Arraia gigante agoniza e morre em Ponta Negra
Repórter: Ana Paula Costa
Foto: Ana Amaral
O animal foi golpeado diversas vezes pelos pescadores que tentaram tirar a arraia do mar e retalhar o pescado
Uma arraia de aproximadamente três metros de largura e um metro e meio de comprimento virou atração turística durante todo o dia de ontem na praia de Ponta Negra. O animal, da espécie manta birostris, apareceu preso à rede de pescadores e foi muito maltratado durante toda a manhã até a chegada da Polícia Ambiental e do Corpo de Bombeiros e não resistiu aos ferimentos morrendo por volta das 15h. Uma pessoa foi presa com um arpão e notificada por crime ambiental.
As primeiras testemunhas viram a arraia nas proximidades do Morro do Careca no início da manhã. Segundo contaram aos policiais, três barcos de pescadores trouxeram o animal até a costa e por não conseguirem levar o animal até a embarcação o abandonaram. Vários curiosos começaram a cercar o bicho e a judiar do animal.
Quando o biólogo do aquário Natal, Douglas Brandão, chegou ao local, constatou que o estado do animal era muito ruim. Ela estava com um arpão preso nas costas, cega de um olho e havia tido sua cauda decepada. ‘‘Infelizmente não temos muito o que fazer, não é como um mamífero que podemos levar para ser tratado no aquário, vamos apenas observar e impedir que o animal sejam mal-tratado’’, declarou.
Durante todo o início da tarde o animal ia mais para o fundo e vinha até a margem atraindo a atenção de centenas de curiosos entre natalenses e turistas. Como do caicoense Joselucio Medeiros. ‘‘É impressionante, uma imagem perfeita, queria ter coragem para chegar mais perto’’, declarou. Mas não era só admiração que se via entre os curiosos, a turista italiana Bete disse que estava na praia desde as 9h e estava indignada por não ter nenhum órgão de proteção aos animais. ‘‘Meu filho estava com uma prancha acompanhando o animal tentando impedir que as pessoas fizessem mal a ele’’, falou.
Mas quem realmente se mostrou revoltada com o acontecido e acompanhou a ação até o final foi a bióloga goianiense, Natália Machado. ‘‘Deixar esse anima aqui é um crime ambiental, não se deve incentivar a outros pescadores fazerem uma crueldade como essa’’, defendeu.
A bióloga do Ibama, Letícia Rodrigues, explicou que a arraia, mais conhecida como Jamanta é da espécie manta birostris, fêmea e adulta e que não costuma ficar próxima a costa. ‘‘É um animal que demora a reproduzir e está ameaçado de extinção, é uma pena vê-lo assim’’, explicou.
A demora na chegada de um barco que rebocasse o animal para o auto mar fez com que, por volta das 15h, o animal morresse na beira da praia. E então uma questão foi levantada. O que fazer com a carne? Pescadores defendiam que a carne fosse rateada entre a comunidade carente e os biólogos, que ela fosse devolvida ao mar.
Depois de muita discussão a bióloga chefe da reserva biológica do Atol das Rocas, Zélia Brito, em conversa com a superintendência do Ibama, resolveu devolver o animal ao mar. ‘‘Distribuir essa carne, sem ter como atestar o bom estado para consumo seria um ato irresponsável, além disso é um animal ameaçado de extinção’’, ponderou. Por volta das 17h uma embarcação da Marinha começou a rebocar a arraia para alto mar. O rapaz que foi preso seria levado no início da noite a uma delegacia onde seria notificado pelo crime ambiental podendo pagar multa. Os responsáveis não divulgaram a identidade do homem.
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