Foto: Júnior Santos
PREVISÃO - Onda de calor deverá se prolongar em Natal por mais alguns dias
A imagem de uma menininha de oito meses, toda lambuzada de sorvete no centro da cidade, reflete o sufoco que o natalense está passando com a temperatura mais alta do que o normal para a época, associada à taxa de umidade relativa do ar também elevada. Os termômetros registraram picos de 31,6º Celsius mais 80% de umidade do ar nos últimos dias do mês de fevereiro.
A dona-de-casa Maria José de Oliveira, 35 anos, considera saudável oferecer sorvete para sua filha, Maria Clara, para a criança suportar o calor. “Ela sempre toma e não adoece. Com esse calorzão, não tem quem agüente”. A temperatura está 1,1 grau acima da média do mês de fevereiro e até 5 graus acima da média anual.
O meteorologista Wellington Marinho, da Emparn, explicou que a combinação da alta temperatura com a umidade relativa do ar, que também registrou aumento em torno de 5%, aumenta a sensação térmica, ou seja, têm-se a impressão de que a temperatura está muito acima do que é registrado. “A sensação de calor do ser humano é muito maior”.
O momento mais crítico é geralmente por volta de 14 horas. O vendedor de coco verde, Rodrigo da Silva, 21 anos, percebeu movimento um pouco acima do normal e informou que as pessoas têm comprado cocos exatamente no período da tarde. “Devido a esse mormaço, estou vendendo bem”, declarou.
Segundo informações prestadas pelo meteorologista, o movimento do comércio de verão deve permanecer em alta por mais uns dias. Mesmo com a possibilidade de chuvas, quando a temperatura da atmosfera tende a resfriar, o calor deve permanecer por alguns dias ainda porque estação chuvosa de Natal só começa mesmo em abril.
Antes da estação chuvosa propriamente dita, ocorrem chuvas normais de verão, mas a temperatura alta se mantém. As pancadas de chuvas que podem ocorrer hoje ou amanhã, observadas através de variáveis meteorológicas registradas por imagens via satélite, podem estar associadas ao calor.
Com relação ao semi-árido potiguar, as chuvas já começaram a ocorrer e deverão se confirmar para a estação chuvosa propriamente dita, de março a maio. Segundo observações feitas pela Emparn, o “inverno” está previsto para ter início efetivamente na primeira semana de março e deverá ser normal ou até mesmo acima do normal.
O boletim pluviométrico de ontem confirma a boa notícia para o semi-árido, onde foram registradas as maiores precipitações em Lagoa Nova, com 40mm, São José do Seridó (12mm) e Cruzeta (9,6). O Agreste também registrou pancadas de chuvas em várias cidades e a máxima foi de 12,8mm em Jaçanã.
Mesmo com a previsão de boas chuvas para o sertão potiguar nos próximos três meses, não está descartada a possibilidade de veranicos (curtos períodos sem chuvas), característica inerente à região semi-árida do Nordeste.
Clima quente muda hábitos
Três professoras da rede pública de ensino aproveitaram uma pausa no evento em que participavam, ontem pela manhã, em Ponta Negra, para tomar uma água de coco. O suor escorrendo no rosto de Adriana Patrício, 29 anos, era a prova do calor intenso. “A gente tem que parar um pouquinho para se refrescar”.
A colega Rosiene da Silva Gonçalves, 34, explicou que a escolha pelo coco foi devido à ocasião, nada planejado. “A gente estava passando e foi inevitável. Mas temos que reconhecer que é um privilégio saborear um coco, que é algo saudável, por apenas R$ 0,75”.
O calor exagerado dos últimos dias acaba por mudar o hábito das pessoas. A aposentada Maria Cícero Amâncio, 62, lançou mão de um sorvete expresso para refrescar o corpo. “Devido ao calor, resolvi tomar um sorvetinho”.
Os comerciantes Luiz Gonzaga, 54, e Iraci Emiliano, apostaram na boa e honesta água mineral. “A gente tem que aprender a trazer de casa, para não ficar comprando na rua”, disse ele.
Quem está faturando bem é o vendedor de água mineral em garrafão, João Batista Vieira, 26. Ele chega a vender até 60 unidades por dia. “Quando é inverno, a média cai para 30 ou 40”, informa. No interior do Estado, o calor também é sufocante, mas em algumas regiões a situação melhorou com a chegada das chuvas da pré-estação de inverno.
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