.: Boas Festas!!!

O Natal passou e o Ano Novo está chegando!

Que 2010 seja um ano realmente próspero,
recheado de respeito ao próximo e conquistas ambientais.

O momento é de transição, mas nosso objetivo principal permanece o mesmo: preservar e garantir qualidade de vida no Planeta Terra.

Em ano de eleições, Copa do Mundo e revisão do Plano Diretor de Natal, precisamos ficar ainda mais atentos às questões que justificam nossa existência e nossa luta!

Abraços, beijos e apertos de mão... até logo mais.

.: Emissário submarino: quem fez, está desafazendo

ABELHINHA.COM | ELIANA LIMA - 21/dez/2009

A discussão em torno do Emissário Submarino não pode esmorecer, mas sim abrasar, para que detalhes sejam explicados e garantias sacramentadas.

O jornalista Petit das Virgens vem aprofundando conhecimentos em torno do assunto, e faz um alerta que o Rio Grande do Norte deve ficar atento, sobre os danos que um emissário de eca pode causar a varios setores e que pode ser num futuro muito mais dispendioso para desfazer:

“A Florida vai gastar mais de três bilhões de dólares (cerca de 5 bilhões e 400 milhões de reais) para desfazer lá, o que a Caern está querendo fazer aqui no Rio Grande do Norte. Os cientistas, o governo e o senado da Florida chegaram a conclusão que os seis emissários submarinos que despejam água de esgoto tratada no oceano poluíram seriamente a fauna e a flora marinhas provocando sérios danos a saúde da população e à principal atividade econômica do Estado: o turismo.

O primeiro emissário já foi fechado na praia de Delray no último dia 31 de março. Suas águas serão agora reaproveitadas na agricultura e em outras atividades industriais. A lei HR 7139/1302 aprovada em abril do ano passado, por unanimidade das duas casas legislativas da Florida, proíbe a partir de agora a construção de novos emissários submarinos e vai desativar todos os outros, obrigando a construção de estações de tratamento que possam fazer o reuso das águas.

Foi uma luta de mais de dez anos do povo da Florida que pedia a desativação dos emissários mas o departamento de águas e esgotos – a Caern de lá – afirmava categoricamente que os emissários não causavam mal nenhum. No entanto, o cientista Peter Barile denunciou que eles escondiam a verdade da população para não ter que construir um novo sistema de reuso das aguas, muito mais caro.

A nova lei conseguiu estancar a debandada de turistas e de grandes empresários do turismo, mas os danos ambientais e à saúde ainda levarão tempo para se recuperar. Se as autoridades do Rio Grande do Norte insistirem na construção de emissários, vão atingir o coração de sua principal atividade econômica: o turismo. Aliás o RN já está combalido nos rins da falta de segurança, no pulmão da saúde, no cérebro da educação e pelo câncer da corrupção, mal este, que assola todo país. E não será por falta de aviso”.

.: Operação Cristal: vídeo mostra traficantes sendo presos durante casamento na Espanha

Repórter: Thyago Macedo

Onze pessoas foram detidas pela polícia espanhola em outubro. Eles fazem parte do esquema de narcotráfico que usava Natal como sede para lavar dinheiro.

Principais integrantes da organização criminosa foram presos nesta quarta-feira (16)

Um vídeo publicado no YouTube mostra parte da organização criminosa que fazia lavagem de dinheiro em Natal sendo presa em Madri, na Espanha, em outubro deste ano. Onze pessoas foram detidas na chamada Operación Jazmines.

Eles são acusados de comandarem um esquema internacional de narcotráfico que tinha como sede para lavagem de dinheiro a capital do Rio Grande do Norte. Os membros da rede foram detidos durante a celebração da festa de casamento, no dia oito de outubro.

Durante esta ação, a polícia espanhola aprendeu dez carros, a maioria importados, dinheiro, armas e várias documentações que ajudaram a comprovar a lavagem de dinheiro.

Os principais integrantes da organização criminosa foram presos nesta quarta-feira (16). Entre eles, está um espanhol, que de acordo com a Policia Federal do Rio Grande do Norte, comandava o esquema de lavagem de dinheiro e possuía vários imóveis em Natal.

# Saiba mais sobre a Operação Cristal:


16/dez/8009 - Vídeo: Delegado Joselito de Araújo fala sobre a Operação Cristal

.: Lavagem de dinheiro em Ponta Negra utilizava o mercado mercado imobiliário como 'sabão em pó'

TRIBUNA DO NORTE - 18/dez/2009
Repórter: Isaac Lira
Foto: Alex Régis


Empresas têm atuação variada no RN

As empresas investigadas pela Polícia Federal sob a suspeita de ser fachada para a lavagem de dinheiro de uma quadrilha internacional de tráfico de drogas têm uma atuação variada na capital potiguar. De acordo com informações obtidas pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE, a área mais forte de atuação das 12 empresas sob o comando de Salvador Costa Arostegui (preso na Espanha) único nome a constar da lista de provas distribuídas pela Polícia Federal à imprensa, é o ramo de imobiliária e construtora.

O bar e restaurante Extravasa, localizado no Centro Comercial Jardim, foi ontem o principal alvo da Operação Cristal, da PFAs informações dizem respeito aos registros de firmas abertas sob o nome do suspeito que aparece na investigação da Polícia Federal em Natal. Sob essa perspectiva, o ramo de imóveis, tanto de construção quanto de negociação de prédios prontos, é a “estrela da Companhia”. São cinco imobiliárias e duas construtoras ligadas a Salvador Arostegui. Uma busca na internet é suficiente para identificar vários pedidos de licença ambiental para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb) nos últimos anos. Em uma deles, no Diário Oficial do Município do dia oito de janeiro de 2008, a licença é requisitada em nome do próprio Salvador. No caso, o pedido é de instalação de um flat residencial no Alto de Ponta Negra. Não há especificação do tamanho do empreendimento.

Logo em seguida no leque de negócios, está o ramo de restaurante e entretenimento. Salvador Arostegui é proprietário de uma churrascaria e um bar Karaokê, além de ser representante legal de mais um restaurante. A lista fica completa com uma empresa de comércio internacional de roupas e dois empreendimentos “genéricos”. O primeiro está registrado como “de serviços” e a segunda se trata de uma “multi-administradora”, de acordo com os registros obtidos pela TRIBUNA DO NORTE.

O número de empresas – 12 no total – não coincide necessariamente com o número de imóveis ou com o patrimônio em questão. De acordo com relato de moradores do Alto de Ponta Negra e de pessoas que conheceram Salvador Arostegui, a maioria dos imóveis e restaurantes localizados no Alto de Ponta Negra é de propriedade do espanhol. Um dos advogados do suspeito, contactado pela reportagem, confirmou que o número de empreendimentos é vasto, embora se negasse a identificar quantos e quais por uma questão de “ética profissional”.

Um dos proprietários de imóveis e vizinho do espanhol, Antônio Bezerril, conta que a postura de Salvador Arostegui quando se fala em negócios é agressiva. “Ele ofereceu R$ 400 mil reais pelo meu ponto. Na época eu não quis vender e me arrependi”, fala. O preço, de acordo com o proprietário, estava acima do valor de mercado. “Era comum, ele sempre oferecia um valor acima. Por aqui ele é proprietário de inúmeros imóveis”, afirma.

O Centro Comercial Jardim, um dos principais alvos da operação da PF, e que é composto de lojas de artesanato, bares, boates, entre outros – pertencentes a outras pessoas, não ligadas à operação da PF - foi adquirido numa compra milionária. “Fala-se em algo que gira em torno dos R$ 4 milhões”, espanta-se Antônio Bezerril.

Empreendimentos estão em funcionamento no RN

Segundo informações da Justiça Federal, os empreendimentos investigados pela Polícia como possíveis fachadas para lavagem de dinheiro irão continuar em funcionamento. O que é vedado pela Justiça é a venda, em qualquer nível, dessas empresas. Ontem, o principal alvo da Operação Cristal, deflagrada pela Polícia Federal, o bar e restaurante Extravasa, localizado no Centro Comercial Jardim, funcionou normalmente.

Os dois empreendimentos, ambos de propriedade do espanhol Salvador Costa Arostegui tiram o sono dos demais empresários da região, de acordo com o proprietário do imóvel localizado defronte ao Centro Comercial, Antônio Bezerril. Segundo Antônio, que mora em São Paulo e administra de longe o seu imóvel, o Centro Comercial e o Bar Extravasa são um dos mais movimentados e famosos pontos de prostituição do Alto de Ponta Negra.

“São bares que abrem durante toda a madrugada e têm 90% do seu público formado por gringos e prostitutas. Há dias em que até mesmo às 06h30, quando o sol já saiu, existe barulho de música saindo do local”, diz Antônio Bezerril. E complementa: “Já fizemos vários abaixo-assinados para entregar ao Ministério Público e tentar acabar com a degradação da rua, mas nunca deu em nada”.

Segundo Antônio Bezerril, o movimento de prostituição nos arredores do Centro Comercial, com seus bares e clientes gringos, é motivo de progressiva desvalorização dos empreendimentos vizinhos. “Já ofereceram bastante dinheiro por esse prédio que eu possuo, mas hoje sofremos com a desvalorização”, diz. O bar que funcionava no prédio de Bezerril foi à falência e está desocupado. “Vim de São Paulo para cá cuidar desse prédio vago”, conta.

Como Salvador Arostegui é famoso no Alto de Ponta Negra, a notícia da batida policial nos negócios do espanhol se espalhou rapidamente. Uma rápida caminhada pelas ruas daquela região mostra que todos conheciam “Salvatori”, como também é chamado. Entre esses anônimos, que ontem transitavam curiosos pelas ruas do Alto, está Igor Veles, que se identificou como cunhado de Salvador.

Igor falou que a família está “arrasada” com a prisão do espanhol, mas que acredita na inocência do suspeito. O cunhado de Salvador disse não ter detalhes dos negócios do empresário. “Sei que sempre trabalhou no ramo imobiliário e honestamente. É tudo mentira da Polícia”, lamenta. Igor teve a casa revistada pela Polícia Federal, de acordo com o que o mesmo informou. A PF apreendeu um computador.

Vida regrada

Segundo moradores e trabalhadores do Alto de Ponta Negra, Salvador Arostegui é um homem de vida regrada. Ele passa poucos dias no ano em Natal e quando chega à cidade está sempre em contato com as suas empresas. “Ele vem aqui e trabalha diretamente no bar e no restaurante. Trabalha com os funcionários. É uma pessoa simples”, diz Antonio Bezerril, que conheceu Salvador.

