Depois da ponte, o paraíso
Diário de Natal - 03 de Setembro de 2011
O ritmo de ocupação da Redinha foi crescendo à medida que a ponte era erguida no leito do Rio Potengi. A construção facilitou o acesso e mudou o cenário da praia
Se alguns moradores gostaram das mudanças na Redinha, outros, nem tanto. É o caso do funcionário público João do Nascimento, que antes era pescador, mas teve que se dedicar a outra profissão, devido ao crescimento do bairro. "Não há mais espaço para o pescador trabalhar e viver. As barracas de praia tomaram conta de quase toda a orla. A Redinha melhorou nas condições de moradia, mas para o trabalho a situação ainda está difícil", afirma ele.
No que diz respeito ao crescimento imobiliário, a mudança na Redinha também foi visível, tanto na quantidade dos novos moradores, quanto na classe financeira deles. "Antes, tinha mais gente de baixa renda morando nas casas, agora, são mais pessoas bem abastadas mesmo. Não são muitos apartamentos ou condomínios, mas as casas são bem maiores, as pessoas têm mais condição financeira", aponta outro pescador, João Batista.
Para que a Redinha se transforme em um bairro elitizado como Ponta Negra, porém, ainda é preciso mudar muito, conforme apontam os moradores. "A valorização imobiliária já existe, mas aqui ainda há desorganização por parte do poder público. Não adianta só construir um mercado melhor e levantar esses quiosques para os comerciantes, é necessário também organizar e fiscalizar o comércio e isso ainda não está sendo bem feito na Redinha", afirma João Batista.
HistóricoCom mais de 400 anos, a Redinha é uma das regiões mais antigas do litoral potiguar. As primeiras referências à localidade estão datadas ainda de 1603, no texto de sesmaria, concedida ao vigário do Rio Grande, Gaspar Gonçalves Rocha, por João Rodrigues Colaço. O recanto próximo ao Forte dos Reis Magos era tradicionalmente uma área de pesca dos capitães-mores.
Redinha recebeu o nome em homenagem a uma localidade homônima, em Portugal. A igreja das pedras pretas foi construída em 1954, de costas para o mar, um erro imperdoável para muitos dos pescadores, que decidiram continuar a frequentar apenas a capela de Nossa Senhora dos Navegantes, erguida ainda em 1922. Em 1937, com pedras do mar, assim como a igreja das pedras pretas, foi construído o Redinha Clube, local para festas de veranistas e moradores (pescadores) do local.
Atualmente bairro e dividido entre duas cidades - a Redinha Velha, em Natal, e a Nova, de Extremoz - a praia é local para diversas manifestações da cultura popular. Entre elas, o Bloco dos Cão, que há mais de 40 anos anima o carnaval do litoral Norte. Na Redinha consta ainda parte das Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs) 8 e 9. É denominada ainda uma área do bairro como Área Especial de Interesse Turístico (ZET) 4. O bairro tem 60% drenados e pavimentados e sua orla (na área da chamada Redinha Velha) passou recentemente por um processo de urbanização.
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