Elas querem renda extra
Mariele Araújo - Repórter
Foto: Alberto Leandro
Elas também reclamam de distribuição insuficiente de preservativos
Preocupadas com rumos da prostituição, profissionais do sexo pedirão ao poder público capacitação e empregos. No encontro que aconteceu hoje de manhã as prostitutas decidiram pedir auxílio da prefeitura e secretaria estadual de saúde para tentar outras fontes de renda.
Profissionais acham que não é mais possível sobreviver apenas do sexo. Associação dos Profissionais do Sexo do RN(Asprorn) reclamou também do número insuficientes de preservativos distribuídos pelas secretarias.
Marinalva Ferreira, presidente da associação disse que irá cobrar das autoridades programas que ajudem as prostitutas a conseguirem outros ofícios. "Está difícil sobreviver apenas do corpo, e a medida que elas vão envelhecendo vai ficando pior. Queremos que elas aprendam outras coisas", explicou.
A Asprorn informou ainda que o poder público não está fornecendo preservativos na quantidade necessária. Segundo Marinalva Ferreira, a associação possui hoje 1050 profissionais cadastradas e para isso recebe apenas 20 mil camisinhas por mês. "Mas quando levamos em consideração as prostitutas não associadas esse número ultrapassa 3 mil profissionais", reclamou a presidente.
Pelas estimativas da Asprorn seria preciso a distribuição de pelo menos 31 mil camisinhas. O déficit no fornecimento de preservativos pode ajudar no aumento das doenças sexualmente transmissíveis em todo o RN. "Foi difícil educar então agora não pode faltar", completou Marinalva Ferreira.
O II Encontro de Profissionais do Sexo do Rio Grande do Norte teve como tema "Prostituição Opção ou Necessidade?". Na ocasião foram feitos testes de Aids e Hepatite C pela secretaria municipal de saúde. Ana Célica Silva, responsável pelos exames não soube informar quais os dados atuais do município sobre as doenças sexualmente transmissíveis.
"Estamos ainda organizando nosso cadastro". A falta de organização das estatísticas resultou na desinformação das profissionais que estavam no II Encontro.
Ana Célia chamou atenção para o número de contaminação das chamadas parceiras monogâmicas, ou seja, mulheres com um único parceiro, geralmente casadas. "O número de casos sempre oscila entre profissionais do sexo e homossexuais mas o que tem nos chamado atenção são as mulheres com união estável que estão sendo contaminadas", alertou a servidora.
Há 12 anos Denise Rocha sobrevive do corpo. Ela contou que está cada vez mais difícil arrumar clientes, por um preço satisfatório. "Trabalhava nas Rocas, agora tenho que subir para Ponta Negra e procurar turistas porque o movimento com natalense está fraco". Denise cobra em média R$ 50 reais por programa. "Tenho uma filha de sete aos pra sustentar e tenho 36 anos. Me viro como posso".
Marcos Antônio, do grupo Hábeas Corpus reforçou a parceria entre todas as classes relacionadas ao sexo. "A Asprorn funciona na nossa sede então estamos sempre apoiando. Combatemos principalmente a discriminação", defendeu.
Mas nem todas as prostitutas encaram o sexo como trabalho. Maria das Graças Macedo fez questão de informar a reportagem seu apresso pela profissão. "Faço porque gosto mesmo. Tenho 54 aos, já fui doméstica e sei trabalhar em outras coisas", enfatizou. Ela tem quatro filhos, sendo dois fruto de relação com clientes e ressaltou que sua idade não influencia nos programas. "Temos de fazer bem qualquer profissão então ninguém reclama de mim".
Em tom de protesto Marinalva Ferreira falou sobre a visão que a sociedade tem das prostitutas. "Quem nos dá sustento é o corpo então não temos porque ter vergonha dele. Somos mulheres, somos companheiras, pagamos impostos então cobramos de todo mundo e do poder público". Ela citou também a necessidade de outros "assessórios" que as secretarias precisam distribuir melhor como gel lubrificante e preservativos femininos.
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