TRIBUNA DO NORTE - 09/fav/2010
O engenheiro civil Roberto Torres, responsável pela CTE Engenharia, está desolado. O motivo é o mais recente capítulo da novela “espigões de Ponta Negra”, que se arrasta há mais de quatro anos. Após a liberação e posterior anulação do alvará que permitia ao grupo construir o empreendimento Costa Brasilis (também chamado de Flat da Vila), Roberto Torres afirma que o nível de insegurança jurídica em Natal chegou ao limite. “Penso seriamente em desistir da cidade. A insegurança jurídica está inviabilizando Natal”, afirma.
Para que se possa entender de forma mais clara, Roberto Torres dá um exemplo. “Você adquire um apartamento comprado na planta. Começa a pagar com sacrifício, vende alguma coisa, um carro, pra poder dar a entrada e vai pagando. Depois de um tempo, chega a Prefeitura e diz: desculpa, foi um engano, essa obra não pode acontecer. Como você iria se sentir? É um absurdo”, conta. O nível de exasperação com a burocracia do sistema faz o responsável pela CTE Engenharia descredenciar Natal como alvo de investimento. “Não recomendo. Estamos às portas de uma Copa do Mundo e vai ter investidor que vai querer colocar dinheiro em qualquer outra sede, que não Natal”, diz.
O ressentimento da construtora tem endereço certo. Para a CTE Engenharia, o laudo produzido por quatro professores da UFRN, a partir de um convênio entre Ministério Público e Funpec, levou a prefeita Micarla de Sousa a um erro de avaliação. “É preciso dizer de uma vez por todas que esse empreendimento sequer apareceria no cartão-postal do Morro do Careca. Do calçadão de Ponta Negra, sequer daria para visualizá-lo”, diz.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE intervém na fala de Roberto Torres nesse momento da entrevista, concedida por telefone, para lembrá-lo que a argumentação do Ministério Público fala em Morro do Careca e dunas associadas. Ou seja, não se trata apenas da “frente” do Morro, mas do complexo de dunas que compõe o “monumento natural”. “Isso é subjetivo. De Pirangi dá pra ver um sem número de prédios na frente da “Barreira do inferno”, que também é uma formação dunar. Existe uma ponte que impede de ver as dunas de Jenipabu. Isso precisa estar definido em lei”, contra-argumenta.
Aquilo que Roberto Torres chama de “imprecisão” já é, na sua própria avaliação, motivo para uma fuga de investimentos na cidade. “Quando eu cheguei aqui em 2007, haviam pelo menos 16 grandes projetos de resorts, campos de golfe, enfim, projetos de grande porte. Hoje, não existe um projeto sequer, não só em Natal, mas em todo o Estado”, encerra.
Roberto Torres » Engenheiro
A CTE Engenharia procurou a TRIBUNA DO NORTE para “esclarecer” matéria veiculada no último sábado, que dizia que a construtora questionava a isenção da UFRN para atestar em laudo o impacto sobre a paisagem do Morro do Careca. O engenheiro Roberto Torres disse que não tinha conhecimento do laudo da Universidade – apesar de considerá-lo impreciso – e que reconhece a excelência da UFRN.
Qual a sua opinião sobre o laudo apresentado pelo Ministério Público?
Não podemos dar uma opinião mais aprofundada porque não tivemos acesso a esse laudo. O único acesso que tivemos foi que saiu na primeira página da TN de sexta-feira, onde mostram seis prédios para mostrar o impacto de um único prédio, que é o mais distante de todos. Isso não é correto.
Se vocês não tiveram acesso como se embasaram pra dizer que o laudo é suspeito (a CTE distribuiu nota à imprensa)?
Porque o laudo tem seis prédios, enquanto deveria ter apenas um. Enquanto nós mostramos um laudo com apenas um prédio feito pelo representante do Instituto de Arquitetos do Brasil. Isso foi no Complan, onde o projeto foi aprovado, inclusive com a presença de um representante legalmente constituído da UFRN. O nosso estudo foi feito de forma bastante embasada. É uma coisa séria.
O senhor acha que outra Universidade deveria ter feito o estudo?
O estudo deveria ter sido feito por pesquisadores que não estivessem próximos a essa polêmica. O estudo tem que ser técnico, sem contaminação do noticiário, da polêmica.
