Contaminação do nitrato na água no RN continua em 20%

Nominuto.com - 22/mar/2010, por Marília Rocha

Segundo diretor-presidente da Caern, Walter Gasi, o problema só será resolvido após as obras do Jiquí.

A rede de águas no Rio Grande do Norte continua com a taxa de contaminação por nitrato avaliada em 20%, segundo informações do diretor-presidente da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern), Walter Gasi, em entrevista ao Jornal 96, da 96 FM na manhã desta segunda-feira (22).

“A presença de nitrato na rede de águas do Estado continua poluída em 20%. Este problema será resolvido com a obra do Jiquí, que irá misturar a água poluída com a pura, deixando assim o teor de nitrato abaixo dos 10 litros, resultando em apenas 8% de contaminação. O investimento na adutora do Jiquí vai ofertar mais de 900 mil litros de água por hora, despoluindo a água contaminada", afirma Walter Gasi.

No dia mundial da água, o diretor da Caern afirma que a população tem muito a refletir, pois futuramente o preço da água doce que estará valendo até mais do que a gasolina. “No Rio Grande do Norte estamos investindo cerca de R$ 916 milhões em obras de saneamento e distribuição de água, um valor importante para a saúde pública do Estado”, afirma. Segundo a Organização Mundial das Nações Unidas (ONU), para cada um dólar gasto, são economizados quatro a menos com a rede de saúde.

Walter Gasi comentou ainda que a falta de água nos bairros de Natal variam de acordo com a faixa, sendo zona alta e zona baixa. “Nas zonas mais altas, a água tem uma maior dificuldade, por causa da pressão, ocasionando falta de água em alguns bairros”, explica Walter.

Ele conta que os bairros mais problemáticos são os mais antigos, pela construção da tubulação de fibra e cimento. “Para melhorarmos a rede de abastecimento seriam necessários R$ 30 milhões para trocas dos canos feitos de fibra e cimento: é um programa caro, mas que será alto-sustentável a partir de janeiro”, afirma.

Durante a entrevista, Walter Gasi comentou ainda sobre a Estação de Tratamento do Baldo. “A obra representa benefícios para 250 mil habitantes em 21 bairros e vai despoluir o rio Potengi e melhorar o esgotamento sanitário de Natal”, justifica.

Os investimentos em pessoal também foram comentados. “A Caern está treinando seus técnicos durante cinco meses para lidar com a implementação das novas técnicas”, conclui.

Sobre a situação dos aqüíferos, o diretor-presidente da Caern afirma que o manancial do Rio Grande do Norte terá investimento de R$ 20 milhões, principalmente em San Vale.

Emissário

Na última sexta-feira (19), em audiência pública, a Caern discutiu juntamente com técnicos da USP a questão do emissário submarino, que tem investimentos de R$ 80 milhões. “Eles analisaram o projeto e disseram que a melhor solução era o emissário submarino. O problema é que o modelo tinha sido apresentado com dados insuficientes e usando como exemplo situações diferentes, mas vamos usar o projeto certo em Ponta Negra”, descreve.

Varela Santiago

A parceria entre a Caern e o Hospital Varela Santiago também foram comentadas. “Hoje, a Caern tem 580 mil usuários ativos. Se cada um contribuir com apenas R$ 1 real, teremos R$ 580 mil por mês. É uma campanha fundamental, com foco na contribuição social para o trabalho de apoio as crianças em tratamento”, comenta Walter Gasi.

Emissário submarino: Sinal verde para obras


O projeto do emissário submarino é indicado para sanear o bairro de Ponta Negra, mas precisa de estudos mais detalhados sobre o impacto ambiental na área, uma vez que o EIA/RIMA (estudo de impacto ambiental) atual possui lacunas não respondidas. Por outro lado, não há impedimentos técnicos para execução das obras suplementares, como a construção da rede de coleta e da estação de tratamento.

Esse foi o resultado apresentado ontem (19) pela equipe do Centro Tecnológico de Hidráulica da USP, que analisou o projeto do emissário a pedido do Ministério Público Estadual. Paulo Rosman, especialista responsável pelo projeto original solicitado pela Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern) à equipe Cooptec (UFRJ), explicou por que o complemento de estudos não inviabiliza iniciar a obra.

“Seria jogar dinheiro fora postergar tudo para quando o novo estudo ficar pronto. Já há consenso técnico que o emissário é uma boa solução e de que o tratamento é importante”, disse ele. “As obras são muito complexas e demoradas. O tempo que demora para se partir para iniciar o processo é mais do que suficiente para que todos os estudos de detalhes sejam concluídos. Com isso, Natal ganha em tempo e qualidade”, acrescentou.

