Rita Lee arrebanha 20 mil
Rafael Duarte - Repórter
foto: Alex Régis
DUETO - Rita convida Rodolfo Amaral para uma música. Apesar do nervosismo, canta “Desculpe o auê”
Na turma do gargarejo, perto das 21h do sábado, uma turma analisava a carreira de Rita Lee com uma lógica bem particular. “Se nos anos 90 ela era a tia do rock, agora deve estar com cara de vovó”, afirmou o mais sóbrio para riso geral da galera.
De fato, o tempo passou para Rita Lee. Mas, com o perdão da palavra, a roqueira está ainda mais deliciosa. As 20 mil pessoas (números oficiais da prefeitura) que saíram de casa em direção ao anfiteatro do campus da UFRN na segunda noite do “Natal, dança e música” - prévia do Auto de Natal patrocinado pela Fundação Capitania das Artes que reuniu grupos de dança locais e artistas nacionais de sexta a domingo - descobriram que o artista vai muito além do simples exercício da profissão. De todas as qualidades que fazem de Rita Lee uma show woman no palco, duas ganham destaque: a paciência e o discurso político sem os habituais clichês.
Paciência porque o show tinha tudo para frustar o público no início quando uma das caixas do som apagou. O problema, embora amenizado, continuou durante parte da apresentação. Em vez do chilique, Lee preferiu ignorar a falha e tocou como se nem fosse com ela. Em outro momento, a roqueira abraçou a causa da ong SOS Ponta Negra que vem organizando a população contra a construção de prédios na área do Morro do Careca. Sem usar os modismos e gritos por soluções utópicas, Rita Lee defendeu o cartão postal da cidade com um discurso sério, humorado e com algumas doses de palavrões. “Soube que os caras que querem acabar com o Morro do Careca são os ‘fdp’ lá de São Paulo. Eles destruíram a minha cidade, mas não vão conseguir destruir a cidade de vocês! Se precisarem de mim, volto aqui e me deito na frente dos tratores. Eles querem destruir o Morro do Careca e depois dizem que eu que sou louca”, disse antes de cantar “Balada do louco” para delírio do público num dos melhores momentos da noite.
Mas surpresa mesmo foi quando Rita chamou ao palco o cantor potiguar Rodolfo Amaral para dividir a canção “Desculpe o Auê” e deixou o rapaz sem jeito. “Quando eu vinha cantar aqui, toda vez um garotinho ia me visitar e chorava. Ontem nos encontramos de novo e descobri que ele virou um cantor. Você sabe a letra dessa música?”, perguntou ao intérprete.
A estudante de pedagogia Priscila da Silva, 19 anos, estava em êxtase no fim do show. “O show foi maravilhoso, mas a melhor parte foi o bis. Erva Venenosa foi demais! Só faltou `Pagu´ e `Mania de Você´”, disse.
Cinquenta mil pessoas nos 3 dias
De acordo com a diretora de produção da Funcarte, Adriana Rocha, o público que compareceu aos três dias de shows superou as expectativas da prefeitura. “A Polícia Militar informou que 50 mil pessoas estiveram no campus de sexta a domingo. A segurança também foi um ponto alto. Tinha polícia, STTU, Corpo de Bombeiros a postos, o que nos deixou mais tranqüilos.
A mistura da dança com a música também foi muito positiva, o público que não estava acostumado a ver o balé ou os grupos folclóricos, como o pastoril de Tibau do Sul, aplaudiu muito”, afirmou. Indagada sobre o problema no som que prejudicou os shows de Rita Lee e Alceu Valença, ela disse que a falha foi dos técnicos destacados pelos artistas. “Os próprios técnicos deles fazem o monitoramento. A gente apenas aluga os equipamentos. A falha não foi da Funcarte”, defendeu.
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