O cunhado Igor Teles disse que o perfil de Salvador em nada coincide com o que “se esperaria de um traficante”. “Ele é calmo, não bebe, não fuma, não usa drogas. Não tem nada a ver com essa acusação”, assegura.

O espanhol já respondeu também por processo na Espanha, pelo qual foi condenado, primeiramente, mas anos depois ganhou clemência do Ministro da Justiça Ángel Acebes Paniagua, seguindo deliberação do Conselho de Ministros. O processo trata da acusação de contrabando e é referente ao período de 1982 a 1984. A clemência foi concedida no dia 1 de dezembro de 2000.

# Saiba mais sobre a Operação Cristal:

17/dez/2009 - Operação desmantela quadrilha


.: A nova e problemática Via Costeira

TRIBUNA DO NORTE - 11/dez/2009
Coluna E-TURISMO


São muitas as falhas detectadas na “nova" Via Costeira. Uma delas - e talvez a mais perigosa - é a descontinuidade da pista próxima ao Ocean Palace Hotel, onde uma curva surge repentinamente. Depois de alguns acidentes, pelo menos foi colocada uma placa de sinalização. Já em frente ao Pestana Natal o motorista tem que fazer uma contramão, no sentido Ponta Negra, para pegar a via, já que a rotatória fica após à saída do hotel. No Serhs o fato chega a ser curioso, para não dizer deplorável. Imaginem que em alguns casos os hóspedes são deixados na própria pista, para atravessarem por cima do canteiro. A explicação: o retorno é longe e se o ônibus entrar no hotel tem dificuldade - ou impossibilidade - de manobrar, na volta.

Já no trecho onde se pratica parapente, entre o Ocean Palace e o SERHS, a pista dupla às vezes se torna única, pois os carros param em plena via, sem cerimônia e sem repreensão, e deixam apenas uma pista para o tráfego. Aliás, a Via Costeira não oferece pista dupla em sua totalidade. Às vezes o espaço estreita tanto que é impossível dois ônibus trafegarem lado a lado. Para concluir, não custa lembrar que durante a realização de recentes eventos, como congressos de porte médio no Centro de Convenções, jogos do ABC no Frasqueirão e sobretudo o Carnatal, a "nova" Via Costeira deu um nó de tão engarrafada.

.: Parque localizado em área nobre está abandonado

TRIBUNA DO NORTE - 15/dez/2009

Um parque construído na década de 1990 para realçar a beleza do Tirol está ameaçado pelo abandono. O parque é o Ney Aranha Marinho, localizado entre as avenidas Beira-Canal e Alexandrino de Alencar, área nobre da cidade, a preferida pelo setor imobiliário para lançamento de prédios de luxo destinados à classe média alta. O parque poderia ter se transformado num local para a prática de esportes, mas com o mato tomando de conta do leito do canal, com equipamentos quebrados, piso afundando, luminárias apagadas à noite em alguns trechos, serve hoje de abrigo para pessoas sem teto e animais sem dono.

“Vez por outra vejo garis da prefeitura por aqui, mas serviço de manutenção faz tempo”, disse Mário Oliveira. Ele usa o espaço mais amplo em frente ao Condomínio Pôr-do-Sol para se exercitar diariamente. “Caminhar eu caminho naquele outro calçadão ali na frente, mas lá o piso já está se soltando também.”

A TN fez um passeio no parque na manhã de domingo. Depósito de lixo, capinzal, sucata, garrafas pláticas, sacos de supermercado são algumas das mazelas que ficam retiras no mato que ocupa todo o leito do canal. Um casal sem-teto aproveitava a torneira, que deveria ser usada no aguamento das plantas, para se refrescar do calor de 29 graus às oito horas da manhã. Debaixo de um pé de árvore dormiam mais cinco pessoas e, um pouco mais adiante, dois bêbados exibiam a garrafa de pinga já no fim, enquanto cantarolavam músicas sertanejas.

Mesmo com todo o abandono, ainda é possível ver pássaros matando a sede e pequenos peixes nadando nas águas que descem pelo Canal do Baldo em direção ao rio Potengi, fonte de alimento para as dezenas de gatos que vivem na área e usam os bueiros para se proteger.

Os moradores não sabem se o parque é estadual ou municipal. Uma gravura em bloco de pedra com a logomarca da Caern indica que ele foi feito pelo governo do Estado.

.: Muro (da discórdia) divide militares e moradores de Cotovelo

TRIBUNA DO NORTE - 11/dez/2009
Foto: Alex Régis


“Vinte anos depois da queda do muro de Berlim, Cotovelo não merecia ganhar um ‘presente’ desses.” A afirmação do psicólogo Francisco Francinildo da Silva, que há duas décadas vive na praia, localizada no município de Parnamirim, se refere a um muro de 3,2 metros de altura, que há quatro meses tomou toda a visão do mar que se tinha da varanda de sua residência. A edificação foi erguida pelo Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), entre a Rota do Sul e a beira-mar, totalizando 2.050 metros.

Perícia técnica feita por um especialista da UFRN comprova que o muro provoca danos ambientaisA estrutura vem prejudicando o visual da praia e também teria trazido prejuízos à vegetação local, já que parte da mata foi derrubada para dar lugar a uma estrada de piçarro que margeia o muro; e também à fauna, pois impede o deslocamento de diversos animais que costumavam “transitar” entre a Barreira do Inferno e a área urbana vizinha, como tatus, lagartos e até mesmo raposas. “E sem contar que tirou toda a ventilação de casas como a minha, já que bloqueou a passagem do ar”, reclama Francisco Francinildo.

As críticas da comunidade local chegaram ao conhecimento do Ministério Público e a promotora de Justiça de Parnamirim, Luciana Maciel Cavalcanti, instaurou um inquérito no mês de setembro e convocou uma audiência pública para o próximo dia 15, na Procuradoria Geral de Justiça, em Candelária. O MP também já solicitou análises técnicas, que foram realizadas por especialistas do quadro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

A equipe esteve no local em novembro e pelo menos um dos participantes, o ecólogo Luiz Antônio Cestaro, do Departamento de Geografia, considerou equivocada a decisão da Barreira do Inferno de erguer o muro. “É verdade que se trata de uma instituição que precisa ter cuidado com a segurança, mas não pode esquecer que está localizada praticamente dentro de uma zona urbana e precisa haver um tratamento especial em relação aos cidadãos que moram em sua volta”, defende.

Em seu entender, o muro agride o patrimônio visual da praia, prejudicando a visão de moradores, cujas casas estão na área há muito tempo. Para o ecólogo, a infraestrutura construída é, de fato, “agressiva” e pode resultar em mais prejuízos ao meio ambiente local, por se tratar de uma barreira intransponível para as águas, ou os animais. Os habitantes de Cotovelo, inclusive, já observam os primeiros supostos efeitos negativos.

De acordo com quem mora nas proximidades, a erosão observada na estrada de piçarro recém-construída surgiu depois da obra. Já são visíveis os pontos onde a água tem aberto voçorocas, aos pés do muro. “Esperamos que tudo seja divulgado já na audiência do dia 15”, torce o psicólogo.

Parte do muro desabou em setembro

Os blocos de concreto que formam o muro já foram ao chão em um trecho de cerca de 20 metros, ao lado de casas da praia de Cotovelo. Por sorte, o desabamento ocorreu para o lado de dentro da Barreira do Inferno. O fato ocorrido ainda no mês de setembro, em meio às fortes chuvas, aumentou o temor dos moradores em relação à própria segurança dos habitantes e empregados das residências vizinhas. Além de seus 3,2 metros de altura, a estrutura conta com uma cerca em seu topo, formada por material cortante, que amplia o medo das pessoas e o próprio visual “pesado” do muro.

De acordo com moradores, a estrutura é frágil porque não haveria sido erguida com o devido alicerce e sua base tem sido desgastada, em vários pontos, devido à erosão das chuvas na estrada carroçável aberta ao lado. O perigo é grande, uma vez que a “muralha” passa a poucos centímetros de algumas residências e, pelo seu tamanho, supera em altura os próprios telhados das casas.

Para o psicólogo Francinildo da Silva, esse temor é só um dos reflexos de um processo que já se iniciou de maneira errada. “Há 15 anos, quando a Barreira quis construir um muro, conversou antes com a comunidade e chegamos a um acordo. Os moradores não ficaram privados da vista e até mesmo as casas serviam de proteção, mas agora fizeram tudo sem ouvir ninguém”, lamenta, lembrando que até mesmo para montar um jardim aos pés do muro, dentro de seu terreno, o psicólogo enfrentou resistência da CLBI.

O ecólogo Luiz Cestaro concorda que uma discussão prévia com a comunidade seria fundamental. Se o problema era segurança, ele entende que poderia ser erguida uma cerca com pouco espaço entre os arames, evitando a invasão do terreno da Barreira do Inferno e permitindo, inclusive, identificar onde estaria ocorrendo qualquer ato de vandalismo, embora os habitantes afirmem que “nunca houve problema de invasão do terreno da Aeronáutica”.

Parecer confirma danos

A promotora de Justiça de Parnamirim, Luciana Maciel Cavalcanti, já conta com os resultados da perícia técnica realizada pelos especialistas da UFRN, a respeito do muro erguido nos limites da Barreira do Inferno. “A perícia é conclusiva de que há danos ambientais. Agora, aguardo os laudos do Idema e do Ibama para saber se a área é mesmo de dunas e especificar esses danos”, enfatizou a representante do Ministério Público.

Ela espera contar com esses documentos o mais breve possível, uma vez que o pedido encaminhado ao Idema já foi reiterado diversas vezes. Além disso, na audiência pública da próxima terça-feira, dia 15, a expectativa da promotora é não só especificar as características da área e detalhar os possíveis danos, mas também apontar possíveis formas de compensação, pela a agressão cometida à natureza. “Os órgãos ambientais precisam se pronunciar”, cobrou Luciana Cavalcanti.

Comando justifica

O Comando da Aeronáutica informa que a construção de um muro em torno do terreno do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) cumpre todos os requisitos exigidos pela Lei. A Resolução Conama nº 369, de 28 de março de 2006, no inciso II do terceiro parágrafo de seu quarto artigo, isenta de prévia autorização ambiental as atividades das Forças Armadas, com vistas no cumprimento de sua missão constitucional, realizadas em área militar.