O senhor não acha que a crítica atinge a instituição?
Eu acho que o MP deveria ter pedido o estudo para uma Universidade que não estivesse contaminada... A Universidade é uma instituição íntegra, respeitada. Inclusive, eu sou formado pela UFRN e jamais falaria mal dela.
Para que se possa entender de forma mais clara, Roberto Torres dá um exemplo. “Você adquire um apartamento comprado na planta. Começa a pagar com sacrifício, vende alguma coisa, um carro, pra poder dar a entrada e vai pagando. Depois de um tempo, chega a Prefeitura e diz: desculpa, foi um engano, essa obra não pode acontecer. Como você iria se sentir? É um absurdo”, conta. O nível de exasperação com a burocracia do sistema faz o responsável pela CTE Engenharia descredenciar Natal como alvo de investimento. “Não recomendo. Estamos às portas de uma Copa do Mundo e vai ter investidor que vai querer colocar dinheiro em qualquer outra sede, que não Natal”, diz.
O ressentimento da construtora tem endereço certo. Para a CTE Engenharia, o laudo produzido por quatro professores da UFRN, a partir de um convênio entre Ministério Público e Funpec, levou a prefeita Micarla de Sousa a um erro de avaliação. “É preciso dizer de uma vez por todas que esse empreendimento sequer apareceria no cartão-postal do Morro do Careca. Do calçadão de Ponta Negra, sequer daria para visualizá-lo”, diz.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE intervém na fala de Roberto Torres nesse momento da entrevista, concedida por telefone, para lembrá-lo que a argumentação do Ministério Público fala em Morro do Careca e dunas associadas. Ou seja, não se trata apenas da “frente” do Morro, mas do complexo de dunas que compõe o “monumento natural”. “Isso é subjetivo. De Pirangi dá pra ver um sem número de prédios na frente da “Barreira do inferno”, que também é uma formação dunar. Existe uma ponte que impede de ver as dunas de Jenipabu. Isso precisa estar definido em lei”, contra-argumenta.
Aquilo que Roberto Torres chama de “imprecisão” já é, na sua própria avaliação, motivo para uma fuga de investimentos na cidade. “Quando eu cheguei aqui em 2007, haviam pelo menos 16 grandes projetos de resorts, campos de golfe, enfim, projetos de grande porte. Hoje, não existe um projeto sequer, não só em Natal, mas em todo o Estado”, encerra.
Roberto Torres » Engenheiro
A CTE Engenharia procurou a TRIBUNA DO NORTE para “esclarecer” matéria veiculada no último sábado, que dizia que a construtora questionava a isenção da UFRN para atestar em laudo o impacto sobre a paisagem do Morro do Careca. O engenheiro Roberto Torres disse que não tinha conhecimento do laudo da Universidade – apesar de considerá-lo impreciso – e que reconhece a excelência da UFRN.
Qual a sua opinião sobre o laudo apresentado pelo Ministério Público?
Não podemos dar uma opinião mais aprofundada porque não tivemos acesso a esse laudo. O único acesso que tivemos foi que saiu na primeira página da TN de sexta-feira, onde mostram seis prédios para mostrar o impacto de um único prédio, que é o mais distante de todos. Isso não é correto.
Se vocês não tiveram acesso como se embasaram pra dizer que o laudo é suspeito (a CTE distribuiu nota à imprensa)?
Porque o laudo tem seis prédios, enquanto deveria ter apenas um. Enquanto nós mostramos um laudo com apenas um prédio feito pelo representante do Instituto de Arquitetos do Brasil. Isso foi no Complan, onde o projeto foi aprovado, inclusive com a presença de um representante legalmente constituído da UFRN. O nosso estudo foi feito de forma bastante embasada. É uma coisa séria.
O senhor acha que outra Universidade deveria ter feito o estudo?
O estudo deveria ter sido feito por pesquisadores que não estivessem próximos a essa polêmica. O estudo tem que ser técnico, sem contaminação do noticiário, da polêmica.
O senhor não acha que a crítica atinge a instituição?
Eu acho que o MP deveria ter pedido o estudo para uma Universidade que não estivesse contaminada... A Universidade é uma instituição íntegra, respeitada. Inclusive, eu sou formado pela UFRN e jamais falaria mal dela.
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