Ponta Negra, como qualquer outra praia em qualquer lugar do mundo, está sujeita a sofrer as consequências da ação violenta da natureza. Não é novidade que, em decorrência de fatores climáticos e ambientais, o mar está avançando até a costa.
Ocorre no RN e em inúmeros locais, no mundo inteiro. Fazer esse registro antes é importante para destacar: embora pouco possa ser feito, a princípio, para conter as reações da natureza, muito poderia ser feito pelos gestores públicos para que essa invasão da costa não resultasse em prejuízos, ainda que visuais – que não são poucos e, pior, custam caro.
Faz tempo as praias urbanas de Natal vêm sofrendo problemas no seu calçamento, ora porque, segundo especialista, as pedras com as quais foram assentadas, embora caras, vistosas e semelhantes a utilizadas em outras regiões do país com topografia parecida, não se adaptam ao tipo de solo; ora porque os gestores público não têm sido ágeis o suficiente para executar os reparos a tempo de os buracos não crescerem e se transformarem em verdadeiras crateras.
Sem desconhecer que é, sim, um problema lidar com os transtornos atuais da natureza, não é possível admitir, sem dose de espanto, que a prefeitura assista à destruição de Ponta Negra sem dispor de instrumento que permita urgência em recompor os estragos.
Trata-se da praia urbana mais importante da cidade e a mais visitada e fotografada pelos turistas. Abandoná-la ou permitir a lentidão nos procedimentos de recuperação física dos trechos destruídos soa como desatenção e desleixo. Equivale ao cidadão, por mais dificuldades que possa estar atravessando, entregar sua residência à imundície.
Não se trata de defender maquiagem ou pequenos consertos de fachada – os remendos que não resistem à próxima neblina -, mas de estabelecer prioridades. Por mais dificuldades financeiras que se reconheça e por mais prioridades que existam, custa entender o papel que o turismo, atividade entre as que mais movimentam a economia potiguar, representa dentro desse quadro geral. Parece irrelevante, o que não é.
Não é fácil reerguer todo o calçamento decomposto nos últimos meses. Nem se pode exigir que isso seja feito à revelia dos processos legais. Mas, do mesmo modo, não parece correto que se observe o ocaso de Ponta Negra sem que a indignação seja seguida de providências urgentes. Trata-se de um patrimônio da cidade, o mais charmoso cartão de visitas. Do jeito que está, é uma imagem que queima o filme.
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