A área do CLBI já está demarcada desde os anos 60 com o intuito de resguardar seu patrimônio e garantir o cumprimento de sua missão institucional de preparar, lançar e rastrear engenhos aeroespaciais. O muro também é instrumento para assegurar a preservação do patrimônio ambiental resguardado nessa área militar.

O CLBI possui ainda laudos especializados que comprovam o acerto dos procedimentos de construção e a qualidade do material empregado, bem como detém o registro documental e fotográfico de todas as etapas da obra.

.: Para especialista emissário é a opção mais segura | Como diria o Jack Palance: "acredite, se quiser!"

TRIBUNA DO NORTE - 15/dez/2009
Foto: Elisa Elsie


A polêmica sobre a construção do emissário submarino em Ponta Negra - que vai tratar os esgotos coletados na zona Sul de Natal e Nova Parnamirim – parece estar longe de acabar. Enquanto especialistas confirmam que o emissário é a opção mais segura para resolver o problema do esgotamento, os ambientalistas defendem um maior esclarecimento sobre o funcionamento do projeto.

Paulo Rosman, do Rio de Janeiro, explica que os resíduos que serão jogados no mar são nutrientes“O emissário submarino é seguro sim. Fizemos um estudo com a melhor tecnologia, consideramos o direcionamento dos ventos, a movimentação da maré e várias forças da natureza e chegamos à conclusão de que não há riscos de haver contaminação do mar”, afirmou um dos maiores especialistas em Emissário Submarino, que integra o Programa de Engenharia Oceânica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Paulo Rosman.

Segundo o especialista, os resíduos que serão jogados no mar são nutrientes, tanto que podem provocar o aumento no número de peixes nos arredores do emissários e não a morte deles, como defendem aqueles que são contrários ao emissário.

Ainda de acordo com Rosman, o esgoto tratado será lançado a uma distância dez vezes maior do que a área de balneabilidade, que fica a 300 metros da praia. “Além disso, o tipo de tratamento proposto, o secundário, reduz em mais de 90% o índice de coliformes fecais da água. O emissário, que está sendo feito no RJ, vai lançar um volume dez vezes maior de dejetos que o de Natal e terá o mesmo tratamento”, disse o especialista. Mas para alguns, essas explicações sobre a segurança do emissário são poucas para se chegar a uma decisão. “Pelo que está sendo apresentado, ainda não está suficiente claro que o emissário é a melhor solução. É preciso um estudo mais aprofundado do movimento das correntes marítimas. Além disso, só foi apresentado o resultado final do emissário, mas não foi mostrado como vai ser feito durante o processo”, disse o coordenador do SOS Ponta Negra, Yuno Silva.

O jornalista foi um dos poucos ativistas ambientais presentes na palestra do professor Paulo Rosman, que veio a Natal a convite da Caern para esclarecer as dúvidas dos diversos segmentos da sociedade. Entidades como a Associação dos Moradores, Empresários e Amigos de Ponta Negra (AME-Ponta Negra), Agência Reguladora de Serviços de Saneamento Básico do Município do Natal e MP não compareceram ao evento. Essa foi a quinta apresentação que a Companhia fez sobre o projeto do emissário. A última e decisiva que aprovará ou não a construção do emissário submarino, será entre os meses de janeiro e fevereiro do próximo ano.

Projeto do Emissário Submarino

Apontado como o mais viável, o projeto do Emissário Submarino prevê o lançamento dos esgotos coletados e tratados da zona sul de Natal e Nova Parnamirim a uma distância de 2.732 metros.

Os técnicos asseguram que esta distância será suficiente para impedir que os efluentes, mesmo tratados, retornem às praias. Atualmente, o projeto do emissário em Natal é o único do país com tratamento secundário, isto é, com remoção de 99,9 por cento dos coliformes fecais, utilizando ainda lagoas de polimento e filtros para retenção de algas. Os emissários construídos em diversos Estados do país possuem apenas tratamento primário para retenção de sólidos em grades.

Caso os estudos apresentados sejam aprovados pelo Idema, a Caern terá 120 dias para realizar o projeto executivo, três meses para realizar a licitação e dois anos para execução da obra. Até que seja concluída, a empresa continua implantando redes de coleta de esgotos mas sem condições de ligar por falta de tratamento e destino final dos dejetos da Zona Sul de Natal.

.: Encontro na Fiern: Caern faz nova defesa do Emissário Submarino e tenta explicar a dispersão da PLUMA

A implantação do Emissário Submarino da Barreira do Inferno, que pretende despejar no mar esgotos parcialmente tratados coletados na zona Sul de Natal, nos bairros de Nova Parnamirim e San Vale e algumas praias do litoral Sul, vem gerando polêmicas entre a população de Natal.

Solução considerada ultrapassada em países desenvolvidos, haja vista que muitos emissários ao redor do mundo apresentaram problemas ambientais ao longo dos anos e estão sendo substituídos por projetos que reutilizam a água, o projeto coloca em risco a balneabilidade das praias urbanas da capital potiguar.

O encontro, realizado na manhã desta segunda-feira (14/nov) no auditório da Fiern, foi promovido pela Caern e teve como palestrante o professor Dr. Paulo Rosman, que explicou para uma pequena platéia como - possivelmente - se dará a dispersão da pluma do efluente, ou seja, "como o caldo de coliformes" poderá se comportar após ser lançado no mar.

Mesmo com argumentos calcados em cálculos e simulações computadorizadas (suscetíveis a falhas caso os dados iniciais coletados estejam incompletos ou incorretos), as dúvidas persistem e explicações convincentes ainda não foram apresentadas de forma contextualizada - onde todos os detalhes da dinâmica costeira e características ambientais precisam e devem ser considerados antes de definições.

ANTES DO EMISSÁRIO PRECISAMOS DE:

1. Estudos completos de impacto ambiental, que considerem, inclusive, a experiência de pescadores da comunidade da Vila de Ponta Negra;

2. Maior transparência pública no processo, para ampliar o debate com a sociedade (Audiências Públicas agendadas com antecedência e grande divulgação na mídia);

3. Tratamento adequado do esgoto antes de ser lançado no mar;

4. Plano de gestão e monitoramento de todo o sistema que envolve o projeto do Emissário Submarino da Barreira do Inferno;

5. Apresentação de Projeto Executivo que defina quais as etapas e como deverá ser a execução do projeto;

6. Definir onde e como deverá ser aplicada a 'verba economizada', no intuito de garantir a real ampliação da rede de saneamento básico de Natal;

7. Planos de segurança, no caso de algum acidente ambiental;

8. Projeto de reversibilidade do sistema, que propicie a reutilização da água tratada para fins industriais e agrícolas;

9. Que, ao invés de contornar a Vila de Ponta Negra e rasgar a Área de Proteção Ambiental do Morro do Careca, o projeto do emissário submarino considere a opção de seguir paralelo à Rota do Sol, entre pelo portão principal da base Barreira do Inferno e desemboque na praia da Aeronáutica.

AUSÊNCIAS

Durante o encontro, foi questionada a ausência de entidades ambientais, representantes do ministério público, entre outras partes interessadas no assunto que acompanham o desenrolar dos fatos e vêm questionando a viabilidade do emissário, mas esqueceram de citar que o convite oficial foi encaminhado por e-mail no fim da manhã do dia 11/nov (sexta-feira) sem tempo hábil suficiente para uma articulação eficaz, uma vez que sabemos da dificuldade de mobilização social e a falta de interesse da população em participar de debates do gênero. Também não podemos esquecer que o mês de dezembro é período de festas e marca o início do clima de férias.

Diante disto, a intenção da Caern em desqualificar o movimento ambiental natalense, que não é contra o emissário e sim a favor de um projeto estruturado e seguro, esbarra na própria configuração e articulação do encontro.

Por fim, ficou definida que a próxima Audiência Pública não mais acontecerá no próximo dia 28 de dezembro - como chegou a ser cogitada pela Caern e Idema, num caso de clara falta de sintonia social observada a partir da data originalmente proposta. Prudentemente, a próxima reunião deverá acontecer em janeiro ou fevereiro - e que a data, o local e a hora sejam amplamente divulgadas nos meios de comunicação de grande circulação.

IMAGENS
A imagem acima foi extraída de pesquisas sobre Dinâmica Costeira no Litoral Potiguar, realizada pelo especialista Fernando Fortes, onde podemos perceber movimentos peculiares das correntes marinhas. Confira, nas duas imagens abaixo, o movimento das correntes marinhas em Ponta Negra:

A dispersão da pluma do efluente, nome que o esgoto recebe quando entra em contato com o mar, precisa ser redimensionada com base em estudos específicos sobre a dinâmica costeira observada em Natal - o litoral do RN, por estar em local estratégico onde 'o vento faz a curva', é caracterizado pela chamada "costa crenulada" (formações peculiares de baías e enseadas onde o comportamento marinho forma vórtices/espirais que podem trazer a pluma para perto do continente, fato que afeta diretamente a balneabilidade das praias).

Na imagem acima, temos o trajeto (em vermelho) previsto para o emissário submarino: a partir da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Rota do Sol, a tubulação contorna a Vila de Ponta Negra, corta o Morro do Careca e desemboca na praia de Alagamar (única praia selvagem do RN e grande reduto de pescadores).

Nesta última imagem, criada a partir das informações repassadas pelo professor Dr. Paulo Rosman durante o encontro promovido pela Caern, temos uma escala maior do litoral urbano de Natal com toda a simulação de funcionamento do emissário submarino: a partir da ETE, o esgoto segue com tratamento secundário até o emissário, que despejará cerca de 700 litros por segundo no mar a uma distância de 2,6 mil metros. A marca marrom representa a pluma, que se estenderá até a praia da Redinha.

Interessante é atentarmos para o seguinte detalhe: durante o dia a diluição do efluente é eficaz devido a incidência dos raios solares, já durante a noite... melhor começarmos a orar/rezar/meditar todas as noites para não corrermos risco de acordarmos com as praias contaminadas.

.: Ponta Negra: Vai dar praia ou esgoto?

