SOB O RISCO DE CAIR NA LEI DA FICHA LIMPA, VEREADORES CONDENADOS NA OPERAÇÃO IMPACTO LANÇAM PARENTES PENSANDO EM TRANSFERIR VOTOS CASO SEJAM BARRADO
Texto: RAFAEL DUARTE
DO NOVO JORNAL
DO NOVO JORNAL
A APLICAÇÃO DA lei da
Ficha Limpa tem levado candidatos com problemas na Justiça a buscar
alternativas para seguir com poderes na política. Parte dos réus
condenados no processo ajuizado a partir da operação Impacto usará as
candidaturas de parentes próximos como estepe. Assim, caso a lei seja de
fato aplicada e os condenados não possam mesmo concorrer à eleição,
todos os esforços da campanha serão transferidos ou divididos com filhos
e esposas. Dos quatro vereadores da atual legislatura de Natal
condenados por vender o voto na revisão do Plano Diretor de Natal em
2007, pelo menos dois já comentaram com colegas da Câmara Municipal que
vão usar a estratégia de apoiar parentes na eleição diante da
possibilidade de serem impedidos pela Justiça Eleitoral.
Adão Eridan
(PR) e Adenúbio Melo (PSB) inscreveram como candidatos o filho e a
mulher, respectivamente, como alternativa para tentar manter sob seus
domínios a cadeira que ocupam na Câmara Municipal. Procurados pelo NOVO
JORNAL, os dois admitiram a estratégia, mas garantem que confiam na
Justiça e ainda esperam ser absolvidos. “O registro (da minha esposa)
quem dita sou eu. Com certeza ela vai (ser candidata) se a Justiça não
me deixar. Até porque não tem como sair os dois, né? É muito caro. Mas
botei ela também porque não sabia se o PSB ia me dar a legenda depois
que votei contra as contas do ex-prefeito Carlos Eduardo. Independente
disso acredito na Justiça e em Deus que vai dar tudo certo.
Estamos
torcendo”, afirmou o Adenúbio Melo, marido de Janderre Franco de Araúo
Melo, que não quis dar mais detalhes da candidatura. “Estou conversando
com meus advogados agora justamente para resolver isso”, comentou.
Adão Eridan é pai de Jonatas Moabe Silva de Andrade e também admite o
plano. Ele conta ainda que, além do filho, também registrou a
candidatura da nora. Mas sobre isso revela uma história curiosa que
mostra o quão distante as mulheres estão do mesmo patamar dos homens na
política. “Vou explicar: para candidatar dez pessoas, três têm que ser
mulher. Aí botei minha nora, uma amiga e uma funcionária que trabalha
com a gente. Mas é apenas para constar, não vou pedir voto para elas
não”, explicou.
Outro vereador que vive situação
semelhante é Dickson Nasser. Apesar de já ter anunciado que não vai
concorrer este ano, Nasser também foi punido pela Justiça no mesmo
processo e decidiu apoiar um filho. Em 2010, ele ajudou a eleger
deputado estadual o filho mais velho, Dibson Nasser, e agora tenta
firmar a dobradinha na Câmara Municipal com Dickson Júnior, publicitário
que nunca concorreu a um cargo eletivo antes. O NOVO JORNAL ligou para
os telefones do vereador, mas ele não atendeu nenhuma das ligações.
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