Marco Carvalho e Sara Vasconcelos - Repórteres
O Governo do Estado não possui um mapeamento do consumo de crack na capital do Rio Grande do Norte. Droga que vem se alastrando pelo país e causando efeitos devastadores na população que a consome, o crack não tem seus compradores identificados pelos bairros de Natal. Para a Secretaria Estadual da Segurança Pública (Sesed), o levantamento de tais informações não é o principal fator que influenciará no combate ao consumo do entorpecente. Segundo o secretário adjunto de segurança, Clidenor Cosme da Silva Júnior, não existe local em Natal que se configure como "cracolândia", espaços de consumo livre, a céu aberto, com grande número de usuários.
Para o secretário adjunto de segurança, não há no Brasil formas de medir o consumo do crack. "Em alguns países existe uso de tecnologia que analisa a água e o esgoto para medir a incidência de drogas. Aqui em Natal, poderia medir por meio da quantidade de apreensões de drogas, entretanto, não há um zoneamento", informou.
Mesmo ficando distante da realidade de consumo de drogas a céu aberto vista em São Paulo, Natal registra as suas "cracolândias" em menores proporções. Em pelo menos um ponto apontado pelo Instituto FioCruz, a equipe de reportagem da TRIBUNA DO NORTE esteve presente e pôde constatar o comércio e o consumo do entorpecente a céu aberto. Flagrar atitudes como essa não é difícil até mesmo para quem passa pela primeira vez pelo local. Os traficantes e consumidores não fazem questão de se esconderem para usar o crack.
Na manhã de ontem, um grupo se reunia no bairro Dix-Sept Rosado, zona Oeste de Natal, para fazer uso da droga. Na rua Professor Josino Macedo, homens e mulheres, alguns jovens, compartilhavam cachimbos, isqueiros e pedras do crack. A fumaça branca era percebida, assim como o seu efeito. Uma jovem dançava ao som de uma música imaginária e discutia com o próprio reflexo no vidro de um carro estacionado. Não demorou muito para o "barato" passar e o grupo se reunir novamente para fumar outra pedra.
Plano Estadual de Combate à Droga não sai do papel
O Plano Estadual de Enfrentamento ao Crack e outras drogas nunca chegou a se materializar e ter efeitos práticos para a população potiguar. O Comitê Gestor, designado para ser responsável pela elaboração e implantação do plano, sequer chegou a se reunir para traçar as diretrizes do tema no Estado. Depois de mais de um ano de tal designação, foi anunciado que o planejamento estadual será deixado de lado com a implantação do Plano Nacional de Combate ao Crack.
As informações foram repassadas pelo presidente do Conselho Estadual de Entorpecentes (Conen), Magnus Barreto. O presidente do Conen esclarece que o conselho não possui atribuição executiva, tendo a responsabilidade de deliberar políticas sobre o enfrentamento a drogas e intermediar contato com outras entidades não-governamentais.
Durante o mês de dezembro passado, o Governo Federal anunciou um conjunto de ações do governo federal para enfrentar o crack e as outras drogas. Com investimento de R$ 4 bilhões da União e articulação com estados, Distrito Federal e municípios, além da participação da sociedade civil, a iniciativa tem o objetivo de aumentar a oferta de tratamento de saúde e atenção aos usuários drogas, enfrentar o tráfico e as organizações criminosas e ampliar atividades de prevenção.
As ações estão estruturadas em três eixos: cuidado, autoridade e prevenção. Na área da saúde, o plano prevê a estruturação da rede de cuidados Conte Com a Gente, que auxiliará os dependentes químicos e seus familiares na superação do vício e na reinserção social. A rede é composta de equipamentos de saúde distintos, para atender os pacientes em situações diferentes. As ações policiais irão se concentrar em duas frentes: nas fronteiras e nas áreas de uso de drogas, nos centros consumidores.