NOVO JORNAL - 19/nov/2009
Repórter: Fábio Farias

Fotos: Humberto Sales e Magnus Nascimento


Ligações clandestinas tornaram rotineira a interdição da praia para banhos

Projeto de emissário submarino ameaça qualidade da água e opõe especialistas

Praia de Ponta Negra, 16h. Um casal de turistas caminha ao lado de uma rede de esgoto clandestina estourada. Água suja na rua e mau cheiro no ambiente. Próximo dali, o aviso em vermelho do Idema indica, em três línguas diferentes: área imprópria para o banho. É a segunda vez, em menos de uma semana, que o esgoto estoura na área. Há uma semana em Natal, o turista paulista Amauri Leal reclama: “É muito ruim chegar na cidade e ver que a praia está poluída por conta de esgoto”. Cristiane Weber, gerente de um hotel, diz que, “na última quinta-feira, nem os carros conseguiam passar para chegar aqui no hotel. Temos prejuízo com isso”.

A poluição em Ponta Negra acontece por conta do esgotamento clandestino que, hora ou outra, estoura e vai parar no mar. Agora, o Governo do Estado e a Prefeitura de Natal planejam construir dois emissários submarinos (um para lançar esgoto na praia e outro para a drenagem das áreas pluviais de Capim Macio) que podem comprometer o nosso principal cartão postal. Os projetos serão debatidos em audiência pública marcada para 9h30 de hoje na Assembléia Legislativa.

Desde o início das obras de saneamento básico na Zona Sul de Natal, de Capim Macio até a Cidade Satélite, a questão de onde jogar o esgoto da área fi cou em aberto. A Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) propôs como solução a construção de um emissário submarino para lançar os efluentes ao mar. O emissário receberia o esgoto de toda a área da Zona Sul – que tem cerca de 280 mil moradores – na região da Barreira do Inferno. Esses detritos iriam para uma Estação de Tratamento Preliminar, para a retirada de dejetos sólidos, e depois passariam por dois tratamentos complementares para combater os coliformes fecais e as demais bactérias. Depois, a água tratada seria lançada a 2.732 metros da costa, na praia por trás do Morro do Careca.

Área de segurança

Segundo o diretor de projetos da Caern, Josildo Lourenço (foto), o tratamento seria capaz de reduzir em 93% a carga orgânica da água e em 99,2% os coliformes fecais produzidos. “Um esgoto comum tem uma média de 10 milhões de coliformes fecais por 100 mililitros de água. Esse percentual se reduziria para algo em torno de 70 a 80 mil bactérias para essa mesma quantidade. Além disso, esse material será lançado a 2.732 metros da costa, sem risco para a população e o meio ambiente”. Ele acrescenta que os estudos ambientais e técnicos comprovam que o mar tem capacidade de depuração dessas bactérias e que elas não retornariam para a área de banho, de até 300 metros da linha da costa. Ou seja, não haveria contaminação na praia.

Josildo afirma que o tratamento terciário – reivindicado pelos ambientalistas – seria desnecessário e tornaria o projeto mais caro. Ele destaca que a obra tem uma “área de segurança” extra de 700 metros. “Todo projeto de engenharia trabalha com uma margem de segurança. Os nossos estudos indicaram que, a dois mil metros da costa, já não apresentava riscos. Aumentamos a distância em 700 metros para termos uma segurança a mais”, disse.

Ambientalista quer reutilizar água

Os ambientalistas alegam que o emissário pode tornar a praia imprópria para banho, aumentando os problemas já provocados pelo esgoto clandestino. Yuno Silva, do SOS Ponta Negra, destaca que o projeto tem três problemas: “Faltou transparência da Caern, não houve um estudo profundo de impacto ambiental e falta o tratamento adequado dos detritos”. Segundo ele, a Caern modificou o projeto após as últimas audiências. “O primeiro emissário que nos apresentaram tinha um tratamento primário, em seguida eles falaram que iam fazer o tratamento terciário e iam lançar os detritos a 5 km da praia, e agora mudaram tudo”, disse.

Ele afirma ainda que uma característica do nosso litoral não foi considerada. Segundo Yuno, o litoral potiguar é crenulado e as correntes marítimas fazem um movimento de leque que pode trazer para a costa os coliformes fecais. “Não há a certeza de que esses detritos não venham contaminar a praia”, diz. Para ele, a melhor solução seria o tratamento terciário da água, que a deixaria quase potável e pronta para reutilização, “seja em irrigação, seja no ambiente industrial.”

Empresário teme prejuízo

Eduardo Bagnolli, empresário e presidente da Associação de Moradores, Empresários e Amigos de Ponta Negra (AME-Ponta Negra), afirma que o emissário pode afetar drasticamente o turismo:“No Guarujá, no litoral paulista, houve um emissário que um dos canos rompeu coisa que prejudica até hoje o turismo na área. Se eles têm 81 milhões para gastar numa obra, porque não usam o dinheiro todo para fazer bem feito?”

Eduardo é a favor da reutilização da água, após o tratamento. Segundo ele, o argumento (falta de demanda) que a Caern usa para não reaproveitar, é falho. “Com o tratamento terciário, teríamos uma água industrial que poderia ser usada de forma mais barata para a irrigação”, conta. Ele afi rma ainda que essa água poderia atrair mais empreendimentos, além de baratear o custo do metro cúbico para o empresário: “Existe um projeto de construção de um campo de golfe no litoral sul. Essa água tratada do esgoto poderia ser usada ali.”

Ministério Público exige novos estudos

A promotora do meio ambiente do Ministério Público Estadual, Gilka da Mata, afirma que, desde apresentação do primeiro projeto, em março de 2008, os estudos ambientais contratados pela Caern eram insatisfatórios e incompletos. O MPE chegou a pedir estudos complementares no projeto. “Não havia sequer uma análise computacional da pluma de contaminantes, considerada
elementar para implantar qualquer tipo de emissário”, disse Gilka.

Em outubro deste ano, o órgão apresentou estudos complementares, mas, segundo ela, ainda incompletos: “Há dúvidas se os dados que alimentaram o modelo computacional que realiza a projeção da pluma de contaminantes no mar foram suficientes para garantir a segurança no tocante à qualidade da água da praia”.

Para esclarecer as dúvidas e firmar posição sobre o projeto, o Ministério Público enviou os estudos da Caern para análise por uma equipe de técnicos especialistas.

COMO É HOJE

Segundo dados da Caern, apenas 33% da área de Natal são saneados e 17% dos esgotos passam pelas Estações de Tratamento (ETE). Os detritos na área da Zona Sul de Natal, tantos os tratados quanto os não tratados, são infi ltrados em uma região fluvial na rota do sol. O esgotamento da região central da cidade tem como destino fi nal o Rio Potengi, à altura do viaduto do Baldo.

O PROJETO

O Emissário Submarino está orçado em 46 milhões de reais. A Caern contratou estudos de vários órgãos, entre eles a Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos da UFRJ, para analisar a infl uência dos dejetos na área de banho. Todos os estudos, segundo a Caern, indicaram esse modelo de emissário. O Governo Estadual disponibilizou 81 milhões para estudos e para obras. O custo de um tratamento terciário da água a ser lançada ao mar seria de 31 milhões, o que aumentaria o custo total da obra para 77 milhões de reais. “Todos os nossos estudos deixaram claro que um tratamento terciário dessa água seria um gasto de dinheiro desnecessário”, disse Josildo Lourenço, da Caern.

Emissário de drenagem também está na lista de ameaças às praias

Pouco discutido pela sociedade, o projeto de outro emissário submarino, pela Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (Semopi), prevê o lançamento ao mar das águas drenadas de Capim Macio. O emissário é parte fundamental do projeto de drenagem do bairro e também enfrenta resistência de ambientalistas, que temem as ligações clandestinas de esgotos e a contaminação das praias da Via Costeira e Ponta Negra. Segundo o secretário Demétrio Torres, “esse pequeno emissário vai pegar as águas das lagoas de captação e jogá-las ao mar, à altura do hotel Ocean Palace”, disse. O projeto chegou a ser embargado e está sendo submetido a uma perícia, “para saber se ele poderá ser usado”.

O emissário de drenagem custará em torno de R$ 5 milhões. As águas pluviais seriam jogadas a 300 metros da costa, sem nenhum tipo de tratamento, porque, segundo o secretário, não possuem o mesmo grau de poluição do que a água de esgoto.

.: Os “nós” da avenida Roberto Freire

TRIBUNA DO NORTE - 22/nov/2009
Repórter: Sílvia Ribeiro Dantas


Ligando os bairros mais centrais de Natal à praia de Ponta Negra, a avenida Engenheiro Roberto Freire é também uma grande vitrine de negócios. A cada mês pipocam novos empreendimentos comerciais ao longo da via. Entretanto, investir na área não é garantia de sucesso. De acordo com empresários, a região é bastante atrativa, mas fatores como o alto preço cobrado pelos aluguéis e a sazonalidade típica do turismo podem inviabilizar alguns negócios ou impedir que outros deslanchem.

Dois exemplos do que ocorre com muitos dos empreendimentos abertos ao longo da Engenheiro Roberto Freire são os shoppings Orla Sul e Seaway. Ambos se mantiveram por pouco tempo com lojas voltadas ao varejo e enquanto o primeiro foi comprado por uma universidade particular para ampliar suas instalações, o segundo passou a concentrar prestadores de serviços, como imobiliárias, construtoras e terminais bancários.

O Orla Sul encerrou suas atividades no início deste mês, após quase quatro anos de funcionamento. Com um investimento de R$ 35 milhões, o shopping foi inaugurado para abrigar mais de 80 lojas e três salas de cinemas. Dentre os motivos que provocaram o fechamento do estabelecimento, os principais apontados pelo antigo administrador, Eduardo Patriota, teriam sido o ingresso do Midway Mall no mercado natalense e a chegada de vários hipermercados à Roberto Freire.

Para conseguir não ter o mesmo destino, o Seaway optou por modificar seu público-alvo. Aberto em fevereiro de 2004, principalmente com lojas de varejo e alimentação, atualmente o estabelecimento concentra empresas prestadoras de serviço. “Começamos bem voltados para estrangeiros, mas com a crise financeira internacional, o shopping teve que se adaptar ao público que mora na área. Agora queremos fortalecer o novo perfil, além de reabrir a praça de alimentação”, afirma o administrador do estabelecimento, José Barreto.

Diversidade

Tomada por estabelecimentos comerciais, não é de espantar que ao longo do corredor formado por lojas, postos de gasolina, farmácia, shoppings, galerias e restaurantes as histórias sejam tão diversas quanto os setores atendidos em toda a extensão da avenida.

