Foto: Emanuel Amaral
SAÚDE - Caixa d’água na Ladeira do Sol é um criadouro do mosquito
O alarmante aumento dos casos de dengue em Natal vem chamando atenção para o combate aos focos do mosquito. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) junto com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) tentam mobilizar a população para a gravidade do problema.
Até o dia 25 de Março 2.098 casos de dengue clássicas e 205 suspeitas do caso hemorrágico (33 confirmados) foram detectados. A Zona Norte da cidade é a região que mais apresenta casos da doença, seguida da Zona Oeste. A chefe do Departamento de Vigilância de Saúde, Cristiane Solto informou que é necessário muita atenção por parte da população.
“O problema é que a população só lembra que tem que ter cuidados com a prevenção da doença quando o assunto está na mídia”, afirmou Cristiane. O avanço dos casos de dengue do tipo clássica e do tipo hemorrágica em Natal, fez com que a SMS desenvolvesse um plano emergencial. “ Há essa mobilização porque normalmente, esperamos os casos de dengue entre os meses de abril e junho. Estar com todo esse índice agora é fora do comum”.
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Uma greve dos agentes de saúde em dezembro atrasou o começo das visitas às casas. De 02 de janeiro até 15 de março, 85% dos imóveis já tinham sido vistoriados. Sobre a entrada nas residências fechadas a SMS informou que se os imóveis estiverem para locação ou venda, um pedido é feito para as corretoras de imóveis. “Tudo para que o trabalho não seja parado”, justificou a chefe do Departamento de Vigilância de Saúde.
Em Igapó, Zona Norte da cidade há uma ação que mobiliza 20 agentes comunitários e 20 agentes de saúde da Zoonoses. Eles visitam todas as casas na tentativa de descobrir possíveis criadouros do mosquito e orientar os moradores na prevenção da doença. Na rua Santo Inácio de Loyola, a dona-de-casa Suelen Maria da Conceição de 25 anos, enfrentou as dificuldades de lidar com o caso mais grave da dengue. Sua filha Maria Beatriz da Conceição de 5 anos se recupera ainda da dengue hemorrágica que a pegou de surpresa. “O pior é o sofrimento até a confirmação do caso, pois levei minha filha para dois hospitais diferentes. O gasto foi grande, pois no Hospital Santa Catarina não tinha Dipirona para minha filha. Gastei com passagens e remédios R$ 80,00”, desabafou a dona-de-casa.
A mãe da pequena Maria Beatriz afirmou que no terreno onde ela mora os outros moradores fizeram uma busca e localizaram focos dentro de uma pequena tampa de garrafa e destruíram.
A campanha da SMS visa alertar a população para identificar os focos. A fiscalização é fundamental para o controle da doença. Um telefone gratuito foi disponibilizado para a campanha e visa receber denúncias e ao mesmo tempo esclarecer possíveis dúvidas dos moradores de Natal.
Juntamente com a luta pelo combate da dengue na cidade, a população é obrigada a se deparar com descuidos a respeito da água parada. Na encosta da Ladeira do Sol, na praia dos Artistas um reservatório de água da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN) acumula água. Os canos que cercam o reservatório não escoam toda a água que ficam na cobertura, ocasionando poças, agravando as chances de se proliferarem os focos da dengue.
A assessoria da CAERN informou que este tanque recebeu um reparo recentemente e que o acúmulo de água é devido às chuvas e que o volume logo evapora. “ Mesmo assim vamos enviar um técnico no local para ver se é necessário outro reparo”, declarou a assessoria. A piscina do complexo aquático da UFRN não está em uso e também acumula água parada. A assessoria da instituição alega que a água está clorada e que a piscina não pode ficar vazia, para evitar rachaduras. O telefone da SMS para a denúncia da Dengue é 08002814031.
Programa da dengue não faz prestação de contas dos gastos
O governo do Estado não sabe quanto foi gasto no Programa de Combate à Dengue do ano passado porque a Secretaria Estadual de Saúde não faz uma prestação de conta específica para cada programa. A Sesap tem apenas o controle de quanto o Ministério da Saúde mandou para ser investido nas diversas endemias. No ano passado, esse recurso foi de um milhão de reais.
“O programa da dengue não faz prestação de contas de quanto foi gasto com as ações realizadas durante o ano. O Ministério da Saúde manda recursos para as diversas endemias e de acordo com a necessidade, esses recursos são gastos”, explicou a coordenadora de Promoção à Saúde, Celeste Rocha.
Diferente do que acontece no Rio de Janeiro, onde a população tem que saber quanto de recurso é repassado e se houve redução dessa verba de um ano para outro. Na última terça-feira, o próprio secretário de saúde do Rio de Janeiro, Sérgio Côrtes explicou que houve redução no orçamento em 2007, mas que, este ano, serão gastos R$ 20 bilhões, um aumento de 10% sobre o ano passado.
Enquanto no Rio Grande do Norte, nem os formulários de prestação de contas da Sesap são separados por endemias. “Eu não sei dizer o quanto foi gasto, mas em que a verba do MS foi gasta. O maior investimento foi na capacitação dos profissionais, os carros fumacês e venenos, campanha publicitária educativa”.
Segundo a Sesap, o Estado coordena as ações e capacitação de agentes e ações curativas. Já o município é responsável pela atenção básica, o combate ao foco dos mosquitos e a prevenção.
O orçamento deste ano ainda não foi repassado para o Estado porque, de acordo com a assessoria de imprensa da Sesap, o Ministério da Saúde ainda não fechou o orçamento de 2008. O que se sabe é que o Rio Grande do Norte vai receber mais oito carros fumacês para ajudar no combate à dengue.
Ainda de acordo com a assessoria de imprensa, o secretário Adelmaro Cavalcanti está em Brasília participando de reuniões relacionadas ao combate à dengue e informou que o secretário nacional de Vigilância Sanitária, Gerson Penna, está planejando, para a próxima semana, uma vinda a Natal para verificar como estão as ações de combate à doença no Estado.
Com relação aos gastos do município de Natal, a TRIBUNA DO NORTE procurou a chefe do Departamento de Vigilância de Saúde da SMS, Cristiane Souto, mas a mesma informou que ainda não tinha conhecimentos dos valores. “Acabei de assumir a função e ainda estou me inteirando dos assuntos, com relação aos recursos, ainda não foi me passado nada sobre os recursos”.
Hospital tem 14 crianças com dengue
O crescimento acelerado dos casos de dengue em Natal sobrecarrega os hospitais, que precisam disponibilizar mais leitos e uma equipe médica mais presente no acompanhamento dos pacientes. É o caso do hospital Filantrópico Varela Santiago, que disponibiliza 10% ( de um total de 110)dos leitos para o atendimento de crianças com dengue.
No último domingo o hospital acomodava 14 crianças com dengue. O otorrinolaringologista Paulo Xavier, afirmou que o que agrava a situação é o fato de o hospital receber pacientes de outros municípios como Mossoró e Currais Novos. O hospital ainda recebe os pacientes que precisam de internação vindos do Hospital Giselda Trigueiro, que não interna crianças com dengue.
Apenas presta atendimento de urgência, informou a diretora do Varela Santiago que chama atenção para um movimento de emergência: "Os hospitais de Natal precisam se mobilizar, pois estamos enfrentando uma epidemia de dengue. O hospital Varela Santiago ainda vai ter à partir de 1º de abril o fechamento dos setores de odontologia e vacinação, por falta de recursos."
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