Uma das novidades do plano é a criação de enfermarias especializadas nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). Até 2014, o Ministério da Saúde repassará recursos para que estados e municípios criem 2.462 leitos, que serão usados para atendimentos e internações de curta duração durante crises de abstinência e em casos de intoxicações graves. Para estimular a criação destes espaços, o valor da diária de internação crescerá 250% - de R$ 57 para R$ 200. Ao todo, serão investidos R$ 670,6 milhões. As informações foram obtidas através da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, Senad, do Ministério da Justiça.
Crack está em quase 90% das cidades
Levantamento realizado no ano passado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) em 4430 das 5565 cidades brasileiras mostrou que o crack é consumido em 91% delas. No Rio Grande do Norte, dos 121 municípios pesquisados, foi constatado a incidência do crack em 108. A plataforma de informações lançada pela CNM traz a geografia do consumo de crack no Brasil.
A CNM montou mapas onde é possível observar o nível de uso da droga e defini-lo como alto, médio ou baixo. Cidades da Região Metropolitana, como São Gonçalo do Amarante, Ceará-Mirim e Macaíba, destacaram-se negativamente ao aparecer com elevado nível de consumo do entorpecente. Outros municípios do interior do Estado, como Parelhas, Caraúbas, São Tomé e Baía Formosa, também registraram o nível mais alto de incidência da droga.
O estudo também analisa as estrutura relativas ao atendimento e tratamento de pessoas dependentes químicas, como a presença de centros de atenção psicossocial (Caps). Serviços de assistência social, através dos centros de referências (CRAS e CREAS), também são contabilizados.
O Governo do Estado não possui um mapeamento do consumo de crack na capital do Rio Grande do Norte. Droga que vem se alastrando pelo país e causando efeitos devastadores na população que a consome, o crack não tem seus compradores identificados pelos bairros de Natal. Para a Secretaria Estadual da Segurança Pública (Sesed), o levantamento de tais informações não é o principal fator que influenciará no combate ao consumo do entorpecente. Segundo o secretário adjunto de segurança, Clidenor Cosme da Silva Júnior, não existe local em Natal que se configure como "cracolândia", espaços de consumo livre, a céu aberto, com grande número de usuários.
adriano abreuSem ação pública que combata o uso ou a venda, crack se espalha pelo RN
A Sesed não reconhece o estudo conduzido pelo Instituto FioCruz e pela Secretaria Nacional Antidrogas, divulgado esta semana pelo jornal O Estado de São Paulo. De acordo com o levantamento, Natal possui três zonas com alta densidade de usuários da droga, localizadas nos bairros de Potengi, Quintas e Praia do Meio. De acordo com o estudo, a capital potiguar também apresenta concentração de usuários, mas em menor quantidade, nos bairros de Capim Macio e Ponta Negra. "Não sei qual foi a metodologia utilizada. Não sei se foi medido através das apreensões registradas. O local de consumo não representa o local da negociação da droga, do tráfico", declarou Silva Júnior. O mapeamento pesquisou 16 das 26 capitais do país, além do Distrito Federal. Além de Natal também foram analisadas a densidade de usuários de crack nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, João Pessoa, Porto Alegre, Florianópolis, Salvador, Distrito Federal, Cuiabá, Vitória, Rio Branco, Manaus, Boa Vista, Macapá, Belém, São Luís e Teresina. A equipe de reportagem da TRIBUNA DO NORTE procurou o Ministério da Justiça para ter acesso a detalhes do estudo. No entanto, a demanda realizada não foi atendida até o horário de fechamento desta edição.Para o secretário adjunto de segurança, não há no Brasil formas de medir o consumo do crack. "Em alguns países existe uso de tecnologia que analisa a água e o esgoto para medir a incidência de drogas. Aqui em Natal, poderia medir por meio da quantidade de apreensões de drogas, entretanto, não há um zoneamento", informou.
Mesmo ficando distante da realidade de consumo de drogas a céu aberto vista em São Paulo, Natal registra as suas "cracolândias" em menores proporções. Em pelo menos um ponto apontado pelo Instituto FioCruz, a equipe de reportagem da TRIBUNA DO NORTE esteve presente e pôde constatar o comércio e o consumo do entorpecente a céu aberto. Flagrar atitudes como essa não é difícil até mesmo para quem passa pela primeira vez pelo local. Os traficantes e consumidores não fazem questão de se esconderem para usar o crack.