Bastante lembrado como um dos casos de longevidade na área, o Praia Shopping completou 13 anos em 2009.

De acordo com a gerente de marketing do centro comercial, Danielle Leal, o estabelecimento se consolidou após diversas mudanças, que possibilitaram a adequação ao público da zona sul de Natal.

Para Danielle, a vantagem da Roberto Freire é cortar bairros cujos moradores têm alto poder aquisitivo e investem na qualidade de vida. “A desvantagem é termos que nos preparar para a sazonalidade do turismo, com épocas de alta rentabilidade e outras em que os visitantes são poucos”, avalia.

Outro exemplo duradouro é um sex shop que funciona no Dunas Shopping. A proprietária, Clair Petry, conta que chegou do Paraná há oito anos e abriu a loja em seguida. “Aqui é bom porque vem tanto turista quanto quem mora em Natal, trabalhamos perto da praia, de frente para o parque das dunas e com fácil acesso ao calçadão”, enumera Clair.

Funcionando há apenas dois anos e já consolidada em Natal, a churrascaria Sal e Brasa foi aberta na via após a percepção de que o local é um corredor próximo aos principais hotéis da cidade. “Tanto para o turista quanto para quem mora em Natal, o acesso é facílimo”, explica o sócio-gerente do restaurante, Claudiomiro Dal Pian.

Em situação bem diferente está o Espacial Mall. Para quem trafega pela via, com apenas uma loja funcionando, o centro passa a impressão de não estar sendo procurado por lojistas. Entretanto, o administrador do empreendimento, Benedito Dutra, afirma ter apenas uma loja ainda disponível para locação.

“Valores praticados são irreais”

A percepção dos comerciantes é confirmada pelo presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), Waldemir Bezerra. Ele diz que pela via ser uma passagem obrigatória para os turistas que visitam a capital, é natural que seja bastante visada por empresários. “Podemos dizer que é a nossa avenida Paulista. Uma região muito valorizada para escritórios e estabelecimentos comerciais”, compara Bezerra.

O mesmo é revelado pelo diretor de uma imobiliária de Natal, Paulo Pinheiro. Ele é enfático ao dizer que estão sendo praticados valores irreais de aluguéis na Roberto Freire e explica que isso ocorre pelos donos dos imóveis terem a ideia de que a área é muito valorizada por concentrar turistas, sendo a melhor avenida de Natal para se abrir um negócio.

Pinheiro chama a atenção para o fato de os altos preços dos aluguéis não ficarem restritos aos imóveis comerciais e afetarem os bairros de Ponta Negra e Capim Macio como um todo. Porém, ele destaca que a tendência é que os valores sejam revistos em breve. “Ponta Negra hoje está voltando a ser um bairro de natalenses. Um apartamento que era vendido por R$ 180 mil, agora pode ser encontrado por R$ 130 mil. Só existem duas opções para aquela área: ou os proprietários baixam os preços dos aluguéis ou as lojas ao longo da avenida vão fechar”, ressalta Paulo Pinheiro.

Para o presidente do Sindicato de Empresas Imobiliárias do Rio Grande do Norte (Secovi), Renato Gomes, o fracasso de diversos empreendimentos na Engenheiro Roberto Freire não pode ser atribuído apenas ao alto valor pago pela locação do ponto, uma vez que o preço médio da região é equivalente ao cobrado em importantes vias de outras regiões da capital, como Hermes da Fonseca e Prudente de Morais. “Nas artérias principais da cidade, a situação é sempre a mesma e talvez o que esteja faltando para os empresários daquela área seja uma pesquisa de mercado antes de abrir os negócios”, opina Gomes.

Apostar na região exige cuidados

Antes de decidir apostar na avenida Engenheiro Roberto Freire, o empresário deve tomar alguns cuidados, alerta o gerente da unidade de orientação empresarial do Sebrae, Edwin Aldrin.

De acordo com Aldrin, é imprescindível levantar que tipos de empreendimentos já existem na região e se a sua ideia está alinhada com o público que circula pela área. Ele ressalta que a identificação do local onde o negócio será instalado é um dos últimos itens a serem levados em conta, durante o planejamento.

“Especificamente na Roberto Freire, temos que ver que o público tem bom poder aquisitivo e muitos turistas circulam por lá. Além de a área concentrar empresas grandes ou elitizadas”, diz.

Outras particularidades da avenida é estar em uma área nobre, o que exige alto investimento em relação ao terreno, impostos, custo operacional, segurança e ponto comercial. Além disso, a maioria das pessoas que transita pela via utiliza automóveis. “O que torna essencial a disponibilização de estacionamento, com fácil acesso. Por essas razões, tem que pensar muito bem e só investe lá quem tem bala na agulha”, completa.

Planejamento

O gerente de orientação empresarial lembra a importância de desenvolver um planejamento, baseado no público a ser atingido e investigando que tipo de serviços ou produtos os moradores da região gostariam de encontrar com mais facilidade. Edwin Aldrin enfatiza que mesmo aqueles empreendimentos voltados para o turismo devem estar preparados para atender também o público local, uma vez que o fluxo de visitantes varia ao longo do ano. “Acredito que muitos dos que não se mantém é por falta desse tipo de iniciativa prévia”, afirma.

Aldrin revela ainda acreditar que, atualmente, a área tenha maior carência no setor de serviços,
principalmente focado no público que mora no entorno e volta do trabalho no final do dia. "Aquela região, formada pelos bairros de Capim Macio, Cidade Jardim e Ponta Negra, ainda é muito residencial, mas a avenida continua carente de serviços essenciais, como borracharias e lavanderias”, avalia.

.: Operação Impacto: juiz remarca audiência com réus para dezembro

TRIBUNA DO NORTE - 20/nov/2009
Fred Carvalho - Editor

O juiz da 4ª vara criminal de Natal, Raimundo Carlyle de Oliveira Costa, remarcou a data da audiência em que vai interrogar os réus da operação Impacto. Essa audiência, que seria realizada na terça-feira (24/11), foi reaprazada para o dia 17 de dezembro.

O despacho de Carlyle foi publicado esta semana. "Reaprazo a audiência de continuação da instrução para o dia 17/12/09, às 14:30h, onde serão realizados os interrogatórios dos réus que comparecerem e concluída a instrução criminal", diz o documento.

Além disso, o juiz também deferiu pedidos de dispensa dos interrogatórios de mais quatro réus, entre eles o presidente da Cãmara Municipal de Natal, Dicksson Nasser dos Santos. Além dele, estão dispensados o ex-vereador Emilson Medeiros dos Santos, o assessor parlamentar Klaus Charlier Nogueira Serafim de Melo e Hermes Soares da Fonseca.

Anteriormente, Raimundo Carlyle já havia dispensado da audiência os vereadores Adão Eridan e Aquino Neto, e o ex-vereador Aluisio Machado.

A operação Impacto, deflagrada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público em 2007, investigou um suposto esquema fraudulento na Câmara Municipal de Natal durante a votação do Plano Diretor da cidade.

Os réus na operação Impacto são: os vereadores Francisco Sales de Aquino Neto, Adão Eridan de Andrade, Dicksson Ricardo Nasser dos Santos, Edivan Martins Teixeira, Júlio Henrique Nunes Protásio da Silva e Adenúbio de Melo Gonzaga; os ex-vereadores Tirso Renato Dantas, Antônio Carlos Jesus dos Santos, Aluisio Machado Cunha, Salatiel Maciel de Souza, Geraldo Ramos dos Santos Neto, Sid Marques da Fonseca, Edson Siqueira de Lima e Emilson Medeiros dos Santos; o empresário Ricardo Cabral Abreu; e ainda as pessoas de Joseilton Fonseca da Silva, João Francisco Garcia Hernandes, José Cabral Pereira Fagundes, Francisco de Assis Jorge Souza, Hermes Soares Fonseca, Klaus Charlie Nogueira Serafim de Melo.

.: Operação Impacto: mais dois réus pedem dispensa de interrogatórios

TRIBUNA DO NORTE - 18/nov/2009
Repórter: Felipe Gibson

O ex-vereador Emílson Medeiros dos Santos (foto) e o assessor parlamentar Klaus Charlier Nogueira Serafim de Melo pediram dispensa do interrogatório judicial sobre o suposto envolvimento de ambos em um esquema fraudulento apontado na operação Impacto, deflagrada pela Polícia Civil e Pelo Ministério Público Estadual em 2007.

Os pedidos, que foram feitos nesta terça-feira (17/11), serão analisados pelo juiz da 4ª vara criminal de Natal, Raimundo Carlyle de Oliveira, que determinará se Medeiros e Charlier serão dispensados ou não do interrogatório marcado para o próximo dia 24/11, no fórum Miguel Seabra Fagundes.

Se os pedidos de Emílson Medeiros e Klaus Charlier forem aceitos, chegará a cinco o número de réus dispensados do interrogatório. Em setembro deste ano os vereadores Adão Eridan (PR) e Aquino Neto (PV) e o ex-vereador Aluisio Machado (PSB) tiveram suas dispensas concedidas pelo juiz Raimundo Carlyle.

O processo presidido por Carlyle apura um suposto esquema de corrupção para fraudar a votação do Plano Diretor de Natal em 2007.

.: Drenagem de Capim Macio só em 2010

DIÁRIO DE NATAL - 21/nov/2009
Repórter: Gabriela Freire
Foto: Ana Amaral/DN/D.A Press


Conclusão das obras depende do resultado das perícias técnicas sobre o emissário submarino

Nove ruas do bairro da Zona Sul ainda precisam ser drenadas e pavimentadas. Obras foram atrasadas por embargo em 2008

Só em 2010. Essa é a expectativa para a conclusão das obras do sistema de pavimentação e drenagem do bairro de Capim Macio. De acordo com o secretário municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (Semopi), Demétrio Torres, o fim do trabalhos no bairro depende do resultado da perícia técnica sobre o emissário submarino. Nove ruas, que formam a Bacia 1, ainda precisam ser drenadas e pavimentadas. "Só com o resultado da perícia é que poderemos dar continuidade às ligações no sistema de drenagem da bacia 1", disse.

O secretário afirmou que a demora na entrega do projeto à população é consequência do embargo sofrido ainda no ano 2008. "Os moradores fizeram uma série de reclamações. Muita coisa trouxe benefícios para eles, mas outras, só atrasou a evolução do projeto", disse Demétrio Torres.

