a canela, não sei como não quebrou"
0 comentários:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.