Engenheiro critica carta de Nobel da Paz
A notícia publicada com exclusividade pelo Diário de Natal de que o arquiteto argentino Adolfo Perez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz, enviou carta à Câmara Municipal de Natal externando preocupação quanto à especulação imobiliária no bairro de Mãe Luíza, surtiu efeito. A matéria foi publicada na última terça.
O engenheiro, Mauricy Terra, leu a notícia e enviou e-mail ao argentino questionando o porquê das críticas à especulação imobiliária no bairro. O engenheiro usou como argumentos a precária situação em que vivem os moradores de Mãe Luíza e vislumbrou perspectivas de melhora com o fomento do mercado imobiliário na área.
Para surpresa do engenheiro - como ele mesmo atesta - o Prêmio Nobel da Paz respondeu seu e-mail com mostras claras de desconhecimento da realidade de violência e pobreza presentes hoje em Mãe Luíza. No e-mail enviado ao argentino, Mauricy questiona: ‘‘Somente impedir o bairro de crescer, sem oferecer assistência, sem nenhum plano de ajuda ou oportunidade de emprego às pessoas. É isso que o senhor apóia?’’.
Mauricy justifica ainda que mora em Petrópolis - bairro vizinho - e os moradores vivem com medo dos assaltantes de Mãe Luíza. ‘‘Estou na cidade há cinco anos e vejo a degradação do bairro dia-a-dia’’, escreveu.
A resposta do argentino está transcrita a seguir, na íntegra: ‘‘Li seu e-mail. Assombra-me porque é a primeira notícia que tenho do que ocorre na região de Mãe Luíza. Creio que os moradores são quem devem decidir como superar as dificuldades e não pessoas que não conhecem a situação. Não sei de onde saiu essa notícia. Lhe desejo o melhor e creio que a forma de superar a violência é a organização social, a participação e solidariedade’’.
O e-mail de contato de Adolfo Esquivel foi conseguido pelo engenheiro pelo site do argentino.
A indignação de Adolfo Esquivel partiu do reinício da revisão do Plano Diretor de Natal, iniciado em 2004 e com estimativa de votação em abril. Uma das leis específicas do PDN - regulamentada em 1995 - rege a proteção do uso e do solo de Mãe Luíza, bairro caracterizado pela legislação como área especial de interesse social.
A mudança desta lei específica pode acarretar na queda de uma proteção eficaz durante 12 anos e na consequente expulsão dos moradores de Mãe Luíza, já que a especulação imobiliária não encontraria barreiras legais para investir no local.
* comentário pertinente: o engenheiro Mauricy Terra traz argumentos para a resposta que justifica a carta e a preocupação do Nobel da Paz: "Somente impedir o bairro de crescer, sem oferecer assistência, sem nenhum plano de ajuda ou oportunidade de emprego às pessoas. É isso que o senhor apóia?"
Pergunto meu caro Mauricy: [1] será que não é justamente oportunidade que está faltando para o bairro crescer junto com seus moradores mais antigos? [2] O Sr. acredita mesmo que empregos temporários vão resolver o problema? [3] É essa a assistência que o Sr. acredita ser a mais interessante: detonar a memória histórica e cultural do bairro para diminuir seu medo de ser assaltado no bairro vizinho? [4] Quando vislumbraremos a possibilidade de ver Natal crescer respeitando sua exuberância e magia? [5] A única opção é cimentar e asfaltar comunidades menos favorecidas? [6] Esse povo vai pra onde? (só não vale responder - nem pensar - que eles devem se virar porque o Sr. não tem nada a ver com isso).
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