A estudante Kassandra Cristina de Vasconcelos cansou de esperar. "Morei na rua João Motta e me mudei. Quando chovia a rua enchia e não tínhamos como sair. Já na época do verão, a poeira era tanta que meu filho de 1 ano e meio teve pneumonia e eu sofri de alergia respiratória. Faz um ano que me mudei e não Me arrependo", declara.

Já a dona de casa Maria das Graças Pantoja preferiu pagar para ver. E quando fala em pagar, faz questão de citar o alto valor que paga em impostos. "O que foi feito aqui na minha rua não vale o tanto que pago", reclama. A Rua Holacido Ximenes Jales foi drenada, pavimentada e asfaltada, mesmo assim não agrada a dona de casa. "Já faz mais de um ano que calçaram a rua mas já perdi as contas de quantas vezes já vieram aqui e abriram a rua. Eles arrumam e cavam. É tanto que a rua está toda desnivelada e, em alguns casos, cheia de areia. Acho isso um absurdo", diz indignada.

Sobre isso Demétrio Torres explicou que não é responsabilidade da Semopi. "É responsabilidade da prefeitura apenas os serviços de drenagem e pavimentação. A parte de ligações de esgotos é com a Caern. Se estão surgindo problemas e eles precisam arrumar, é provocada pela falta de manutenção da rede ao longo de 30 anos. A rede está velha e não atende a demanda atual. A única coisa que podemos fazer é fiscalizar se eles estão fechando as ruas dentro do prazo acertado", disse.

R$ 65 milhões

As obras de saneamento, drenagem e pavimentação de Capim Macio custarão R$ 65 milhões aos cofres públicos. O projeto de intervenção urbanística do bairro possui mais de 15 anos de criação, segundo o titular da Smopi, e já tem 84% dos trabalhos prontos. Entre as propostas estão a criação de um parque urbano integrado ao sistema de drenagem com equipamento de esporte e espaço para viveiros.

.: Crack :: No rastro da destruição

DIÁRIO DE NATAL - 30/nov/2009
Repórteres: Alana Rizzo, Edson Luiz e Samantha Sallum
Foto: Iano Andrade/CB/D.A Press

Dependência é tratada como questão de segurança nacional e Combate à disseminação é ponto primordial Dependência tem alimentado crimes e desafiado as autoridades

O Ministério da Justiça anunciou a criação de um grupo dentro do Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci) para enfrentar a disseminação do crack no país. Além disso, a Polícia Federal promete instalar postos especiais nos estados próximos a fronteiras. Os primeiros serão no Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Acre. "Vamos fazer um colóquio nacional, juntando a Senad (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas), especialistas e universidades para debater a questão do crack", afirmou o ministro da Justiça em exercício, Luiz Paulo Barreto.

Segundo Barreto, em todas discussões realizadas pelo ministério no país, o grande problema apresentado por prefeitos e a comunidade é o crack. "Temos que ir pelo lado da prevenção, juntando as outras áreas, como saúde e educação. Essa droga é mais perigosa do que a cocaína, vicia mais rápido e está no dia a dia. É preciso ter a repressão. Por isso, vamos instalar postos na fronteira e tentar conter o avanço internodo crack e das quadrilhas", disse Barreto. A pedra da morte aumentou índices de criminalidade, pontos de prostituição e circulação de armas.

Especialistas apontam a droga como o maior desafio para a segurança pública.

Doença do mundo

Localizada no sertão do Ceará, a 380km de Fortaleza, Iguatu orgulha-se do selo que recebeu no ano passado do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) pelas melhorias na qualidade de vida de crianças e adolescentes. A placa "Município aprovado" na entrada da cidade dá boas vindas aos visitantes e esconde o lado obscuro da cidade de 98 mil habitantes.

Quem convive diariamente com o problema se assusta, como o delegado civil Agenor Freitas, que passou 11 anos longe do município, e há sete meses assumiu o cargo. "O avanço da droga é uma coisa sem precedentes", diz. "É um mercado lucrativo". No início do ano, a pedra pequena, segundo o delegado, custava R$ 3 e a grande, R$ 7. Hoje, a menor é R$ 5 e a maior, R$ 10. "O crack é a doença do mundo", sentencia. O problema se repete em outras cidades do interior cearense, como Crato, Juazeiro e Sobral.

Medidas adotadas também pelo delegado federal no Pará, Geraldo José de Araújo, que já prepara uma estrutura na Secretaria de Segurança Pública para o pior. "A incidência do crack ainda é pequena, mas a qualquer momento pode se agravar", afirma Araújo.

No Espírito Santo, o crack está sendo tratado como uma epidemia por ter se alastrado rapidamente nos últimos dois anos. "Como em todo o Brasil, a situação aqui está complicada", afirma o secretário de Segurança Pública do estado, Rodney Rocha Miranda. Delegado federal, Miranda foi um dos integrantes de uma força-tarefa que combateu o crime organizado no Espírito Santo, mas está encontrando dificuldades continuar a luta. "Estamos aumentando as apreensões, mas o consumo de crack aumentada cada vez mais", ressalta.

"Hoje, quando vou conversar com lideranças comunitárias, o crack está entre os assuntos pautados pelas associações", diz o secretário, confirmando o que ocorre em quase todo o país: a droga chegou aliada à violência. "Cerca de 70% dos casos de morte têm o crack como pano de fundo", observa Rodney.

No Mato Grosso, um dos estados identificados pela Polícia Federal como integrante da rota do tráfico de drogas, a pasta base da cocaína ainda é a droga de maior circulação. Mas no interior, em Vila Rica, o crack ganha espaço. Próximo ao Pará e a Tocantins, o município já registra grandes apreensões. "Estamos fazendo um trabalho de identificar só compradores e prisão dos traficantes", afirma o delegado, que cobra monitoramento mais intenso da PF nas fronteiras.

# Leia mais - A falta de uma política adequada para tratar das mazelas causadas pelo crack é uma constante que permeia os gabinetes do Congresso Nacional...

.: A locomotiva do crack

DIÁRIO DE NATAL - 30/nov/2009
Repórter: Edson Luiz


A droga se alastra pelo país pela facilidade com que pode ser preparada, vendida e consumida

O aumento da produção de coca na Bolívia, o preço baixo e a facilidade para preparar e comercializar transformaram o crack em uma das drogas mais populares no país e num dos mais sérios problemas de saúde pública.

O negócio com o crack passou a ser rentável com o volume de drogas que chega principalmente da Bolívia, onde os plantios cresceram 6% no último ano, chegando a 30,5 mil hectares, segundo o relatório deste ano da Organização das Nações Unidas (ONU). Do total, 19 mil hectares são para consumo tradicional da população, que usa a folha da coca inclusive na fabricação de refrigerantes e remédios. O restante, conforme autoridades policiais brasileiras, destina-se a plantações usadas para abastecer o narcotráfico.

Hoje, grande parte da cocaína que chega ao Brasil é em forma de pasta base, matéria prima para a fabricação do crack.

Por viciar mais rápido do que outras drogas e devido ao preço baixo, já existem quadrilhas especialistas em fabricação e distribuição da droga no Brasil. "Quem fuma crack tem uma pancada forte, mas que dilui muito rapidamente. Isso estimula a pessoa a fumar mais", afirma o perito Adriano Otávio Maldaner, chefe de Serviço de Perícia e Laboratório do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal.

Até agora, foram desbaratados três grupos: em Itabira (MG), no Recife (PE) - que recebia o produto de São Paulo - e em Pelotas (RS), que comercializava pelo menos 100kg da droga por mês. Somente nesses casos, calcula-se que pelo menos 5 milhões de pedra deixaram de circular pelo país. Porém, em todos os estados foi registrado aumento nas apreensões. Ou seja, a circulação do crack cresceu.

O crack se espalha pelo país pela facilidade de fabricação em laboratórios caseiros, todos rústicos - até simples baldes são usados para misturar a pasta base com permanganato de potássio e amoníaco. Depois, basta colocar no fogo para formar a pedra. "A fabricação ocorre em todos os lugares, até mesmo no quarto dos fundos de um apartamento", diz o coordenador-geral de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal, Luiz Cravo Dórea. Ironicamente, o aumento do crack também foi ocasionado por uma política adotada pelo Brasil em relação aos países vizinhos produtores de coca: a proibição de produtos químicos. Com isso, o refino da pasta é feito diretamente em território brasileiro.

Organograma do tráfico

A cadeia do narcotráfico tem pelo menos quatro etapas, que vão dos plantios até a distribuição pelas cidades. Todos seus integrantes têm funções específicas, variando apenas os nomes.

Primeira fase

Nos plantios trabalham pelo menos seis tipos de pessoas com funções diferentes.

São as seguintes:

Lavrador: encarregado pelo plantio, cultivo e colheita da folha de coca
Fiscal: É a pessoa encarregada pelo suporte ao lavrador
Peão: Responsável pelos serviços braçais na lavoura de coca
Aviador: Quem financia os insumos agrícolas
Varador: transporta as folhas
Vigia: Faz a segurança dos plantios

Segunda fase

Quando começa os trabalhos de refino da cocaína, muitas vezes ainda nos plantios.

Pisoteiro: É o encarregado pela fabricação da pasta base
Administrador: É o chefe do laboratório
Cargueiro: Pessoa encarregada pelo transporte da pasta base
Agenciador: Faz os contatos com os compradores
Guarda: Encarregado pela segurança
Tanqueiro: Quem fornece suporte financeiro ao laboratório

Terceira fase

É quando a pasta base de cocaína passa pelo seu processo de transformação, onde:

Fabricante: É praticamente o dono do laboratório
Administrador: Pessoa que gerencia os locais
Cozinheiro: Encarregado pelo rpocesso químico
Obreiro: É quem faz os trabalhos braçais
Maleiro: Quem embala a droga
Provedor: Encarregado pelo financiamento

Quarta fase

É quando a cocaína já está em fase de comercialização, seja em grandes ou pequenas quantidades.

O organograma

Negociante: Normalmente quem vende grandes volumes de pó
Coordenador: Administrador das vendas
Despachante: Quem confere a cocaína recebida
Contador: responsável pela contabilidade da quadrilha
Mula: Encarregado do transporte da droga
Capanga: responsável pela segurança
Cobrador: Quem recebe o dinheiro dos negócios
Médicos: Quem executa os inimigos
Mesclador: Que mistura outros produtos ao pó
Aviões: Quem transporta a droga

# Leia mais: Policiais federais avaliam que o comércio de cocaína é movimentado nas fronteiras do país por traficantes brasileiros foragidos da Bolívia...