Rosman disse que somente na finalização da obra é que os dados extras serão necessários. Outra preocupação da Caern é que a demora desvaloriza e torna insuficiente o orçamento de R$ 81 milhões, disponibilizados desde 2006. A promotora do Meio Ambiente, Gilka da Mata, disse que o MP não se opõe ao consenso de iniciar os obras, mas que os estudos complementares são determinantes.

“Não se pode pensar a construção do emissário sem eles. Mas o sistema como um todo é composto de outros equipamentos, e não há dissonância de que eles possam ser construídos, para tratar dos esgotos em nível secundário”, opinou. Mesmo assim, Gilka lembra que para as obras suplementares receberem sinal verde, ainda será preciso que a Caern submeta seu projeto de execução ao Idema, órgão responsável pelas licenças ambientais.

Na apresentação da análise pelo técnico da USP, Clóvis Veloso, ele respondeu aos questionamentos que foram levantados pelo MP, como experiências do emissário em outras cidades do país e do mundo, impactos ambientais, nível de detalhamento do estudo EIA/RIMA (estudo de impacto ambiental), e outros.

Segundo o diretor - presidente da Caern, Walter Gazi, a empresa não quer embates, e a equipe técnica da empresa deverá se reunir juntamente com técnicos do Idema para discutir e dar um parecer sobre os resultados apresentados pela USP. “Ainda não conhecemos o conteúdo da análise, mas vamos discutir amplamente e tecnicamente a viabilidade do emissário, que é uma obra tão importante para a cidade do Natal”.

Segundo Gazi, a obra será responsável por 40% do saneamento de Natal - que hoje tem 32% de água tratada - e ainda parte de Nova Parnamirim. “Junto com a estação de tratamento Jundiaí, que vai responder por 22% do saneamento, teremos quase 100% da capital saneada”.

Para o diretor-técnico do Idema, Fábio Góis, a audiência pública foi uma “oportunidade de pedir esclarecimentos para subsidiar as análises do órgão estadual”.

USP diz que projeto de emissário submarino precisa ser revisado

Nominuto - 19/mar/2010, por Melina França

Mesmo assim, o professor Jayme Ortiz, autor do estudo, considera esta a melhor opção para tratamento de esgotos.

Melhor conhecimento de condições prévias de lançamento, caracterização qualitativa dos esgotos brutos e tratados, apresentação de novos cenários de modelagem. Estas são alguns dos pontos que, segundo o professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Jayme Ortiz, devem ser levados em consideração no projeto do Emissário Submarino de Ponta Negra.

O posicionamento foi colocado em audiência pública realizada na Procuradoria Geral de Justiça na manhã desta sexta-feira (19). A audiência foi proposta pela promotora de Defesa do Meio Ambiente Gilka da Mata. “Acho importante que a população tenha conhecimento do que está sendo feito na cidade e possa participar dessas decisões. Espero que, ao final, a determinação seja em prol de Natal”, comentou a promotora.

Apesar das revisões, a avaliação da USP aponta o emissário submarino como a melhor opção para o tratamento de esgotos de Natal. Segundo ele, o reuso, outra das possibilidades estudadas, seria impossível pelo grande volume de águas. “O que poderia acontecer seria a reserva de parte desta água para ser reutilizada”, afirmou o professor.

Ainda de acordo com ele, o emissário com tratamento terciário seria dispensável, uma vez que o secundário, se feito corretamente, poderia promover condições ideais à biota aquática e balneabilidade.

Jayme Ortiz levantou ainda dúvidas quanto ao comprimento dos tubos do emissário e afirmou que os dados da modelagem não são suficientes. Quanto a isso, seriam precisos estudos quanto à medição de séries temporais de ventos e correntes, sobretudo quanto às correntes perpendiculares à linha da costa, que poderiam apresentar risco.

De acordo com o professor da USP, o estudo climático também foi feito em tempo insuficiente. Para ele, a modelagem deve ser feita levando em consideração os aspectos climáticos de um ano inteiro, para medir as variações nas condições naturais.

“Os estudos devem prever situações dessa natureza, considerando fatores de segurança que minimizem falhas. Não é raro, contudo, ocorrerem problemas operacionais por falta de manutenção preventiva”, relata Jayme Ortiz.

Segundo ele, outro fator a ser considerado é a estratégia para resolver possíveis questões emergenciais, além de que o Governo viabilize manutenções periódicas na obra. Se tais medidas forem adotadas, os estudos da USP indicam o emissário submarino como a melhor solução para o esgotamento da cidade.

Emissário submarino: Caern admite que dados não foram suficientes

Nominuto.com - 19/mar/2010, por Melina França

De acordo com o especialista contratado pela empresa, Paulo Rosman, modelagem não considerou as particularidades de correntes marinhas e ventos.

“Realmente os dados coletados não foram suficientes”, foi o que declarou Paulo Rosman, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e engenheiro ambiental que avaliou a viabilidade do Emissário Submarino para a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern). Ele concordou com o parecer do professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Jayme Ortiz, de que estudos complementares eram necessários.