Na manhã de ontem, um grupo se reunia no bairro Dix-Sept Rosado, zona Oeste de Natal, para fazer uso da droga. Na rua Professor Josino Macedo, homens e mulheres, alguns jovens, compartilhavam cachimbos, isqueiros e pedras do crack. A fumaça branca era percebida, assim como o seu efeito. Uma jovem dançava ao som de uma música imaginária e discutia com o próprio reflexo no vidro de um carro estacionado. Não demorou muito para o "barato" passar e o grupo se reunir novamente para fumar outra pedra.
Plano Estadual de Combate à Droga não sai do papel
O Plano Estadual de Enfrentamento ao Crack e outras drogas nunca chegou a se materializar e ter efeitos práticos para a população potiguar. O Comitê Gestor, designado para ser responsável pela elaboração e implantação do plano, sequer chegou a se reunir para traçar as diretrizes do tema no Estado. Depois de mais de um ano de tal designação, foi anunciado que o planejamento estadual será deixado de lado com a implantação do Plano Nacional de Combate ao Crack.
As informações foram repassadas pelo presidente do Conselho Estadual de Entorpecentes (Conen), Magnus Barreto. O presidente do Conen esclarece que o conselho não possui atribuição executiva, tendo a responsabilidade de deliberar políticas sobre o enfrentamento a drogas e intermediar contato com outras entidades não-governamentais.
Durante o mês de dezembro passado, o Governo Federal anunciou um conjunto de ações do governo federal para enfrentar o crack e as outras drogas. Com investimento de R$ 4 bilhões da União e articulação com estados, Distrito Federal e municípios, além da participação da sociedade civil, a iniciativa tem o objetivo de aumentar a oferta de tratamento de saúde e atenção aos usuários drogas, enfrentar o tráfico e as organizações criminosas e ampliar atividades de prevenção.
As ações estão estruturadas em três eixos: cuidado, autoridade e prevenção. Na área da saúde, o plano prevê a estruturação da rede de cuidados Conte Com a Gente, que auxiliará os dependentes químicos e seus familiares na superação do vício e na reinserção social. A rede é composta de equipamentos de saúde distintos, para atender os pacientes em situações diferentes. As ações policiais irão se concentrar em duas frentes: nas fronteiras e nas áreas de uso de drogas, nos centros consumidores.
Uma das novidades do plano é a criação de enfermarias especializadas nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). Até 2014, o Ministério da Saúde repassará recursos para que estados e municípios criem 2.462 leitos, que serão usados para atendimentos e internações de curta duração durante crises de abstinência e em casos de intoxicações graves. Para estimular a criação destes espaços, o valor da diária de internação crescerá 250% - de R$ 57 para R$ 200. Ao todo, serão investidos R$ 670,6 milhões. As informações foram obtidas através da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, Senad, do Ministério da Justiça.
Crack está em quase 90% das cidades
Levantamento realizado no ano passado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) em 4430 das 5565 cidades brasileiras mostrou que o crack é consumido em 91% delas. No Rio Grande do Norte, dos 121 municípios pesquisados, foi constatado a incidência do crack em 108. A plataforma de informações lançada pela CNM traz a geografia do consumo de crack no Brasil.
A CNM montou mapas onde é possível observar o nível de uso da droga e defini-lo como alto, médio ou baixo. Cidades da Região Metropolitana, como São Gonçalo do Amarante, Ceará-Mirim e Macaíba, destacaram-se negativamente ao aparecer com elevado nível de consumo do entorpecente. Outros municípios do interior do Estado, como Parelhas, Caraúbas, São Tomé e Baía Formosa, também registraram o nível mais alto de incidência da droga.
O estudo também analisa as estrutura relativas ao atendimento e tratamento de pessoas dependentes químicas, como a presença de centros de atenção psicossocial (Caps). Serviços de assistência social, através dos centros de referências (CRAS e CREAS), também são contabilizados.
1 comentários:
acesse:blogtdrogas vivendo nas trevas
não espero pelo governo
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