.: Banhistas escalam o Morro do Careca em Ponta Negra

DIÁRIO DE NATAL - 27/nov/2009

Ao pé do morro, a reportagem flagrou vários banhistas subindo a sua careca - área sem vegetação - o que é proibido, configurando inclusive crime ambiental. Da cerca existente no local, restam apenas as estacas. Uma placa tímida, um tanto escondida fala sobre a proibição.

A zona deveria ter presença constante da Guarda Ambiental, mas não existe um posto fixo no local e os guardas são obrigados a utilizar o bar de uma pousada como base. Dali vigiam o morro. Não havia nenhum deles no momento da reportagem, mas os vendedores dizem que foi uma exceção.

O comerciante Antônio Roberto Nobre é um frequentador daquela área. "Sou totalmente contra a subida. O morro conseguiu se recuperar ao longo dos anos, mas se liberarem vai acontecer o mesmo. Falta consciência.

Avisei a uma turista que subiu aí que era proibido. Ela estirou o dedo médio para mim". O comerciante diz ainda que sem policiamento o entorno do Morro do Careca fica perigoso. "Já fui assaltado aí, um homem saiu com um punhal do meio do mato. Se passar da trilha só tem assaltante, viciado e prostituição".

A turista Osmarina Rebouças, de Belo Horizonte, apóia a proibição. "Eu conheço o morro há muito tempo. Há alguns anos voltei e ele estava destruído. Tem mesmo é que proibir e não deixar ninguém subir".

O pescador e morador Ronaldo Adriano da Silva confirma. "Está faltando policiamento. São só dois policiais para tomar conta de tudo isso. Quando eles não estão as pessoas sobem no morro, querem entrar nas trilhas. Para que? É uma área militar inclusive. Nós orientamos os turistas para que não vão para lá. Dia desses teve um que entrou aí e foi assaltado, amarrado e deixado nu. Essa praia é uma maravilha, mas precisa de policiamento. E a arma deles é um apito. Eles apitam e o pessoal tira onda perguntando quem vai bater o pênalti".

Ronaldo conta que o morro está no escuro e que falta iluminação desde o final do trecho asfaltado, contribuindo com a insegurança.

.: Ponta Negra: Problemas no paraíso // Menina dos olhos pede mais atenção

DIÁRIO DE NATAL - 27/nov/2009
Repórter: Luiz Freitas
Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press


Duas realidades: modernos edifícios surgem ao fundo da paisagem, em contraste com a velha jangada.

O Diário de Natal inicia hoje uma série de três reportagens, que serão publicadas até o próximo domingo, sobre o bairro de Ponta Negra. De praia de veraneio nos anos 70, o local transformou-se numa pulsante área escolhida como lar por potiguares e gente de todo o resto do mundo, e também no principal pólo turístico e de lazer da cidade. A série mostrará a atmosfera peculiar deste lugar de muitas cores e sotaques, e chamará atenção para os problemas gerados em função do desenvolvimento desordenado. A primeira matéria apresenta as questões mais urgentes no que diz respeito ao meio-ambiente, ao urbanismo e à segurança.

Menina dos olhos de Natal, a praia de Ponta Negra já teve melhores dias. Ao longo dos últimos anos passou por um boom de vertiginoso crescimento. O preço a pagar também foi caro: no esteio dos dólares e euros investidos e circulantes no local, uma ciranda de problemas - sexo turismo, drogas, insegurança, atividades criminosas, máfia italiana. O natalense perdeu seu espaço e a grande festa deu lugar à decadência, aumentada pelo descaso. Questionado sobre o que mais o incomodava atualmente em Ponta Negra, um vendedor de quadros de origem nipônica respondeu: "As pessoas chegam e veem essa imagem negativa, ficam com a impressão de que todos por aqui são iguais, mas aqui tem gente honesta".

Segundo o presidente da Associação dos Trabalhadores Informais de Ponta Negra (Atipon), Marcos Martins, "ou o poder público perdeu todo o interesse em investir no principal cartão postal da cidade, ou está de braços cruzados esperando o Projeto Orla, que é para a Copa de 2014. Mas os problemas estão aí, os buracos sociais de Ponta Negra estão refletidos nos buracos de seu calçadão". Ele é o porta-voz de um grupo de aproximadamente 1,5 mil pessoas, entre empresários, ambulantes, barraqueiros, artesões e autônomos que dependem do turismo em Ponta Negra.

O grupo que ele representa reuniu-se em assembleia para discutir o que eles chamam de completa omissão do poder público em relação à praia, elegendo os principais problemas constatados no local, que vão da falta de infraestrutura adequada à falta de suporte para os trabalhadores, insegurança ou mesmo da divulgação daquele destino turístico às vésperas do início do verão. A lista é longa. O resultado, segundo eles, é que Ponta Negra vai minguando, esquecida pelos governantes, pelos turistas e pelo natalense, expatriado de sua praia.

Divisão

Seguindo o diagnóstico feito por quem vive Ponta Negra, a reportagem do Diário de Natal mostra que a praia sofreu uma divisão perceptível. Entre problemas comuns o trecho que vai do Morro do Careca até a subida da Avenida Erivan França está decadente e agoniza ao longo dos anos. Enquanto isso, passada a fronteira, o natalense volta a descobrir seus encantos.

.: Ponta Negra: Problemas no paraíso // Sem posto policial há mais de um ano

DIÁRIO DE NATAL - 27/nov/2009
Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press


Assaltos assustam frequentadores da praia, que também se expõem a doenças por causa do esgoto na beira-mar

Viatura solitária patrulha orla mais concorrida da cidade, que não tem mais sequer um trailer fixo para o policiamento

Há mais de um ano, o trailer da Polícia Militar foi retirado da Avenida Erivan França. Membro da Companhia Independente de Turismo, o soldado PM Euzébio conta que não havia qualquer apoio para os policiais no local.

"Não tinha água, alimentação. Seria mesmo muito bom que fizessem uma base da PM aqui". Ele lamentou a retirada das câmeras de vigilância que haviam na praia, um dos problemas apontados ao Diário.

Sobre outra denúncia, a do consumo de crack por crianças e adolescentes em plena orla, o soldado Euzébio reconheceu o problema. "Estou cansado de levar jovens para o abrigo, mas não demora e eles fogem de lá, voltando para a praia para consumir mais drogas. O pessoal dos abrigos diz que não podem obrigá-los a não pular o muro".

Outro grave problema é a falta de uma torre de observação do Corpo de Bombeiros, retirada em agosto de 2008. Segundo Marcos Martins, sem salva vidas, já ocorreram duas mortes por afogamento no local. O presidente da Atipon diz que os Bombeiros possuem a estrutura para instalar o posto, mas falta a Semsur determinar o local onde isso deverá ocorrer. Outro exemplo foi o acidente com a bodyboarder Débora Nascimento, em abril, que teve um trauma na coluna cervical intensificado pelo socorro inadequado dado pelos banhistas.

Língua negra

Ainda nas proximidades do Morro do Careca, uma antiga escadaria que dá acesso à vila, bastante utilizada por quem lá mora sofre com a falta de cuidados. Um agravante é o sistema de esgoto que corre por baixo dela e que freqüentemente estoura, lançando um rio de dejetos escada abaixo, o mesmo esgoto que vai parar na praia sem nenhum tratamento.

Segundo o morador Itamar Dantas da Silva o problema existe há pelo menos oito anos. "Quando chove desce m... para todo lado. Isso é serviço mal feito. Depois dizem que a praia é poluída, mas ninguém se preocupa em consertar isso". Os problemas continuam em outros pontos, onde a reportagem flagrou as chamada línguas negras, esgoto lançado na praia.

.: Polícia garante que orla de Ponta Negra é bem vigiada

DIÁRIO DE NATAL - 27/nov/2009
Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press


Água suja sai de galerias e invade areia da beira-mar. Problema, segundo o poder público, é causado por ligações clandestinas

Segundo o comandante da Companhia Independente de Policiamento Ambiental (Cipan), major Túlio César Alves, a ausência de policiamento no Morro do Careca no dia da reportagem se deveu à greve da Polícia Civil.

"Foi uma situação emergencial. Com a greve da Civil foi determinado que os PMs ocupassem delegacias e uma delas ficou sob nossa responsabilidade, então tivemos que remanejar pessoal para lá". De acordo com o major, dois policias são responsáveis pela vigilância do morro, impedindo o acesso e evitando sua degradação. "Esse episódio só mostra que a Cipan precisa ficar permanentemente no local, porque a população não respeita o morro, que estava sofrendo um processo de degradação acelerada e vem se recuperando". Sobre os assaltos no local, o major afirmou que o número é normalmente é pequeno, mas que durante o verão a fiscalização se torna mais difícil porque o número de visitantes aumenta bastante.

De acordo com o coronel Francisco Araújo Silva, comandante do policiamento da capital, o trailer da PM é móvel e atualmente está localizado na Praia do Meio, na Praça dos Pescadores. "Se o governo ou a prefeitura construírem uma base fixa no local, prontamente a PM irá ocupá-la, a exemplo do que ocorre na Via Costeira, Praia do Meio e Forte dos Reis Magos". Sobre as câmeras de vigilância, Araújo Silva disse que há um projeto do governo do estado e um planejamento da PM para implantar câmeras desde o Morro do Careca até a Redinha. "É uma ferramenta de fundamental importância que irá permitir o monitoramento de toda a orla a partir da nossa central".

Uma viatura

De acordo com o comandante da Companhia Independente de Turismo, capitão Antônio Marinho, na Avenida Erivan França, o policiamento é feito por uma viatura fixa, além de duas duplas a pé. O patrulhamento do restante da orla é feito por dois policiais com bicicletas, que recebem apoio da Rocam, além da ajuda eventual de policiais do 5º Batalhão. "Novos policiais foram formados e eu espero que venha gente para a companhia.

Preciso de pessoal para fazer o policiamento". Segundo o capitão Marinho, a intenção é de que no verão o policiamento ganhe o reforço de mais duas duplas de bicicleta, além de quadriciclos.

O comandante do grupamento de busca e salvamento do Corpo de Bombeiros, major Monteiro, explica que embora sem uma base no local, os bombeiros estão presentes na praia. "A fiscalização é móvel, os bombeiros ficam circulando pela praia. No". Sobre o posto de fiscalização, o major afirmou que o local de instalação já está definido e que já deveria estar funcionando, mas depende ainda de uma liberação da Semsur.