A declaração foi dada em audiência pública na Procuradoria Geral de Justiça, na manhã desta sexta-feira (19). A audiência acerca do emissário submarino foi proposta pela promotora de Defesa do Meio Ambiente Gilka da Mata.

“A própria empresa reconheceu que as informações não são suficientes para assegurar que o emissário é seguro. Estamos aqui no sentido de ajustar o projeto como deve e implanta-lo ou não, agindo da melhor forma para a cidade do Natal”, constatou a promotora.

De acordo com o engenheiro Paulo Rosman, um grande problema enfrentado na implantação de emissários submarinos são ainda as ligações clandestinas de esgoto, fossas e a macrodrenagem, que poderiam contaminar a água tratada a ser despejada no oceano.

“É preciso fazer o diagnóstico destes prejuízos cruzados, para que a biota nem a balneabilidade sejam afetadas com a implantação do emissário”, relata. Segundo ele, os estudos complementares não foram feitos apenas porque a Caern não os solicitou anteriormente.

Mesmo assim, o engenheiro afirma que o modelo é seguro. Apesar de terem utilizado um modelo genérico, que não avalia os dados específicos da região, ele assegura que as condições naturais foram “pioradas” para que não houvessem prejuízos.

“Utilizamos no modelo ventos persistentes de leste para oeste, o que não ocorre de fato. Estes ventos acontecem somente em períodos muito específicos e normalmente não acarretam prejuízos nesse sentido”, explica.

Sobre o processo de modelagem ter de demorar um ano inteiro, Rosman alega que, em uma cidade com o clima de Natal, o processo poderia ser feito na metade do tempo. “A espera de um ano seria para avaliar as condições naturais da região em cada estação climática. Como aqui temos apenas períodos mais secos e períodos de chuva, apenas as configurações destes dois períodos precisariam ser avaliadas”, relata.

O diretor-presidente da Caern, Walter Gasi, disse logo de antemão: “vamos realizar todos os estudos complementares que forem necessários”. Ele defende o emissário submarino como a melhor opção para o tratamento de esgotos da capital potiguar.

Caern participa de audiência com o Ministério Público sobre o Emissário Submarino


Os profissionais das empresas contratadas pela Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) para realização dos estudos do Emissário Submarino da Barreira do Inferno estarão nesta sexta-feira (19), às 9h, na Procuradoria Geral de Justiça. O maior especialista brasileiro no estudo de correntes marinhas, Paulo Rosman, que integra a equipe da Coopetec, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estará presente dando explicações sobre o projeto do emissário.

Na oportunidade, o Ministério Público Estadual e Federal estarão realizando audiência pública para apresentar o resultado de estudo feito por professores da Universidade de São Paulo (USP) sobre o Emissário Submarino da Barreira do Inferno. A equipe da USP fará considerações técnicas a respeito dos estudos da empresas contratadas pela Caern.

Os técnicos contratados pela Companhia estarão presentes para prestar todos os esclarecimentos possíveis. De acordo com o diretor-técnico da Caern, Clóvis Veloso, desde o início das discussões sobre o Emissário, a Caern vem agindo com transparência. "Estaremos presentes com os responsáveis pelos estudos para apresentar todos os dados técnicos sobre o projeto", afirma Clóvis Veloso.

As empresas que foram contratadas pela Caern são a KL Engenharia, a Empresa Start, e a Coopetec da UFRJ. Paulo Rosman esteve em Natal em 14 de dezembro do ano passado, discutindo o assunto com a sociedade. De acordo com ele, o modelo de emissário proposto pela Caern, adotando tratamento secundário, é a escolha de prevenção máxima. Na opinião dele, o tratamento primário já seria suficiente para o lançamento dos esgotos no mar. Ele lembrou ainda que a possibilidade dos efluentes retornarem às praias é zero. Na consultoria prestada à Caern, ele levou em consideração o movimento das marés e as vazões pluviais. Além disso, como Natal é ensolarada, ganha em relação a outras cidades porque o sol é extremamente eficaz na purificação da água.

O emissário submarino da Barreira do Inferno terá 2.732 metros de extensão, 2.600 metros são de emissário e 132 de rede difusora, que funciona como esguichos (furos) para dispersão do efluente a uma distância de três metros entre uma saída e outra. Os estudos, baseados em diferentes estações do ano, com ventos soprando em direções desfavoráveis, todas as posições testadas apresentaram resultados positivos, sem causar ameaça de poluição às praias.

Os estudos do emissário estão com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) que marcará uma audiência pública para discutir mais uma vez com a sociedade as proposições apresentadas para o emissário. Depois de aprovados os estudos, a Caern terá um prazo de até 120 dias para realizar o projeto executivo, três meses para realizar licitação e dois anos para execução da obra que custará R$ 81,4 milhões.