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VERTICALIZAÇÃO I - O problema maior de Ponta Negra é a falta de planejamento urbano

A verticalização de Ponta Negra

Tribuna do Norte - 03 de Setembro de 2011


Pode não parecer no atual momento, mas em outros tempos, Ponta Negra já foi conhecido como um bairro-praia, essencialmente de pescadores. Visto atualmente como uma das regiões mais valorizadas de Natal, com grandes casas, condomínios de luxo e alguns empreendimentos voltados para o público estrangeiro - hotéis e flats - o local, porém, ainda preserva alguns poucos moradores da época em que não era mais que humilde conjunto afastado do centro de Natal.

rogério vitalPonta Negra, em 1999, antes do Ponta Negra, em 1999, antes do "boom" imobiliário impulsionado pela chegada dos estrangeiros: poucos prédios de apartamentos, paisagem de tirar o fôlego e alta qualidade de vida
Ex-pescador e atual comerciante, Francisco de Assis é um desses moradores. Segundo conta, ajudou a construir o conjunto em 1977. Com o dinheiro que ganhou na obra, daria para comprar uns quatro ou cinco terrenos no bairro. Não o fez. Comprou só um e gastou o dinheiro conseguido  em outros "investimentos". "Se tivesse feito isso, hoje estaria rico ou, pelo menos, bem melhor do que estou agora", afirma.

Isso, porque, segundo Francisco de Assis, o valor do imóvel aumentou tanto, que já é possível ganhar muito dinheiro só com a venda de terrenos. "Teve muita gente que já fez isso. Não fiz porque não tinha essa visão, afinal, na época que Ponta Negra nasceu, não era nada além de um conjunto de pescadores isolado do centro da cidade", relembra o comerciante. Alguns anos depois, esse conjunto começou a receber casas de veraneio e, com a construção da Via Costeira e da avenida Engenheiro Roberto Freire, alcançou o status não só de bairro, como também de região de nobre, de grande atração de turistas.

Tudo isso melhorou muito a condição de vida em Ponta Negra, garante Francisco de Assis. Energia, água, ruas calçadas, a proximidade de tudo, shoppings, colégios, restaurantes são alguns exemplos da melhoria. A criminalidade e o aumento do valor do imóvel e do custo de vida, porém, são alguns dos aspectos negativos. "O pobre, o pescador humilde não conseguem mais comprar um terreno em Ponta Negra. Primeiro, porque é difícil de achar. Segundo, porque, quando acha, é muito caro. Costumo dizer sobre os terrenos em Ponta Negra que quem comprou, comprou. Quem não comprou, não compra mais", afirma, com bom humor, Francisco de Assis. Mesmo com esses aspectos negativos do desenvolvimento no bairro, segundo o comerciante, não há lugar melhor para viver em Natal.

Com 12.088 domicílios particulares Ponta Negra caiu na real (ver página 43). A efervescência dos tempos dos estrangeiros não existe mais. Lá 6,88% dos moradores tem mais de 65 anos de idade. A maioria se orgula do lugar onde moram.

Histórico
Segundo historiadores, a praia de Ponta Negra foi "descoberta" no mesmo ano de fundação de Natal, em 1599, mas o processo de ocupação só ocorreu mesmo a partir de 1635, pouco depois da presença holandesa na região. Até 1930, as construções se limitavam ao redor da igreja, erguida em 1823, e a orla da praia. A localidade foi inicialmente chamada de Cabo de São Roque e, posteriormente, passou a se chamar Ponta Negra, pela quantidade de pedras dessa cor que era possível ver da estrada.

Com a 2ª Guerra Mundial, o fluxo de pessoas na praia aumentou, consequência da presença de norte-americanos na capital do Estado. Eles iam até Ponta Negra em busca do banho de mar - a praia ficava próxima da então Base Aérea de Parnamirim. Os americanos também foram, segundo apontam alguns historiadores, responsáveis pela construção da avenida Engenheiro Roberto Freire.

Pouco depois, começaram a aparecer as primeiras casas de praia na região. Entre 1975 e 1979, foi construído o Conjunto Ponta Negra, mas a ocupação ainda era pouca e as casas, sem muita valorização. Porém, a Roberto Freire ainda era muito estreita e chegar até a praia era complicado e desgastante.

Com a construção da Via Costeira (em 1985) e a melhoria da Roberto Freire e da própria Ponta Negra, que recebeu a urbanização no final da década de 90, aumentou a ocupação do bairro (definido oficialmente assim em 1993, com a Lei n° 4.328) e também a presença de turistas estrangeiros, que elegeram a praia como um dos principais destinos do litoral potiguar.

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