Má educação

Segundo a assessoria de comunicação da Caern, a empresa não tem qualquer tubulação de esgoto que desemboque diretamente no mar. "Daquelas tubulações lançadas na praia só deveria sair águas de chuva. São tubulações de água pluvial, de obras de drenagem feitas pela prefeitura. Entretanto, há registros e é de conhecimento público, que moradores fazem ligações clandestinas de esgoto nessas tubulações".

O diretor de conservação da Semopi, Jonas Barbosa, explica que o problema de ligações clandestinas na rede de drenagem é frequente, mas que constantemente a secretaria realiza ações para fechá-las. "Inclusive iremos realizar novamente esse tamponamento hoje ou na segunda-feira juntamente com a Semurb, que é quem tem o poder de notificar".

Sobre a iluminação pública na região, a Semsur relatou que o seu departamento de iluminação realiza constantemente o serviço de manutenção da orla, além de atender às ocorrências registradas através do telefone 0800-2818980, das 8h às 18h. A Semsur informou ainda que irá realizar a substituição dos refletores que fazem a iluminação da faixa de areia, desde Ponta Negra até a Praia do Forte, na segunda quinzena de dezembro.

.: Laboratório de crack em hotel de Ponta Negra

DIÁRIO DE NATAL - 27/nov/2009
Foto: PF-RN/Divulgação


Numa operação para prevenir oferta de drogas no Carnatal, PF deteve cinco pessos e apreendeu 6kg do entorpecente

Carga encontrada no quarto do grupo ia ser dividida em milhares de pedras de crack, segundo a polícia

Numa operação de fiscalização em hotéis da capital, a Polícia Federal conseguiu desmontar um mini-laboratório de crack em Ponta Negra, prendeu cinco pessoas e apreendeu 6,63 kg da droga, por volta das 18h da quarta-feira. Segundo o superintendente da PF/RN, o delegado Marcelo Mosele, a operação tinha por objetivo prevenir o comércio de entorpecentes para o Carnatal. Os acusados são dois irmãos amazonenses, sendo um auxiliar de topografia, 33 anos e um comerciante de 40 anos, um motorista paraense de 34 anos, além de dois maranhenses, um feirante e uma personal training, ambos de 24 anos.

Marcelo Mosele explica que agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), deram início nesta semana a um trabalho de fiscalização na rede hoteleira da capital para verificar a possibilidade de hóspedes que tivessem se preparando para vender drogas para as festividades que ocorrerão na cidade nos próximos dias. Em um dos hotéis visitados, em Ponta Negra, a polícia pediu informações sobre pessoas que tivessem chegado recentemente à cidade, buscando, assim, traçar o perfil de algum suspeito. No local, chamou a atenção, o fato de um casal maranhense ter alugado um apartamento que passou a ser utilizado também por outros três homens em sistema de rodízio, sendo que todos se apresentavam como turistas e um deles parecia ter sotaque estrangeiro.

Diante disso, os policiais federais resolveram monitorar o grupo. Durante a tarde da quarta, enquanto uma delas permanecia no quarto, as outras saíram e quando retornaram trouxeram na mala do carro alguns utensílios de cozinha, como um fogão de duas bocas e um forno elétrico.

Horas depois depois, um dos homens deixava novamente o apartamento e nesse instante foi abordado. Os policiais pediram que ele os levasse até o quarto e, então, flagraram o restante do grupo com uma espécie de "mini-laboratório" para a fabricação de crack montado em cima da cama. A droga já estava pronta e guardada em cinco depósitos plásticos.

Os acusados foram então presos e conduzidos para a sede da Polícia Federal, onde foram autuados em flagrante por tráfico de drogas. Eles permanecem custodiados, à disposição da Justiça. De acordo com a PF, alguns dos presos, no momento em que eram interrogados, alegaram inocência, enquanto outros preferiram manter-se calados. Dos cinco, pelo menos quatro possuem antecedentes criminais.

Milhares de pedras

Marcelo Mosele destaca a importância da prisão, pois "com esse laboratório, eles podiam ainda triplicar a quantidade da droga, então imagine quantas milhares de pedras poderiam ser obtidas daí". Somente em 2009, a Polícia Federal já prendeu em flagrante 51 pessoas acusadas de tráfico de drogas.

.: Projetos da Copa vão modernizar trânsito de Natal

TRIBUNA DO NORTE - 26/nov/2009
Repórter: Guia Dantas


Vice-governador Iberê Ferreira disse que o mais importante de ser sede da Copa do Mundo é o legado que ela vai nos deixar

Os R$ 387,5 milhões, assegurados na última segunda-feira pelo Governo do Estado e Prefeitura de Natal, por meio do PAC da Mobilidade, trazem consigo a perspectiva de transformar em passado os gargalos do trânsito da capital. O Planejamento do Transporte para a Copa de 2014 em Natal conta com 16 intervenções, a serem realizadas com orçamentos que variam de R$ 75,4 milhões, como é o caso do entroncamento das avenidas Prudente de Morais com a Lima e Silva, a R$ 9,2 milhões, que é o caso da avenida Senador Salgado Filho.

O vice-governador Iberê Ferreira de Souza, em entrevista exclusiva à Tribuna do Norte, disse que serão feitos dois financiamentos, um da Prefeitura de Natal, de R$ 297,5 milhões, e o outro do Governo do Estado, orçado em R$ 90 milhões. Será de responsabilidade do Governo a execução das obras nas vias estaduais, que abrangem as modificações na avenida Engenheiro Roberto Freire, Prudente de Morais e na via de acesso ao Aeroporto Internacional de Cargas e Passageiros de São Gonçalo do Amarante. O resto ficará a cargo da Prefeitura. “O mais importante de ser sede da Copa é o legado que ela vai nos deixar. Esse será um exemplo concreto”, disse o vice-governador.

O dono do dinheiro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi camarada na fixação dos juros – de apenas 6% ao ano. Além disso, o prazo para pagamento da dívida, embora esta seja substancialmente elevada, também foi generoso – 20 anos. Os dois entes públicos terão que desembolsar uma contrapartida de 5% referentes a cada investimento.

Iberê Ferreira ressaltou ainda que, passado o período de consolidação dos recursos, a fase agora é de dar andamento aos projetos executivos, para posteriores abertura de financiamento, de licitação e execução das obras. “Até junho do próximo ano esses projetos já devem estar sendo iniciados”, afirmou. É determinação da Fifa que seis meses antes da Copa do Mundo de 2014 todas as intervenções estejam necessariamente consolidadas.

O projeto que prevê as intervenções estruturais no transporte urbano da capital, com vistas à realização de parte dos jogos da Copa do Mundo de 2014, tem quatro corredores prioritários. O plano elaborado tem início no terreno onde está sendo construído o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante e segue pelo terminal rodoviário da Cidade da Esperança, Arena das Dunas e rede hoteleira.

As modificações mais substanciais serão feitas na área onde encontra-se o chamado complexo da Urbana – o projeto prevê a demolição do prédio do órgão municipal e também de um posto de gasolina; a área que liga a avenida Roberto Freire à Via Costeira e o prologamento da avenida Prudente de Morais.

Somente com desapropriações, Estado e Prefeitura terão um gasto de R$ 35.306.398, o que corresponde a cerca de 9% do valor total dos recursos adquiridos junto ao BNDES. O complexo da Urbana detém o maior volume de valores a serem ressarcidos com desapropriações: R$ 15 milhões.

Iberê Ferreira de Souza disse ainda que a governadora Wilma de Faria aguarda o anúncio dos demais projetos, já anunciados pelo Governo Federal, para alavancar as estruturas necessárias para a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. “Estamos aguardando o PAC Segurança, PAC Saúde e PAC Saneamento”, frisou.

Hoje de manhã, a prefeita Micarla de Sousa e o secretário de Mobilidade Urbana de Natal, Kelps Lima, realizam coletiva à imprensa para detalhar os projetos aprovados pelo BNDES e também para apresentar as ações a serem iniciadas pelo Executivo Municipal.

Projetos facilitam acesso à Arena

O objetivo principal dos 16 projetos aprovados na última segunda-feira pelos representantes do Governo Federal e BNDES é facilitar o acesso ao estádio Arena das Dunas, onde ocorrerá a Copa do Mundo de 2014, em Natal. Inserido em uma área onde se encontra um consistente gargalo do trânsito da capital, as modificações no local serão tantas que será necessária uma estratégia para não paralisar o trânsito do local por completo.

As principais vias de acesso na área onde se encontram hoje os estádios Machadão e Machadinho, o Centro Administrativo, o Papódromo e o Kartódromo serão o centro para onde todas as margens irão convergir.

Somente entre as vias da avenida Prudente de Morais serão construídos seis túneis e um viaduto, que devem convergir com as avenidas capitão Mor Gouveia, rua Raimundo Chaves e avenida Lima e Silva.

O Planejamento de Transporte para a Copa 2014 também prevê um projeto para passeios públicos e de sinalização. A ideia é melhorar as condições de tráfego dos pedestres na área do entorno da Arena das Dunas. Para isso serão feitas intervenções para facilitar a acessibilidade dos portadores de necessidades especiais e população em geral. O orçamento para tal finalidade é estimado em R$ 15 milhões.

De acordo com o vice-governador Iberê Ferreira de Souza a inclusão das obras do prolongamento da avenida Prudente de Morais no projeto foi considerada uma aquisição especial pelo Governo do Estado. “Essa obra não estava prevista para ser incluída no orçamento a ser aprovado pelo BNDES, mas nós fizemos um apelo mostrando a necessidade de sua realização e eles entenderam”, frisou Iberê.

Iberê disse ainda que o ministro do Esporte, Orlando Silva, voltou a tecer elogios ao projeto de Natal como sede da Copa do Mundo de 2014. O ministro estava presente na reunião que liberou os R$ 377 milhões para que pudessem ser desenvolvidos na capital do Rio Grande do Norte os projetos de mobilidade urbana.

O projeto contendo todas as estratégias para estruturar o trânsito de Natal no evento esportivo da Fifa foi concebido pelos secretários municipal de Mobilidade Urbana, Kelps Lima, e de infraestrutura do Estado, Dâmocles Trinta.

Orçamentos específicos e prazos para início e conclusão de cada obra devem ser firmados no projeto Executivo.